Junji Ito marcou presença na edição de 10 anos do CCXP, e foi uma grande eventualidade, onde os fãs puderam pela primeira vez estar de frente com este artista notório da cena dos mangás de terror. Autor das obras com Tomie e Uzumaki, é uma referência insigne em produções envolventes sobre terror, sobrenatural e terror psicológico, com seu estilo singular e caraterítico, Ito adentra na cena com sua imaginação ímpar com seu horror macabro e intenso, sendo uma referência particular da mercado atualmente.

Um artista notório que esbanjou carisma e leveza durante sua passagem pelo Brasil – apesar de nãoexpressar nenhuma sutileza em suas obras -, expressando sua gratidão pelos brasileiros, quem ele vai buscar inspirações para suas futuras publicações. Além disso, Ito ainda comentou durante o festival sobre as adaptações de suas obras, tal como Uzumaki e Tomie, quais ele não se sente desconfortável sobre a visão do diretor, já que o autor espera que ele mergulhe dentro de suas ideias, mas sempre buscando inspirar a cada obra.

O autor não gosta de envolver suas histórias em problemas sociais, focando mais no terror e sobrenatural envolvente em sua narrativa, não que ele seja um alienado, mas ele busca trazer vertentes distintas e implicadas ao universo do terror, ele pode até citar ou aludir algo referente, mas sem evidenciar, buscando nichos distintos e liberal, saindo do comum daquilo que já é comum na literatura, quadrinhos ou mesmo no cinema.

Junji Ito busca distintas influências dentro da cena do horror, entre esses ele busca influências de autores como Kazuo Umezu, Hideshi Ino e os clássicos de H.P Lovecraft, porém Professor Umezu é seu maior incentivo, apesar dele não achar que está a altura dele, mas há aspirações significativas no futuro.

“O professor Umezu (Kazuo) foi uma grande inspiração para mim. Me lembro de ler e de suas obras me impactarem significativamente. Vendo esse impacto que o Professor Umezu tem, eu sinto que não cheguei nem aos pés dele. Mas vendo postagens na internet, de pessoas fazendo cosplay dos meus personagens, sinto que consegui alcançar algumas pessoas”, afirma o mangaká, que ainda não se considera uma ilustre referência hoje.

Ito ainda ainda recomenda as obras de Noroi Michiru; “Confesso que não tenho lido muito mangá ultimamente, mas um autor de mangás de terror que eu recomendaria é o Noroi Michiru, gosto muito do trabalho dele e vale a pena acompanhar”.

Por falar em recomendar, um grande amigo e personalidade notável nos últimos tempos, Hideo Kojima, que recentemente apresentou Ito para um projeto de Guillermo Del Toro, no game Silent Hill, e apesar do autor não ser um gamer, ele aceitaria adentrar num projeto tão eminente, junto a duas personalidades evidenciadas em suas respectivas áreas.

“Um dia o Sr Kojima me convidou para um almoço e na ocasião, me contou que o diretor Del Toro queria fazer um jogo de terror e me convidou para colaborar. Eu realmente acho que não levo jeito para o universo dos games, mas resolvi me desafiar. Acabamos nos encontrando os três no escritório da Konami, onde o Sr Kojima trabalha, e infelizmente o projeto não caminhou, mas se houvesse o convite eu toparia participar”, disse o autor, que ainda comentou sobre a sequência de Death Stranding 2 (que deve ser lançado em 2024).

“O Sr Kojima realmente é uma lenda no universo dos games, ele é muito habilidoso. Sempre que sai um jogo novo ele me manda, mesmo que nós não nos encontremos muito pessoalmente. Eu não souo muito bom em jogos, mas ouvi dizer que o Metal Gear Solid é um ótimo jogo, adorado no mundo todo, e me sinto honrado em ser amigo dele”, completa Junji Ito.

Quando perguntado sobre sua influência na música brasileira, e na canção de Garota de Ipanema com sua personagem Tomie, Junji Ito não a vê como uma personalidade expressiva como tal, mas ele pode imaginar ambas num encontro, rendendo uma história surpreendente.

Junji Ito ainda atendeu o público no Magic Market, no estande da editora Pipoca e Nanquim, participou de um painel exclusivo durante o festival, tirou fotos e autógrafos com os fãs no Meet & Greet, e ainda, rolou um encontro épico do autor com o mestre dos quadrinhos nacionais, Mauricio de Sousa.

por Patrícia Visconti