O Museu de Arte de São Paulo exibe até 24 de agosto a mostra A Ecologia de Monet, que reúne 32 pinturas de Claude Monet, um dos principais nomes do Impressionismo. Muitas das obras são inéditas no hemisfério sul e foram cedidas por importantes instituições internacionais, oferecendo ao público brasileiro a rara oportunidade de ver de perto trabalhos essenciais da arte europeia do século 19.
A exposição propõe uma nova leitura da obra do artista francês, destacando como sua representação da natureza está atravessada por questões ambientais e sociais que permanecem atuais. O título remete ao entendimento de que suas paisagens não são apenas registros visuais, mas reflexões sensíveis sobre o meio ambiente em transformação, uma conexão especialmente relevante diante dos desafios ecológicos do mundo contemporâneo.
Com curadoria de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, a mostra está dividida em cinco núcleos temáticos que revelam diferentes aspectos da relação de Monet com a paisagem. Há cenas de barcos no Sena vistos de ângulos elevados e sem horizonte definido, paisagens fluviais que refletem a ação humana no ambiente natural, neblinas e fumaça industrial cobrindo o céu de Londres, registros de viagens por diversas regiões da França e, por fim, as pinturas feitas nos jardins de Giverny, espaço que o próprio artista projetou como um refúgio estético e ecológico.
Claude Monet, nascido em 1840 e falecido em 1926, foi um dos fundadores do Impressionismo, movimento que revolucionou a pintura ao priorizar a percepção da luz, da cor e da atmosfera sobre a precisão do desenho. Com pinceladas rápidas e curtas, uso de cores puras e pintura ao ar livre, Monet buscava capturar as variações sutis do clima, das estações e das horas do dia. Em vez de idealizar a paisagem, ele a observava como um organismo vivo, em constante mutação.
Ao contextualizar essas escolhas visuais dentro de um pensamento ecológico, a exposição lança um olhar atual sobre a obra do artista, sugerindo que suas pinturas antecipam reflexões urgentes sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente. Mesmo sem o discurso ambientalista tal como o conhecemos hoje, sua pintura expõe as transformações visíveis da natureza em um mundo em industrialização acelerada.
A exposição ocupa o primeiro andar do edifício projetado por Lina Bo Bardi e conta com ampla estrutura de acessibilidade, incluindo visitas mediadas em Libras, audiodescrição, textos em fonte ampliada e objetos táteis. A entrada é gratuita às terças-feira e às sextas-feiras a partir das 18h, os ingressos para os demais dias custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). A compra pode ser feita antecipadamente pelo site oficial do MASP. O museu funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com horário estendido até 20h às quintas-feiras.
Com essa mostra, o MASP não apenas traz ao Brasil um conjunto raro e valioso da pintura impressionista, como também convida o público a repensar a forma como enxergamos a natureza, a cidade e o nosso papel diante das mudanças ambientais que marcam o século 21.
por Beatriz Lessa



