[Cabine da Pipoca] Ela: Um romance do ciberespaço

Mesmo depois de tantas produções de ficção cientifica abusarem da relação homem-máquina, ainda há a possibilidade de analisar o tema na maneira sensível e introspectiva de Spike Jonze. Levando em conta a inteligência artificial na tentativa de simular o sentimento humano, já vista em variados filmes que vão desde Um Robô em Curto Circuito (1986), O Homem Bicentenário (1999), Inteligência Artificial (2001), clipe de Bjork e até episódios de Super Vicky, o diretor detalha seu enredo ao explorar o dilema de um rapaz ao se apaixonar pelo seu sistema operacional. Nada como o apelo comercial de um novo produto para garantir a perfeita companhia a um protagonista no auge de seu isolamento. Desconsiderando a carência emotiva, a solidão abordada chega a lembrar sua adaptação de Onde Vivem os Monstros (2009), porém com a imaginação infantil como suporte à realidade.

Boa parte do longa apresenta o diálogo entre o pacato moço de bigode, interpretado por ninguém menos que Joaquin Phoenix, e sua mini versão de HAL 9000 aprimorada, cuja voz reproduzida por Scarlett Johansson demonstra mais delicadeza e senso humor, contrariando ao comportamento limitado e fatalista de seu homenageado. Além de toda a sensualidade sonora, o pequeno affair de bolso é responsável por fazer acreditar na própria existência de acordo seu potencial em aprender a sentir. Por outro lado, paralelo a toda essa virtualidade, há a personagem de Amy Adams com a mesma fragilidade emocional de Theodore (Phoenix), num tempo diferente à uma real crise de relacionamento.

O cenário da trama ambienta o familiar “futuro” breve com o pé lá no passado ao observar a tecnologia a serviço das coisas esquecidas, como cartas manuscritas na base de palavras forjadas. A beleza estética é dominada por cores vivas que indicam algo mais intimo, tanto no figurino Theodore, como também o vermelho de uma tela de computador, opondo-se ao velho azul do qual estamos acostumados. Para acompanhar a sutil trilha sonora feita por artistas que acompanham os trabalhos de Jonze por muito tempo, a fotografia atrai os olhos viciados pelas habituais cenas de casal quando difere no espaço sempre vazio ao lado do personagem. É como se houvesse acomodação de Theodore dentro de seu cativante novo mundo sem perceber muitas outras pessoas tão solitárias quanto ele à sua volta, até mesmo a vizinha Amy (Adams) na aparente vida padrão.

Ainda que o contexto principal seja questionado com intensidade, mesmo com ritmo sereno, vários outros pontos chamam a atenção ao acompanhar o romance inusitado. O primeiro deles, talvez o mais chocante, é uma terceira pessoa disposta a ser interface numa relação física, movida pela curiosidade de encontrar o exemplo de amor verdadeiro. Isso mostra a inversão de papel imposta por um incrível dispositivo tecnológico ainda com determinadas limitações ao se aproximar da cobiçada existência humana. O segundo é o debate entre um ser ágil no aprendizado através de seus livres elétrons programados contra a básica experiência ciumenta de um pobre mortal. Por ultimo, e mais comovente, está o sentimento de alguém focado no trabalho de escrever cartas para pessoas que nunca chegou a conhecer ao invés de apropriá-lo em seus próprios relacionamentos.

Título original:   Her
Diretor:   Spike Jonze
País:   USA
Categoria:   Drama
Ano:   2013
Atores:   Joaquin Phoenix, Lynn Adrianna, Lisa Renee Pitts, Gabe Gomez, Chris Pratt, Artt Butler, May Lindstrom, Rooney Mara, Bill Hader, Kristen Wiig, Brian Johnson, Scarlett Johansson, Amy Adams, Matt Letscher, Spike Jonze
Avaliação:   9,0
Site oficial: www.herthemovie.com

Sinopse:
Escrito e dirigido por Spike Jonze, Ela se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade intuitiva e única. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer Samantha (Scarlett Johansson), uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor um pelo outro. Ela é uma história de amor original que explora a natureza evolutiva – e os riscos – da intimidade no mundo moderno.

