[Total Flex] A poesia do jardineiro


Sempre o admirei. Por muitas vezes encontrei Ari Carlos Ferreira dos Santos trabalhando nos canteiros de Canoinhas-SC. Figura quase mítica na cidade, o jardineiro, além da habilidade e paixão por plantas, é um poeta de primeira.

Lembro da primeira vez que o entrevistei. Estava no Batalhão de Polícia Militar, cuidando das flores em uma estufa. Sujeito simples, com o olhar profundo e inocente, como uma criança que pede atenção. Lembro dos seus olhos, azuis, claros e brilhantes por detrás dos óculos. Falamos do seu processo de escrita.

Arcafes não estudou para isso. No auge da sua vida, foi topógrafo, em um tempo em que não era necessário diploma para exercer a função. Caiu aos poucos, por causa da bebedeira. E, agora, almeja subir aos poucos. “Ainda chego lá. Ainda dou a volta por cima.”

O destino ainda quis nos unir mais vezes: semanalmente, Arcafes escreve para o jornal Correio do Norte. Seus poemas/poesias trazem algo de essencial. Trazem a essência humana, a percepção do real por meio de uma visão completamente minimalista, mas não simplista. Uma visão complexa e, diria, completa do mundo.

Enquanto trabalha nos jardins públicos, a mente de Arcafes também trabalha a mil para desenvolver novos textos. Se a ideia é mesmo muito boa, nada custa tirar papel e caneta dos bolsos e anotar. Às vezes, confessa, escreve uma palavra que ainda não existe. Como descobre? Procura no minidicionário. Se não tem o verbete, é um neologismo. A ideia é justamente esta: apresentar aos outros as palavras que não são muito usadas, mas que dão sentido diferente à frase.
O sonho do jardineiro-poeta é escrever um livro. Na verdade, dois. Um com as poesias e outro com a sua biografia. Já tentou, mas o valor do investimento ainda é inviável. A voz calma e a serenidade das palavras mexem com o coração. Quem dera o jornalismo fizesse de mim uma pessoa rica para ajudar nessa realização. Afinal, o destino parece me dizer algo. Como uma missão, talvez. O que será?

[Total Flex] Conta-me sobre o seu sorvete

Neste fim de semana estive em Curitiba-PR. Faço pós-graduação lá e um dos exercícios da aula deste módulo era observar o Passeio Público com outros olhos. Encontrei um personagem. Alguém que esperava…


O sorveteiro espera. Espera por algum cliente ou um conhecido para conversar. Espera, solitário, com o olhar tranquilo, mesmo sabendo que o valor vendido até pouco antes do meio-dia nem paga o próprio almoço. O céu está nublado, mas nem isso afasta seu Manoel do trabalho.

O sorriso incompleto traduz a alegria do aposentado de 85 anos, que há 19 instala o carrinho de sorvete no Passeio Público de Curitiba. Sim, antes o local era melhor. As vendas eram melhores. O tempo levou a jovialidade de Manoel, mas também o prestígio e a credibilidade do Passeio. O lago poluído, crianças brincando, gente dormindo, prostitutas negociando, pássaros cantando. Um aglomerado de coisas contrastantes, assim como o vendedor de sorvete em uma manhã um pouco fria e nebulosa, mas feliz pelos 50 anos de casamento – o qual conta com orgulho.

Nem com tanto tempo de convivência a mulher do alagoano de Maceió consegue convencer o sorveteiro a deixar o Passeio Público. Se fica em casa, ele assiste desenhos. Melhor trabalhar. E Manoel nem tem medo dos frequentadores do local. Um telefone no bolso garante que qualquer atitude suspeita seja imediatamente avisada aos policiais. Eles já o conhecem – os policiais, os drogados, as prostitutas, os feirantes. E respeitam.

Em uma manhã nublada, o sorriso, com alguns dentes faltando, ilumina o Passeio administrativamente abandonado. Mesmo sem sol ou calor, é impossível resistir ao sorvete do senhor de olhos cansados. Não por pena ou recompensa pelo tempo dedicado aos curiosos, mas pelo amor de Manoel Amancio da Silva, demonstrado em cada palavra, em cada lembrança. Até, de certo modo, demonstrado no próprio nome. Aos poucos, fico convencido de que voltarei mais vezes ao Passeio Público. E, como muitas crianças, vou anunciar que quero sorvete, mas quero o sorvete do seu Manoel.

