It: A Coisa é um clássico do terror. A série dos anos 90 e os filmes de 2017 e 2019 têm um enorme carinho e respeito dos fãs de horror. Em 2025, temos Bem-vindo a Derry, um derivado focado no passado da cidade, que mantém o padrão de qualidade de tudo o que vimos nas mãos do diretor Andy e Barbara Muschietti.
A série tem um ótimo início, com um primeiro episódio que já prende o espectador com um plot twist excepcional. No decorrer da série, tudo se torna melhor conforme somos introduzidos aos personagens e às suas questões. Com tranquilidade, o desenvolvimento de personagens é o melhor da série. O núcleo de crianças é carismático, naquela clássica temática de Clube dos Cinco, Stranger Things e o próprio IT. Ver pré-adolescentes se descobrindo ao mesmo tempo em que lutam contra o sobrenatural é uma fórmula que está em alta, e a tendência é que vejamos mais produções assim.
O grupo da série é melhor do que os Otários dos filmes por dois fatores muito simples: há mais tempo de tela para se desenvolverem e, aqui, temos um grupo de cinco crianças, enquanto nos filmes eram sete. Menos tempo e mais personagens para apresentar fizeram com que, nos dois filmes, uma das sete crianças fosse totalmente esquecível, e duas só fossem melhor aproveitadas quando adultas, em It: Capítulo 2. Na série, não: são cinco crianças com muita personalidade e muito bem trabalhadas, e todos têm o tempo necessário para conquistar o público.
Outro fator em que a série se destaca são os adultos. Charlotte (Taylour Paige), Chris (Dick Halloran) e Leroy (Jovan Adepo) são personagens incríveis, com camadas muito profundas e atuações maravilhosas. Sempre vimos os adultos omissos e vegetativos nos filmes; porém, na série, eles demonstram preocupação com o que está acontecendo ao redor. Além disso, há tramas que envolvem o exército, o racismo, os povos indígenas e as origens de Derry. Podemos perceber que, por mais que Pennywise seja um grande problema na vida dos moradores, o palhaço maligno está longe de ser o único problema da cidade.
Por falar em Pennywise, esta é a versão mais maligna, cruel e poderosa do personagem. O palhaço é sádico, e a série foi muito bem em explicar suas origens e mostrar como ele constrói e alimenta o medo dentro de suas vítimas. As exibições de poderes da Coisa foram o ponto alto dos episódios. Bill Skarsgård é um show à parte: ele causa medo apenas com o olhar. Sempre entregou o melhor de si interpretando Pennywise, e agora não seria diferente; dê tempo de tela a este ator e você terá uma atuação e uma entrega feitas com maestria.
It: Bem-vindo a Derry terá mais duas temporadas, focando em outras épocas da cidade. Claro que a história será diferente, mas mantendo alguns padrões já estabelecidos nessa franquia, a tendência é que sejam duas temporadas que também conquistem o público. Esta primeira temporada é tranquilamente melhor do que IT: Capítulo 2 e disputa com o filme de 2017 o posto de melhor produção da saga. O veredito final só virá após a 3ª temporada do prequel, mas, até lá, você pode assistir a It: Bem-vindo a Derry e a todas as produções do universo de It: A Coisa na HBO Max.
Os diretores Andy Muschietti e Barbara Muschietti, e os de atores Chris Chalk e Rudy Mancuso estiveram na CCXP25 para falar sobre os bastidores da série, comentaram sobre o processo criativo, a expansão do terror de Derry e a construção psicológica dos personagens, e ainda mostraram trechos finais da temporada, em uma interação única com o público presente. Sem contar na conexão visceral dos atores, aonde Mancuso até mostrou a essência brasileiro e se arriscou no português, surpreendendo os fãs presentes, e Chalk recebeu os parabéns por seu aniversário durante o painel da série no festival.
por Richard Henrique




