One Punch Man: A terceira temporada e a masculinidade nada óbvia de Saitama

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A aguardada terceira temporada de One Punch Man estreou no último dia 05 de outubro, com produção do estúdio J.C. Staff. O retorno acontece seis anos após a segunda temporada, mantendo a irregularidade no cronograma do anime. Inspirado no mangá de One, lançado originalmente em 2009, a trama segue Saitama, um herói capaz de derrotar qualquer inimigo com apenas um soco. A força descomunal, no entanto, trouxe não só fama, mas também um profundo tédio e falta de perspectiva ao protagonista.

Apesar da empolgação pelo retorno, parte do público demonstrou preocupação com a qualidade da animação. Os trailers divulgados até agora não agradaram a muitos fãs, que temem que os novos episódios sofram com a mesma recepção mista da segunda temporada. A situação gerou ainda mais debate quando foi confirmado que a direção ficará nas mãos de Shinpei Nagai, um freelancer experiente, mas com pouca bagagem em animes de ação de grande escala. A insegurança da comunidade foi tanta que o próprio Nagai pediu compreensão e, principalmente, que os ataques pessoais e assédio contra ele fossem interrompidos.

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Em meio a esse clima, o retorno do JAM Project trouxe um fôlego extra de expectativa. O grupo lendário de cantores de anime estará responsável pela abertura da nova temporada, trazendo nomes icônicos como Hironobu Kageyama (Dragon Ball Z), Hiroshi Kitadani (One Piece), Masaaki Endoh (Cowboy Bebop), Masami Okui e Yoshiki Fukuyama. Ainda não há confirmação sobre a participação de Ricardo Cruz, brasileiro que integrou a formação original da banda e já emprestou sua voz a músicas do projeto.

Mais do que ação frenética e batalhas épicas, One Punch Man sempre se destacou pelo jeito único de construir seu protagonista. Ao contrário de heróis tradicionais, que costumam exibir músculos, poder e ego em excesso, Saitama representa uma masculinidade diferente: simples, prática e sem necessidade de afirmação constante. Ele ajuda quem precisa sem buscar reconhecimento e encara sua força absurda como parte de sua vida, sem arrogância ou desejo de ostentar.

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Essa postura faz de Saitama um contraponto interessante ao estereótipo do “homem fortão” dos animes shonen. Ele não teme demonstrar sentimentos, sejam eles frustração, tédio ou até vulnerabilidade. Além disso, não reproduz comportamentos inseguros ou preconceituosos ligados à masculinidade tóxica. Sua força se manifesta não apenas em sua habilidade física, mas também em sua maneira saudável e despretensiosa de ser homem um traço que torna o personagem tão marcante e admirado.

Assim, a terceira temporada chega cercada de expectativas, tanto pelo retorno de um dos animes mais populares da última década quanto pelo debate em torno da sua produção. Enquanto os fãs aguardam para descobrir se o J.C. Staff conseguirá entregar cenas de ação à altura do material original, permanece o lembrete do próprio Saitama: a força mais poderosa pode ser também a mais silenciosa. E se depender do carisma desse herói nada convencional, outubro promete ser um mês de impacto no mundo dos animes.

por Rodrigo Falchioni

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