[Total Flex] Trabalho que dignifica, educação que constrói


7h30. Uma manhã de 1944. Aos 13 anos, Curt Salai chega à casa da proprietária do restaurante. Além de recolher lenha para a cozinha, encher os tambores com água e cuidar da criação, sua função é a de acompanhar dona Tereza Gobbi até o empreendimento, ao lado da estação ferroviária de Marcílio Dias, em Canoinhas-SC. Em uma das mãos, a senhora com mais de 80 anos leva uma bengala. Na outra mão, uma sacola que, à noite, voltaria com o dinheiro das vendas.


O restaurante oferece almoço e janta para os viajantes do trem. Em alguns dias, cerca de cem almoços são servidos. Ao final do expediente, já à noite, o menino Curt e a senhora do restaurante voltam para a casa dela. A sacola, antes vazia, volta com caixas de charuto cheias de dinheiro. A casa fica perto. Eles passam por uma trilha, onde há um banco para que Tereza sente e descanse um pouco. Acima do peso, com a bengala e com a sacola cheia de dinheiro, ela cansa mais rápido. Tudo escuro. Não há luz.

Depois de alguns minutos, os dois continuam pelo caminho até a casa. Entram pelos fundos. Enquanto dona Tereza se senta à grande mesa e esparrama o dinheiro para a contagem, Curt acende o fogo, traz um balde com água, enche a chaleira e prepara a banheira. Inúmeras vezes, Curt vê a proprietária do restaurante separando o dinheiro das contas em pacotes, para pagar no dia seguinte. Inúmeras vezes, o menino volta ao restaurante – para acompanhar as funcionárias depois de lavarem a louça – e deixa a porta aberta. Não há preocupações, mesmo que todos saibam que dona Tereza tem bastante dinheiro consigo.

LEMBRANÇAS
15 horas. Segunda-feira, 13 de maio de 2013. Curt Salai não tem a mesma disposição de quando era menino. Das pessoas com quem convivia na época do restaurante da dona Tereza, poucos ainda vivem. A voz puxada, forte, carregada, devolve aos ares da casa, em Marcílio Dias, as lembranças de tempos bons. Tempos de luta e trabalho, mas muito bons.
Depois de trabalhar com a proprietária do restaurante, Curt foi chamado para trabalhar em uma fábrica de tacos, da firma Wiegando Olsen S/A. Aos 14 anos, ele foi contratado no novo emprego com o salário mínimo, que era 200 cruzeiros. Bem melhor, já que com Tereza ele ganhava apenas 60 cruzeiros. “Do primeiro cruzeiro, que começou a circular em 1942”, recorda com tamanha segurança no que fala. A proprietária do restaurante era muito boa, mas não podia negar um salário melhor e se despediu dela.
Quando tinha 19 anos, Curt precisou sair da empresa para servir ao Exército Brasileiro. Foi encaminhado para o Rio de Janeiro, em janeiro de 1950. Rapaz do interior, viveria uma das melhores experiências de sua vida. Era o ano da Copa do Mundo. Rio de Janeiro seria um dos palcos dos jogos. Na 1ª Companhia de Polícia do Exército, Curt não assistiu aos jogos como espectador, mas trabalhou como guarda. “Você não imagina o que enfrentamos com aquele povo todo.”
Quando retornou a Canoinhas, Curt trabalhou em algumas empresas da região. Aos 82 anos, a lembrança de como começou a trabalhar em cada lugar ainda é muito viva. Mas a preocupação na educação dos filhos chama a atenção. Quando a filha mais velha precisava continuar os estudos, Curt buscou condições para isso. E, assim, com os outros três filhos. Ele não quis colocá-los para trabalhar na cerâmica em que se aposentou – depois de 29 anos de trabalho – porque entendeu que a escola era o melhor caminho para que construíssem um bom futuro.
Curt Salai ainda guarda muita história que, segundo ele, poderia preencher um jornal por três meses. História de luta, trabalho, educação e respeito que se estende pelos seus 82 anos.