Assista abaixo o trailer oficial do longa:

[Cantinho Literário] "O Gosto do Cloro" – Solidão e timidez no interior de uma piscina pública

Com o calor que está fazendo em todo o Brasil, só consigo pensar em água e minha cabeça ‘tá meio travada’ com tanto calorão, por isso que nesta semana aqui no Cantinho Literário será uma super dica do livro “O Gosto do Cloro”. 
Pois além de ter piscina, para tentar afagar o fogo deste verão, também há superação e os anseios de uma paixão tímida, permeada pelos ecos e ruídos da água.
Sinopse: No interior de uma piscina pública, um jovem com problemas na coluna começa a nadar para melhorar a sua saúde. Sem experiência, sofre entre corpos anônimos para conseguir algum progresso no esporte. 

Durante uma de suas tentativas fracassadas de dar algumas braçadas, conhece uma garota que decide ajudá-lo na empreitada, dando dicas para melhorar a sua técnica. Semana após semana, aula após aula, a amizade entre os dois começa a crescer, e o herói não tarda a desenvolver uma afeição que deseja extrapolar as paredes da piscina. 
As inseguranças do nadador desajeitado vão se tornando ao poucos os anseios de uma paixão tímida, permeada pelos ecos e ruídos da água. Através de um roteiro com pinceladas de melancolia e uma bela paleta de azuis, verdes e outras cores lavadas pelo cloro, Bastien Vivés compõem um retrato lírico da solidão e das dúvidas do indivíduo moderno.
Abaixo confira uma resenha do livro, escrita pela Doutora em Letras pela PUC-Rio, Laura Erber, para conhecer mais sobre a história do jovem inibido e tímido do livro, ilustrado por Vives Bastien. 
Um artista francês que usa o silêncio e a individualidade da natação como metáfora para a solidão dos personagens. Com um roteiro, com pinceladas de melancolia e uma bela paleta de azuis, verdes e outras cores lavadas pelo cloro.
“Tudo se passa numa piscina, mas não há nada aqui que evoque a transparência luminosa dos quadros de David Hockney. Também não há, no protagonista, nada que evoque a tragédia do conto “O nadador”, de John Cheever, ou a imagem magnetizante que Burt Lancaster imprime no personagem da versão cinematográfica de Frank Perry.

“O gosto do cloro”, premiado romance gráfico do francês Bastien Vivès, cria uma atmosfera opaca, espécie de clausura aquática onde dois jovens se encontram por pura casualidade. Desengonçado, inábil e tímido, o nadador de Vivès vai à piscina por recomendação do fisioterapeuta. Numa economia de traços, em massas de azuis e verdes carregados de cinza, as imagens configuram um ambiente fechado, o cenário perfeito para um relato breve sobre solidões convergentes. 

Nada de especialmente romântico ou inusitado nessa paisagem típica de uma grande cidade, onde anônimos interrompem sua estressante rotina para se exercitarem. A história é simples e os personagens são retratados no cotidiano de suas vidinhas: duas figuras frequentam raias contíguas de uma piscina pública. 

Um dia começam a conversar, flertam, se questionam sobre passado e futuro, o que é supérfluo e o que amam realmente, marcam um encontro e depois perdem-se de vista. 

Ele é um sedentário em busca de alívio para a coluna estropiada, ela é uma ex-competidora que agora só nada por prazer. 

Ambos parecem viver o momento que precede a vida adulta, ainda informes, sonhadores, sem profissão definida, oscilando entre a aflição e o tédio. Ilustrações sóbrias e elegantes contrastam com texto pouco elaborado 

Com minúcia, mas sem detalhes excessivos, Vivès capta o corpo num traçado delicado e preciso, que retrata as tormentas do protagonista. Ao contrário de muitos autores da sua geração, utiliza com parcimônia a dinâmica de plano e contra-plano apropriada do cinema, prefere a visão de longe, deixando os personagens como que desamparados no espaço. 

