Cabine da Pipoca

Site Halabja – As Crianças Perdidas

São Paulo recebeu, nesta semana, uma mostra de cinema do Oriente Médio. Sua programação trouxe longas, curta-metragens e documentários que impulsionam reflexões acerca dos conflitos envolvendo os países da região.

Um dos filmes exibidos na mostra, Halabja – As Crianças Perdidas, de Akram Hidou, fala da desestruturação das famílias consequentes dos conflitos de guerra. Em 1988, Halabja sofreu um bombardeio de gás venenoso ordenado pelo regime de Saddam Hussein, conhecido por “limpeza étnica”, que matou 5.000 pessoas, entre mulheres e crianças. Na tentativa de escapar, crianças foram separadas de suas famílias e consta que mais ou menos 400 crianças ainda estão desaparecidas. Ali é uma dessas.

Vinte e um anos após o ataque, ele volta do Irã para sua cidade natal, no Curdistão Iraquiano, Halabja, e vê uma lápide escrita com seu nome. Ele está em busca de seus familiares, mas o processo se torna mais difícil quando cinco famílias distintas especulam que ele é o filho perdido de cada uma delas. Nesse meio tempo, Ali encontra pessoas que lhe darão informações sobre seu passado, logo após o bombardeio de Hussein.

Essa é uma situação recorrente nos países do Oriente Médio, na qual crianças são separadas de seus pais, famílias são destruídas por conta dos conflitos e pouco se sabe do paradeiro de cada um. Halabja – As Crianças Perdidas parte de um momento específico e nos remete a um cotidiano que vemos nos jornais diversas vezes.

Cabine da Pipoca

Depois da viagem feita semana retrasada ao Irã, convido-te a viajar comigo pelo mundo do Egito. A dica do Cabine da Pipoca de hoje é o filme Cairo 678, um drama egípcio produzido em 2010 que estreia hoje no Brasil. 
O longa narra a história de três mulheres vítimas de assédio. Seba é jovem, moderna, e foi assediada durante uma partida de futebol, o que fez com que se tornasse ativista dos direitos femininos. Fayza é casada, fiel aos costumes do seu país, mas isso não evita com que seja assediada todos os dias quando pega ônibus. Nelly, uma comediante, após sofrer abuso sexual, processou o agressor e se tornou a primeira mulher na história do Egito a tomar tal atitude. Apesar de notáveis diferenças, estas três mulheres conseguem encontrar um denominador comum entre si e lutam por um mesmo objetivo: a justiça contra violência sexual e contra o preconceito à mulher. 
Cairo 678 é um filme ousado por abordar os direitos que os homens egípcios julgam ter de “bolinar” as mulheres do país, independente do lugar em que estejam. A obra choca-se com os costumes locais e isso pode ser interpretado como uma vontade local de transformação, sem sofrer influência de culturas distintas. 
Aposto ser uma boa pedida pro final de semana, uma tarde de domingo, quem sabe?
Até semana que vem!