[ESPECIAL] Jornalismo Literário

 
“É muito melhor cair das nuvens que de um terceiro andar!”
Machado de Assis

Chegando a reta final do nosso especial, Jornalismo Literário, e claro, que o melhor ficou para o fim, pois com certeza, todo mundo conhece e já leio pelo menos um livro deste autor.
Na Fuvest, este autor é figurinha carimbada, pois seus livros são leitura obrigatória e o Dom Casmurro é o campeão nisso.. hehe Se você pensou em Machado de Assis, acertou, pois ele foi, não só um grande autor mundial e jornalista, mas também foi uma pessoa de muita garra, percepção e inteligência.
Machado de Assis, estudou até a quarta série do primeiro grau e tampouco fez faculdade, mas ainda pequeno foi autodidata e aprendeu a ler sozinho. Era filho de uma lavadeira e um operário, carioca da gema e amante pela escrita, poesias, contos e literatura.
Foi o célebre do realismo no Brasil, considerado o maior expoente da literatura brasileira e do Realismo no Brasil, desenvolve em sua ficção uma análise psicológica e universal e sela, portanto, a independência literária do país. 
Machado de Assis,  foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, junto com outros grandes autores, Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Inglês de Souza, Olavo Bilac, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Rui Barbosa.
Bom mas eu sou apenas uma inspirante a Machado de Assis e tenho muito que aprender, para chegar a nível de mestre.
Então… Tenha uma ótima diversão, emoção e prazer, lendo abaixo, um pouco da história e das principais obras do pequeno Machado.

Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. 
É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
Filho do operário Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Em 1856, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, e lá conheceu Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor. Em 1858, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 60, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.
O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 69, morreu Faustino Xavier de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. 
Foi companheira perfeita durante 35 anos. O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. No ano seguinte, o escritor foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciando assim a carreira de burocrata que lhe seria até o fim o meio principal de sobrevivência. Em 1874, O Globo (jornal de Quintino Bocaiúva), em folhetins, o romance A mão e a luva. 
Intensificou a colaboração em jornais e revistas, como O Cruzeiro, A Estação, Revista Brasileira (ainda na fase Midosi), escrevendo crônicas, contos, poesia, romances, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros. 
Uma de suas peças, Tu, só tu, puro amor, foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II (junho de 1880), por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente escrita. De 1881 a 1897, publicou na Gazeta de Notícias as suas melhores crônicas. 
Em 1880, o poeta Pedro Luís Pereira de Sousa assumiu o cargo de ministro interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e convidou Machado de Assis para seu oficial de gabinete (ele já estivera no posto, antes, no gabinete de Manuel Buarque de Macedo). Em 1881 saiu o livro que daria uma nova direção à carreira literária de Machado de Assis – Memórias póstumas de Brás Cubas, que ele publicara em folhetins na Revista Brasileira de 15 de março a 15 de dezembro de 1880. Revelou-se também extraordinário contista em Papéis avulsos (1882) e nas várias coletâneas de contos que se seguiram. Em 1889, foi promovido a diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia.
Grande amigo de José Veríssimo, continuou colaborando na Revista Brasileira também na fase dirigida pelo escritor paraense. 
Do grupo de intelectuais que se reunia na Redação da Revista, e principalmente de Lúcio de Mendonça, partiu a idéia da criação da Academia Brasileira de Letras, projeto que Machado de Assis apoiou desde o início. Comparecia às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, à qual ele se devotou até o fim da vida.
A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901).
Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); 
os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.
A obra de Machado de Assis foi, em vida do Autor, editada pela Livraria Garnier, desde 1869; em 1937, W. M. Jackson, do Rio de Janeiro, publicou as Obras completas, em 31 volumes. Raimundo Magalhães Júnior organizou e publicou, pela Civilização Brasileira, os seguintes volumes de Machado de Assis: Contos e crônicas (1958); Contos esparsos (1956); Contos esquecidos (1956); Contos recolhidos (1956); Contos avulsos (1956); Contos sem data (1956); Crônicas de Lélio (1958); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1956). Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura e encabeçada pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, organizou e publicou, também pela
Civilização Brasileira, as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes, reunindo contos, romances e poesias desse escritor máximo da literatura brasileira.
OBRAS:

