O novo álbum do Paradise Lost, Ascension, lançado em setembro de 2025, chegou como o 17° trabalho de estúdio da banda e reafirma seu lugar de destaque no cenário de metal gótico e doom. Após cinco anos desde Obsidian (2020), o grupo retorna com um disco que equilibra melodia, peso e atmósferas densas, revisitando diferentes fases de sua trajetória sem soar datado. Produzido por Greg Mackintosh e com mixagem de Lawrence Mackrory, o álbum apresenta uma sonoridade consistente e bem trabalhada, mantendo a melancolia característica da banda, mas com uma energia renovada.
As faixas se destacam pela alternância entre momentos agressivos e outros de maior introspecção. Logo na abertura, Serpent On The Cross entrega riffs pesados e intensos, dando o tom para a experiência que se segue. Silence Like The Grave, escolhida como single, carrega um refrão marcante e um clima soturno que resume bem a proposta do álbum, enquanto Tyrants Serenade aparece como uma das mais memoráveis, equilibrando o peso das guitarras com melodias cativantes. Já Lay A Wreath Upon The World oferece um respiro, com arranjos mais contidos que se expandem em uma construção atmosférica grandiosa. Ao longo das demais faixas, percebe-se a busca da banda por variedade dentro de uma sombriedade singular, algo que impede o álbum de ser monótono.
Apesar dos pontos altos, existem pontos que devem ser comentados como a segunda metade do álbum, o disco perde um pouco na questão de intensidade comparado ao seu início, com músicas menos marcantes. A ausência do ex-baterista Waltteri Väyrynen também se resume em uma base rítmica menos explosiva em certos momentos, o que pode ter limitado o impacto de algumas composições. Além disso, ouvintes acostumados à ouvir a discografia da banda podem sentir ecos demasiados de álbuns clássicos como Icon e Draconian Times, o que dão ao álbum um ar mais de refinamento do que de inovação.
No entanto, o álbum cumpre bem o seu papel: é um registro sólido, maduro e carregado de emoção, capaz de agradar os fãs fiéis quanto novos ouvintes interessados em explorar o lado mais sombrio e melancólico do metal. Embora não seja uma reinvenção completa, o álbum mostra que o Paradise Lost continua relevante, entregando consistência e momentos que podem facilmente figurar entre os destaques de sua longa evolução de sua carreira. Para quem acompanha a banda, é um trabalho que merece ser ouvido com atenção, pois as nuances do álbum ficam evidentes a cada audição.
por Guilherme Augusto Nascimento

