O Cantinho Literário, está bombando e pensávamos que essa editoria não iria muito longe, mas aqui estamos com mais uma entrevista, que dessa vez é o escritor e professor de filosofia, Renato Pessoa, 26 anos, ele é um jovem escritor nascido em São Paulo, mas um cearense de coração.
Então, sem mais delongas vejam a abaixo a entrevista que o Renato concedeu à nosso site O Barquinho Cultural.
1. O que é ser literário para você?
Escrevo porque preciso, constantemente, me justificar no mundo. Viver não basta. Viver, aliás, é muito pouco. É preciso inventar. A dimensão do literário, assim como qualquer outra dimensão da arte, serve-me para enganar um tanto a morte, desfazer um pouco a banalidade de estar vivo. Ser literário é a maneira mais proxima que eu tenho de projetar um sentido de estar no mundo.
2. Conte-nos um pouco sobre sua carreira literária.
Comecei a escrever muito cedo, ainda na nascente adolescência, quando conheci a obra de Fernando Pessoa, de Ferreira Gullar e o Romance de Graciliano Ramos. Autores até hoje muito caros à minha formação literária. Meu primeiro livro, de poemas, eu o escrevi em 2002, chamava-se NA DISPERSÃO DAS HORAS, e não cheguei a publicá-lo, dado a evidente imaturidade da obra. A poesia sempre foi minha estima, uma constante em minhas experimentações linguísticas. Em 2011 publiquei O CORPO ARCAICO, uma espécie de antologia, com poemas de diversas fases de minha produção, o que resultou em um livro plural, com poemas, muitas vezes, distintos entre si em forma e contéudo. Este ano publiquei SOLIDÃO SINGULAR, escrito em nove meses, e um tanto mais coerente e limpo em relação ao CORPO ARCAICO.
3. Qual a sua maior maior inspiração como escritor?
A vida, naturalmente. A vida e o que há de mais belo e triste nela. Suas frestas, suas lacunas, seus excrementos. Mas também suas curas, suas vitórias, seus deslimites. Um artista, qualquer artista, tem a vida como matéria suprema. Podemos fugir da morte. Basta escrever um bom romance, pintar um bom quadro, compor uma música, fazer cinema, ser mártir. Da morte, já sabemos, há salvação. O que não podemos fugir, de modo algum, é da vida. O que me encanta e o que me estranha, é a vida. Ela mesma, em si, como obrigação de tudo animar. Só a vida é urgente. E, como vivente e escritor, estou condenado a ela.
4. Arte e literatura, o que isso significa para você?
Ferreira Gullar uma vez disse que a arte existe porque a vida não basta. Compartilho com ele a mesma noção. A literatura e a arte – embora eu não perceba nenhuma diferença entre ambas – existem porque a vida é pouca, e não basta.
5. Você acha que as escolas de ensino fundamental e médio, estão fraquejando no ensino literário.
O que falta para reverter essa situação?
Como professor de filosofia tenho observado, na prática, a apatia e a indiferença de muitos alunos com a leitura, sobretudo dos clássicos. No entanto, é um mito dizer que nossos jovens não leem. Nunca se vendeu e produziu tantos livros para jovens, nunca os best-sellers foram tão cultuados e consumidos por jovens. isso virou uma indústria imensamente rentável. O que ocorre, porém, nas escolas, é que, em muitos casos, o ensino da literatura é mecanicista, que precisa seguir um roteiro específico, um conteúdo programático engessado, que segue o mesmo padrão programático das demais disciplinas, isto é, a finalidade é apenas projetar o aluno de uma série a outra, burocratizando o precesso de aprendizagem. É necessário, portanto, um ensino da literatura cujo fundamento seja o despertar para a leitura, ou antes, o urgente exercício crítico que é o ato de ler e decodificar o mundo através das palavras e dos conceitos. É preciso também uma política pública de incentivo cultural, criando uma nação de leitores. No Brasil ainda se discute a importância da leitura, quando, na verdade, deveríamos estar discutindo a qualidade. Precisamos mudar essa paisagem. E a mudança deve começar dentro da escola, portanto, mudando a perspectiva que a educação estatal entende a literatura, isto é, a situação só mudará, de fato, quando a literatura for entendida, dentro das escolas, como uma atividade artistica cuja função é o deleito e o senso crítico, e não como mera matéria de um programa escolar obrigatório.
6. Para você, ser escritor no Brasil é valorizado, ou deveria haver mais incentivo a esta profissão?
Creio que ser escritor, no Brasil, já foi menos valorizado. Nos últimos anos os editais, os inúmeros prêmios literários, o acompanhamento da mídia, demonstram que, ao menos agora, podemos respirar um pouco um certo otimismo. Mas falta muito. O Brasil é, historicamente, um país de poucos leitores, e, embora essa realidade venha mudando, ainda resta muito a discutir, a sugerir, a demandar.
7. Uma frase que te defina.
“Nada de poder, um poquinho de saber e o máximo possível de sabor” (Roland Barthes)
8. Um pensamento para finalizar.
Deixarei, naturalmente, um pequeno poema do meu novo livro.
MALABARISMO
O poema é um pássaro
que galopa no ar
sem sair da terra.
É isso ai pessoal, espero que tenham gostado da entrevista do jovem escritor
Renato Pessoa, que graças ao João Gomes, dono do blog “
Lugar do Leitor“, conhecemos um pouco do trabalho do Renato e ai tivemos a oportunidade de convidá-lo para a entrevista no nosso Cantinho Literário, afinal, este site é para apresentar caras novas da cultura e é isso que queremos mostrar a nossos leitores.
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