Romances
Ressurreição, (1872)
A mão e a luva, (1874)
Helena, (1876)
Iaiá Garcia, (1878)
Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881)  
Casa Velha, (1885)
Quincas Borba, (1891)
Dom Casmurro, (1899)
Esaú e Jacó, (1904)
Memorial de Aires, (1908)
Coletânea de Poesias
Crisálidas, (1864)
Falenas, (1870)
Americanas, (1875)
Ocidentais, (1880)
Poesias Completas, (1901)
Peças de teatro
Hoje Avental, Amanhã Luva, (1860)
Queda que as mulheres têm para os tolos, (1861)
Desencantos, (1861)
O Caminho da Porta, (1863)
O Protocolo, (1863)
Teatro, (1863)
Quase Ministro, (1864)
Os Deuses de Casaca, (1866)
Tu, só tu, puro amor, (1880)
Não Consultes Médico, (1896)
Lição de Botânica, (1906)
Coletânea de Poesias
Crisálidas, (1864)
Falenas, (1870)
Americanas, (1875)
Ocidentais, (1880)
Poesias Completas, (1901)

Contos selecionados
“A Cartomante”
“Miss Dollar”
“O Alienista” (†)  
“Teoria do Medalhão”
“A Chinela Turca”
“Na Arca”
“D. Benedita”
“O Segredo do Bonzo”
“O Anel de Polícrates”
“O Empréstimo”
“A Sereníssima República”
“O Espelho”
“Um Capricho”
“Brincar com Fogo”
Coletânea de contos
Contos Fluminenses, (1870)
Histórias da Meia-Noite, (1873)
Papéis Avulsos, (1882)
Histórias sem Data, (1884)
Várias Histórias, (1896)
Páginas Recolhidas, (1899)
Relíquias da Casa Velha, (1906)
Contos selecionados
“Uma Visita de Alcibíades”
“Verba Testamentária”
“Noite de Almirante”
“Um Homem Célebre”
“Conto de Escola”
“Uns Braços”
“A Cartomante”
“O Enfermeiro”
“Trio em Lá Menor”
“O Caso da Vara”
“Missa do Galo”
“Almas Agradecidas”
“A Igreja do Diabo”
Por: @pii_littrell (Uma admiradora master por Machado de Assis… hehe)
PS: Isso vai pra @nickacarter, pela vitória de 2×1 ontem (Domingo)… Chupaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Porcada, aqui é CORINTHIANS mano! hauhauhuahuahuahua

[ESPECIAL] Jonalismo Literário

E ai Navegantes d’O Barquinho, estão curtindo este especial sobre jornalistas literário??

Esperamos que sim, pois estamos quase chegando em nossa reta final, pois semana que vem, fechamos com o grande e espetacular, ícone do jornalista literário e da literatura realista, uma grande influência para alguns de nossos repórteres aqui da redação o OBC, o grande Machado de Assis.

Mas até na próxima semana, ainda tem chão, por mais que este ano não está passando, está voando.. hehe
Esta semana será, o jornalista, autor literário e tendo uma simpátia ao anarquismos, que passou a trabalhar na imprensa socialista, com obras com grande êxito na literatura.

Estamos falando de Lima Barreto, que tinha o jornalismo já em seu DNA, pois seu pai era tipógrafo e sua mãe professora, isso aumentou mais sua paixão pela literatura.

Então, fiquem com nossa reta final do especial, Jornalismo Literário e curtam a grande história de Lima Barreto, que apesar de ter morrido quase jovem, com seus 41 anos, fez obras que irão durar por muitos e muitos anos.

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro a 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade a 1.° de novembro de 1922. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma professora pública, era mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos pela própria mãe, que perdeu aos 7 anos de idade.
Fez seus primeiros estudos e, pela mão de seu padrinho de batismo, o Visconde de Ouro Preto, ministro do Império, completou-os no Ginásio Nacional (Pedro II), entrando em 1897 para a Escola politécnica, pretendendo ser engenheiro. Teve, porém, de abandonar o curso para assumir a chefia e o sustento da família, devido ao enlouquecimento do pai, em 1902, almoxarife da Colônia de Alienados da Ilha do Governador. Nesse ano, estréia na imprensa estudantil. A família muda-se para o subúrbio do Rio de Janeiro, Engenho de Dentro, onde o futuro escritor resolve candidatar-se a um cargo vago na Secretaria da Guerra, mediante concurso público, tendo passado em 2.° lugar e ocupado a vaga, por desistência do 1.° colocado, 1903.

