[Caixa de Som] Camila Garófalo: O rock contemporâneo com a essência dos clássicos

Sei essa semana é especial dia das crianças, e também sei que nossa entrevistada já não é mais criança a um bom tempo, mas como todos sabemos, é na infância onde descobrimos e lapidamos nossas influências e anseios de inspiração para construir nosso caráter e nossa vida.
No Caixa de Som dessa semana iremos bater um papo com a cantora, poeta e jornalista, Camila Garófalo, 24, que se envolveu no mundo da música antes mesmo de saber escrever, e hoje está prestes a lançar seu primeiro álbum, com composições próprias e características marcantes bem peculiares.
Confira a entrevista que Camila concedeu à nossa embarcação:

OBC – Quando você começou a cantar? E a compôr?
Camila Garófalo – Não sei ao certo quando a música passou a fazer parte da minha vida definitivamente. Aos 6 anos eu quis fazer aula de flauta doce no colégio. Depois, aos 9, estudei violão e comecei a compor versinhos inocentes. Mas ali eu já sabia que queria isso. Fui estudar canto apenas com 17 anos.
OBC – Por quê essa vontade de cantar e escrever sobre a natureza humana, filosofia e autores pessimistas?
CG – Filosoficamente eu sempre procurei uma maneira de me expressar. Na minha opinião, a filosofia existe antes da arte. Primeiro vieram as minhas questões e minhas indagações. Colocá-las no papel e transformá-las em poesia é algo secundário. O pessimismo veio depois que comecei a buscar a verdade das coisas em fundamentos filosóficos, como propõe alguns filósofos niilistas.
OBC – Quais são suas principais influências musicais? Por quê?
CG – Eu nasci em meio a rodas e modas de viola das fazendas de Ribeirão Preto. Até os meus 17 anos não ouvia muito além disso. Apenas quando mudei pra São Paulo passei a estudar e ouvir incessantemente o Jazz e a Bossa Nova, o Blues e o Rock. Nos últimos 7 anos busquei acumular o máximo de referências para construir esse disco, desde os mais clássicos representantes dos gêneros até os mais experimentais no assunto.
OBC – Como você define o estilo “post-rock”?
CG – No sentido de ser um rock contemporâneo que não se limita às mesmas influências, buscando na música brasileira características exóticas, como o maracatu, por exemplo.
OBC – Quais as expectativas para o 1º single, e também para seu álbum de estreia, que deve ser lançado no início do ano que vem?
CG – Até agora as expectativas do single foram superadas. Alcançamos mais de 6.500 plays no soundclound e isso é mais do que eu imaginava em apenas uma semana na rede. Pretendo agora difundir o conceito do disco com shows e outras supresas (quem sabe até uma nova música) até o fim do ano. Somente em março de 2014 é que ocorrerá o lançamento do disco, com oito músicas e, claro, todas para download gratuito.
OBC – Como e quando foi o ‘insight’ de que essa era a hora de gravar um álbum? Por quê?
CG – O desejo pelo álbum sempre existiu. Houveram outras gravações que estavam longe da qualidade que eu buscava, mas nunca saiu da minha cabeça essa ideia. Foi preciso esperar o tempo certo para encontrar as pessoas certas e me preparar pra isso.
OBC – Como foi a produção deste disco de estreia?
CG – A produção foi absolutamente independente. Fui atrás do Dustan Gallas e do Bruno Buarque porque eu já  admirava o trabalho deles na banda da CéU e em outros projetos. Eu sabia o que estava buscando e a sonoridade que podia resultar. Em 4 dias os caras fizeram os arranjos e gravaram as 8 músicas de “Sombras e Sobras”. Depois veio o Thiago França e fizemos mais uma sessão para gravar o saxofone. A voz eu gravei em Ribeirão Preto, minha cidade natal. A mixagem foi o Dustan quem fez também. E a masterização ficou por conta do El Rocha.
OBC – Quem foram seus maiores apoiadores para sequenciar sua carreira musical?
CG – O Danilo, produtor e amigo, foi um cara que me ajudou bastante. Eu já estava há um tempo tentando gravar o disco e a produzir no Garage Band (programa de edição) com minhas próprias mãos a pré-produção. Quando ele me conheceu, riu e disse “não dá pra fazer tudo sozinha, eu vou te ajudar”. E foi assim que consegui fazer uma bela pré-produção e buscar os músicos para gravar.
OBC – Shows, clipes, EPs, singles, … Quais são suas realizações para o futuro?
CG – Como tinha dito, a ideia é fazer shows até março do ano que vem e talvez um EP para o fim do ano, mas isso não é certeza. Após o lançamento em março eu prefiro não prever, depois disso ninguém mais sabe o que vai acontecer. rs
O primeiro disco de Camila intitulado “Sombras e Sobras” deve ser lançado no início de 2014, e traz oito canções autorais, com toques de filosofia e sobre a natureza humana. Com temas dramáticos e contextualizações por texturas sonoras da música eletrônica.
A produção do álbum ficou por conta de  Danilo Prates conta com o baixo, a guitarra e o teclado de Dustan Gallas (Céu, Cidadão Instigado) – além da mixagem -, com a bateria e percussão de Bruno Buarque (Céu, Karina Buhr, Anelis Assumpção) e com o saxofone tenor de Thiago França (Metá Metá, Sambanzo, MarginalS).
A gravação foi feita no estúdio Minduca em São Paulo e masterização no Estúdio El Rocha, por Fernando Sanches, em setembro do mesmo ano.
O primeiro EP da cantora “Sobras” já ouvido por mais de sete mil pessoa no SoundCloud e em sua fanpage, já está chegando a dois mil seguidores.
Agora digam-me, alguém duvida que essa garota é Rock n’ Roll?
Ouça o primeiro single de Camila, e confira por si só:

