Um filme sem pretensão que surpreende positivamente pela qualidade narrativa durante todo o percurso do personagem principal. Em Apocalipse Z: O Princípio do Fim, filme dirigido por Charles Torrens, responsável por conduzir a história dessa trama, mostra o início de uma infestação na França, na qual um homem tenta sobreviver junto do gatinho de estimação.
Normalmente, filmes do gênero usam sempre a mesma fórmula, como um jogo de fases. Apocalipse Z não foge dessa linha e constrói bem a ideia de sobreviver a uma problemática situação caótica enquanto se adapta à nova realidade, o que torna essa produção distinta talvez seja sua dinâmica de interação em diferentes momentos. Como dito acima, essa jogatina de fases durante a história cativa a audiência. A critério de exemplo, no início de todo o caos surge uma ideia: o protagonista vai em busca de comida pelo bairro. Obviamente, não há muita coisa deixada para trás por quem abandonou suas casas para ir aos abrigos do governo.
Uma ideia racional visto que talvez o protagonista tenha sido a última pessoa viva naquela localidade, acontece que não é bem assim. Gabriela (Marta Poveda), foi deixada para trás pela própria família devido a dificuldade de locomoção pela condição de cadeirante, visto que essa falta de mobilidade traria trabalho aos familiares. O encontro entre Gabriela e Manel foi aquele encontro de almas. A interação entre os personagens funcionou tão bem que em nenhum momento se imagina que esse laço vai terminar ruim. A dinâmica entre eles deixa tudo mais leve.
No entanto, a trama não deixa o público aliviado, relembrando sempre do principal, o apocalipse, a escassez de alimento, a busca por um lugar seguro, tudo isso também ainda é prioridade. O roteiro consegue passar por essa nuances muito bem, ao exemplificar em tela, que mesmo diante de tamanho problema, há momentos de paz, assim como, aqueles na qual mostra o pior lado do ser humano, o segundo ato do filme aborda essa dinamica de maneira direta, engatilhado para uma sequência de perseguição de aborto do plano do protagonista com os amigos.
Em Apocalipse Z: O Princípio do Fim é diferente de alguns filmes desse gênero na qual os personagens abandonam ou sacrificam seus animais de estimação, Manel não só salva seu gatinho como o transporta desde o início ao fim. O que torna a película ainda mais cativante, visto que essa seria uma decisão bem ruim caso em algum momento fosse decidido tirar o animal do filme.
Em suma, a produção é uma obra inspirada no livro de mesmo nome, escrito por Manuel Lourinho, o filme está disponível direto na plataforma de streaming da Prime Vídeo.
por Daniel Guimarães