Com o modesto salário, passa a residir com a família em Todos os Santos, em casa simples, e na qual, em 1904, inicia a primeira versão do romance Clara dos Anjos. No ano seguinte começa o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha, publicado em Lisboa em 1909. Publica, também, uma série de reportagens no jornal Correio da Manhã. Inicia o romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, publicado apenas em 1919. Colabora na revista Fon-Fon e, com amigos, lança em fins de 1907 a revista Floreal, que sobreviveria com quatro números apenas, mas que chamou a atenção do crítico literário José Veríssimo. Nessa época, dedica-se à leitura na Biblioteca Nacional dos grandes nomes da literatura mundial, dos escritores realistas europeus de seu tempo, tendo sido dos poucos escritores brasileiros a tomar conhecimento e ler os romancistas russos.

Em 1910, faz parte do júri no julgamento dos participantes do episódio chamado “Primavera de sangue”, condenando os militares no assassinato de um estudante, sendo por isso preterido, daí para frente, nas promoções na Secretaria da Guerra. Em 1911, em três meses, escreve o romance Triste fim de Policarpo Quaresma, publicado em folhetins no Jornal do Comércio, onde escreve, e também na Gazeta da Tarde. Publica, em 1912, dois fascículos das Aventuras do Dr. Bogoloff, além de dois outros livretos de humor, um deles pela revista O Riso.

O vício da bebida começa a manifestar-se nele, porém não o impede de continuar a sua colaboração na imprensa, iniciando em 1914 uma série de crônicas diárias no Correio da Noite. O jornal A Noite publica em folhetins, em 1915, seu romance Numa e a ninfa, e Lima Barreto inicia longa fase de colaboração na revista Careta, em artigos políticos sobre variados assuntos. Nos primeiros meses de 1916 aparece em volume o romance Triste fim de Policarpo Quaresma, que reúne também alguns contos notáveis como “A Nova Califórnia” e “O homem que sabia javanês”, tendo boa acolhida por parte da crítica que vê em Lima Barreto o legítimo sucessor de Machado de Assis. Passa a escrever para o semanário político A.B.C.. Em julho de 1917, após internação hospitalar, entrega ao seu editor, J. Ribeiro dos Santos, os originais de Os Bruzundangas, sátiras, somente publicado em 1922, um mês após a morte do autor.

Candidata-se à vaga na Academia Brasileira de Letras, mas seu pedido de inscrição não é sequer considerado. Lança a 2. edição do Isaías Caminha e, em seguida, o romance Numa e a ninfa, em volume. Passa a publicar artigos e crônicas na imprensa alternativa da época: A Lanterna, A.B.C. e Brás Cubas, que publica um artigo seu, em que manifesta simpatia pela causa revolucionária russa. Após o diagnóstico de epilepsia tóxica, é aposentado em dezembro de 1918, mudando-se para outra casa na Rua Major Mascarenhas, em Todos os Santos, onde irá residir até morrer.

Em inícios de 1919, suspende a colaboração no semanário A.B.C., por ter a revista publicado um artigo contra a raça negra, com o qual não concordava. Põe à venda o romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, por ele próprio revisto e mandado datilografar pelo editor, Monteiro Lobato, tendo sido o único de seus livros a passar por tais cuidados normais de publicação, e pelo qual recebe bom pagamento e promoção, além do aplauso de velhos e novos expoentes da crítica, como João Ribeiro e Alceu Amoroso Lima. Nesse clima, candidata-se em segunda vez a uma vaga na Academia de Letras – desta vez, aceita, -, não conseguindo, porém, ser eleito, mas tendo o voto permanente de João Ribeiro. Sob o título “As mágoas e sonhos do povo”, passa a publicar semanalmente, na revista Hoje, crônicas ditas de folclore urbano, reiniciando a colaboração na Careta, em segunda fase, só interrompida por sua morte.

Em 1919, de dezembro a janeiro de 1920 é internado no hospício, devido a forte crise nervosa, resultando a experiência nas anotações dos primeiros capítulos da obra O cemitério dos vivos, memórias somente publicadas em 1953, juntamente com as do Diário íntimo, num mesmo volume. Em dezembro de 1920, concorre ao prêmio literário da Academia Brasileira de Letras para o melhor livro do ano anterior, inscrevendo o Gonzaga de Sá, que veio a receber menção honrosa. No mesmo mês é posto à venda nas livrarias o volume de contos Histórias e sonhos, e entrega ao editor F. Schettino, seu amigo, os originais de Marginália, reunindo artigos e crônicas já publicados na imprensa periódica e, que se perderiam, sendo o volume editado apenas em 1953, post mortem.