E aí, curtiram o som da Camila?
Espero que sim, pois essa garota traz a excentricidade da música clássica, mas com o carisma do pop, e com uma potencialidade vocal de invejar qualquer um.
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Até semana que vem, com mais alguma novidade do submundo da música!
Por Patrícia Visconti 

[Cabine da Pipoca] Ao redor de uma vela, o começo

Sabe quando comecei a escrever pensei, vou falar sobre um dos filmes franceses que adoro, Albergue Espanhol ou Bonecas Russas, mas me deu vontade de mudar tudo e falar de filosofia em francês.
Calma, num é bem assim, precisamente é um desafio e ao mesmo tempo uma delícia de ver, vou falar logo vai: “Ce n’est qu’un début” ou em português, “É apenas o começo” é um documentário que tive a sorte de ver no Canal Futura. Foi meio assim do nada, zapeando mesmo, e parei vendo simplesmente crianças de 3 a 4 anos debatendo na escola temas como amor, morte, cidadania, liberdade.

Parei pra vê-los, com a maior segurança, e animação, falando que bem o amor, um de cara bem ‘ bolachuda’ diz convicto: “É quando meu papa e mi mama se amam, e quando eles não se amam eles não conversam”.
A aparente simplicidade das respostas, ou suposta facilidade de se filosofar ou praticar o ato de pensar aos 3 ou 4 anos, cai por terra. A professora precisa conter a dispersão de um, o bocejo de outro, todos falando ao mesmo tempo, as brigas entre meninos e meninas sobre seus, digamos, direitos.
Foram 2 anos de filmagem, acompanhamento com os pais, numa escola pública, com um contingente em sua maioria de crianças imigrantes, africanos, chineses, albaneses e por aí afora.
Esse jardim da infância tem seus protagonistas, sempre os que se destacam, se posicionam mais, e nisso já fazem seu exercício de filosofar, são os “pensadores”: o agitado Azouaou Abderhamene, sua debatedora que lembra um estilo Queen Katiffa total: Louise, Shana, Kyria e Yanis.
Vou contar o filme, porque mesmo que eu fale e fale, só vendo mesmo expressões, risos, interrupções bizarras, eles são demais mesmo, impagável!
Bem, a escola é a Jacques Prévert, a professora (santa, fofa de plantão e com uma habilidade para controlar o público) Pascaline, faz as crianças sentarem num círculo ao redor de uma vela acesa.
Nessa fase, tudo tem um ritual, um momento para começar e acabar. Se continuássemos assim a vida toda, saberíamos melhor nossos limites, anyway, vamos às crianças. 
Bem, imagine a cena: uma classe dessa, toda correndo, bagunçando, e aí a professora diz que é a hora de debatermos, mas que a equipe de filmagem também está chegando.
É o fim de qualquer controle não? Câmeras, crianças e filosofia, hein?
Bem francês isso, mas deu certo, e olha que ao terminarem o projeto e as filmagens, eles ficaram tristes, disseram assim: “É….., no começo era chato, mas a professora era legal, e a gente podia falar de tudo, eu vou ter saudades, e agora? Não vamos mais vê-la, não podemos mais conversar?!” Quando tudo termina, os alunos já estão com 5 anos, e as ideias e ideais começam aos poucos a se cristalizar. Ah, que pena!
Mas sabemos que isso nunca acaba, então vamos às histórias…
Um dos professores, Pierre Barougier conta que quando o carro de filmagem chegava  as crianças diziam “olha, olha esta é a filosofia, a filosofia aqui!