O Cemitério dos vivos tem um trecho publicado, em janeiro de 1921, na Revista Souza Cruz, sob o título “As origens”, memórias manuscritas não completadas pelo autor. Em abril, faz uma viagem à pequena cidade de Mirassol, no Estado de São Paulo, onde um médico amigo e escritor, Ranulfo Prata, tenta a regeneração clínica de Lima Barreto, mas em vão. Com a saúde já bastante abalada, a doença força a sua reclusão na casa modesta de Todos os Santos, onde os amigos vão visitá-lo e sua irmã Evangelina se desvela em cuidados por ele. Mas, sempre que pode, continua a sua peregrinação pela cidade que ama, reservando a leitura, a meditação e a escrita para casa, apesar da presença constante da loucura do pai, tornada real pelas crises cada vez mais repetidas.

Em julho de 1921, pela terceira vez, candidata-se à vaga na Academia de Letras, retirando, porém, a mesma, por “motivos inteiramente particulares e íntimos”. Entrega ao editor os originais de Bagatelas, no qual reúne a sua maior produção na imprensa, ou seja, a que vai de 1918 a 1922, em que evidencia com rara visão e clareza os problemas do país e do mundo do pós-guerra. Bagatelas, entretanto, só apareceria em 1923. Publica na Revista Souza Cruz de outubro-novembro de 1921 a conferência “O destino da literatura”, que não chegara a pronunciar na cidade de Rio Preto, próximo a Mirassol. Em dezembro inicia a segunda versão do romance Clara dos Anjos, terminado em janeiro seguinte. Os originais de Feiras e mafuás são entregues para publicação, mas somente em 1953 seriam editados.

Em maio de 1922, a revista O Mundo Literário publica o primeiro capítulo de Clara dos Anjos, “O carteiro”. Tendo a sua saúde declinada mês a mês, agravada pelo reumatismo, pela bebida e outros padecimentos, Lima Barreto morre em 1.° de novembro de 1922, vitimado por um colapso cardíaco. Em seus braços, é encontrado um exemplar da Revue des Deux Mondes, sua preferida e que estivera lendo. Dois dias depois é a vez de seu pai. Encontram-se sepultados no cemitério de São João Batista, onde o escritor desejou ser enterrado.

Em 1953, uma editora lançou alguns volumes inéditos de sua obra. Porém, somente em 1956, sob a direção de Francisco de Assis Barbosa, com a colaboração de Antônio Houaiss e M. Cavalcanti Proença, toda a sua obra em 17 volumes foi publicada, compreendendo todos os romances citados e também os títulos não publicados em vida do autor, e que são: Os bruzundangas, Feiras e mafuás, Impressões de leitura, Vida urbana, Coisas do reino de Jambon, Diário íntimo, Marginália, Bagatelas, O cemitério dos vivos e mais dois volumes que contêm toda a sua correspondência, ativa e passiva. Nas décadas seguintes Lima Barreto tem sido alvo de estudos, tanto no Brasil como no exterior. Suas obras, romances e contos, têm sido traduzidos para o inglês, francês, russo, espanhol, tcheco, japonês e alemão. Teses de doutoramento o tiveram como tema nos Estados Unidos e na Alemanha. Congressos e conferências foram realizadas em todo o Brasil, por ocasião do seu centenário de nascimento (1981), resultando inúmeros livros publicados, entre ensaios, bibliografias e estudos psicológicos do autor e sua obra. Há, presentemente, um desabrochar de interesse entre os novos escritores brasileiros em favor da obra de Lima Barreto, tido como o pioneiro do romance social, e cuja produção literária – vasta, em proporção ao número de anos que viveu – ganha, a cada dia, o merecido destaque que lhe é devido.





Principais obras:

1905 – O Subterrâneo do Castelo no Morro
1909 – Recordações do Escrivão Isaías Caminha
1911 – O Homem que Sabia Javanês e outros contos
1915 – Triste Fim de Policarpo Quaresma
1919 – Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá
1920 – Cemitério dos Vivos
1920 – Histórias e Sonhos
1923 – Os Bruzundangas
1948 – Clara dos Anjos (póstumo)
1952 – Outras Histórias e Contos Argelinos
1953 – Coisas do Reino de Jambom

Por: @pii_littrell