Nossa, câmeras viraram sinônimo de filosofia e as crianças queriam sim sua presença! Contavam os maiores deslizes de seus pais, preconceitos, brigas, uma chinesinha falou suavemente que os pais passaram e fingiram não olhar para uma senhora de rua que pedia comida. “ Eu até falei, mamãe olha essa senhora no chão, mas nem deu tempo, eles nem olharam.”
Outro se diz mais na “democracia” e “melhor aceito” quando viajou com a família para a África do que na França, e olha que ele é bem enfático viu! Claro, deixou seu depoimento lacônico, mas perfeito, “o amor é um código”, assim como se fosse super simples definir algo que ninguém até hoje conseguiu, mas para ele era assim e a professora deu continuidade.
Muitas vezes ou eu me matava de rir, outras não queria estar no lugar da professora, e agora o que falar? Como explicar ou seria melhor não explicar e deixa-los vivenciar?
E se você pensa que os pais ficaram de fora, não neste filme, eles participam, e ouviam e viram suas vidas sendo desveladas num instante na sala de aula. Um menino toma seu sorvete e o pai pergunta, mas você fez isso mesmo, você brigou por que? E ele num ar nonsense “ Não lembro…”, e repetiu isso umas duas vezes pelo menos, no que o pai se deu por vencido, por hora.
Gente, pode parecer uma série de situações comuns, de crianças sinceras, em sua ingenuidade e tal, mas está longe disso, claro, ri muito, é muito bom vê-los dizendo sabe toda aquela verdade que você quer dizer às vezes, não?!
O filme revelou comportamentos e atitudes entre os alunos que mostram claramente que eles entram em um processo de reflexão crítica . Os pais, “não podia acreditar que seus filhos eram assim tão inteligentes!“; conta Isabelle Duflocq.
É o que sempre penso, digo humildemente, isso…vai lá subestimar seu leitor, seu espectador pra você ver, ele te dá uma olé, seu filme é um fracasso, seu artigo uma chatice, imagina se o tal mantiver essa alma crítica, alimentada desde os 3 anos.
É apenas o começo não é só um filme, um documentário, como quiserem chamar, é um projeto que fica pela vida, que envolve a família (algo raro no ambiente escolar, e sabemos bem disso), e demonstra que gostamos de pensar sim, que buscamos o debate junto ao grupo e queremos uma vela acesa, seja um líder, um professor que marcou sua vida, um amor, um ideal.
E, acreditem, essa vela nunca apaga, porque assim como as crianças disseram ao final, nós sentimos falta, e queremos sempre mais, mais isso é o bom, porque toda experiência está sempre começando!

Ascenda sua vela e ouça a música tema de Ce n’est qu’un début, a autoria é do tunisiano Anouar Brahem, cuja inspiração está no estilo instrumental árabe, está no ábum Astrakan Café:
Direção: Jean-Pierre Pozzi, Pierre Barougier
Produção: Ciel de Paris Productions
Duração: 1h 35 min
Produzido em: 2010

[Cantinho Literário] Um debate sobre artes

Que tal debater um pouco sobre cinema, artes plásticas, fotografia e filosofia?
Ótimo, não é!
Então, se você estiver em Belo Horizonte, poderá conferir o Projeto Café das Artes e falar de arte de uma forma descontraída, bem humorada, e ainda conversar com os estudiosos da área.

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Serviço:

Projeto Café das Artes
18 de abril de 2012 – Quarta, às 19h30.
Multiespaço Oi Futuro BH – Museu das Telecomunicações
Av. Afonso Pena, 4001 – ENTRADA FRANCA
Informações: (31) 3222-1711      
E-mail: cafedasartes@gmail.com