O silêncio predomina e, quando a palavra irrompe, é ora na forma de uma interlocução trivial ou no exclamativo “merda!” do protagonista, menos sinal de exaltação do que um tique repetido que traduz bem a economia verbal desses jovens sonhadores. 

Há, no entanto, algo intrigante no forte contraste entre imagem e texto deste livro: enquanto as imagens são sóbrias, elegantemente elaboradas, revelando a maturidade do estilo visual do autor-desenhista — ele tinha 24 anos quando o livro foi lançado —, ao fim fica a sensação de que talvez a história poderia ter sido contada sem palavras, ou que o texto poderia ter sido mais elaborado. 

Pode-se supor que Vivès tenha optado pelo banal para revelar a pobreza expressiva dos personagens, lançando sobre eles um olhar impiedoso, mas essa inflexão crítica é contrariada pela delicadeza das imagens. 

A história dos romances gráficos é recente. Começa no final dos anos 1970 e tem como marco a série “Maus”, em que os ratos, gatos, porcos e cachorros de Art Spiegelmann retratam as desventuras de um prisioneiro judeu nos campos de concentração alemães. A maior parte dos romances gráficos se situa numa zona cinzenta — tributários da história em quadrinhos tanto quanto dos modelos narrativos do romance — e o livro de Vivès não foge à regra. 

Face ao boom editorial e o crescente interesse que o gênero vem ganhando no meio literário, espera-se que os novos autores sejam capazes de articular a força das imagens a textos vigorosos — mesmo quando optarem pelo registro cotidiano desbocado ou por uma linguagem desencantada. Caso contrário, nos deixarão com a sensação de um descompasso não deliberado entre visualidade sofisticada e texto pouco ambicioso.”






O Gosto do Cloro
Editora: Barba Negra
Categoria: Artes / Pintura e Desenho
PS: Na próxima semana terá especial escritor-jornalista, com Stefan Zweig, que escolheu o Brasil, para viver até o final de sua vida, por isso não percam na próxima semana, pois vocês irão se surpreender com a história de Zweig.

[Cabine Literária] O Clube de Leitura de Jane Austen

Quem nunca sonhou em montar um clube do livro?

Pois bem, é sobre isso que iremos falar aqui n’ O Barquinho Cultural, não pense que a editoria do Cantinho Literário, mudou de dia, não esta é editoria de cinema, a nossa Cabine da Pipoca, que por tanto tempo ficou nas mãos da nossa querida Estelinha.

Mas no começo desta semana, a internauta, parceira, com seu blog, Resistências e porque não dizer, uma das membro de um mini clube do livro que fazemos através do bate-papo do Facebook, Lucila Neves, (veja também sua página da rede do Facebook) nos enviou como quem não quer nada, um filme um tanto quanto interessante, pois mostra a história de pessoas comum, que se encontram por  intermédio de um livro, então elas montam um clube do livro, fazendo o roteiro do filme ir da comédia, drama e também romance.

O nome deste filme é O Clube de Leitura de Jane Austen, é um filme norte-americano de drama romântico lançado em 2007, escrito e dirigido por Robin Swicord, com roteiro adaptado do romance do mesmo nome de Karen Joy Fowler, que é focado em um clube de discussão de livro formado especificamente para discutir os seis romances escritos por Jane Austen, que ao se aprofundarem na literatura de Austen, os membros do clube encontram-se lidando com experiências de vida que se assemelham aos temas dos livros que estão lendo.
Vejam abaixo a sinopse do filme:

“O clube do livro é criação de Bernadette, uma cinquentona seis vezes divorciada, que se agarra à ideia quando conhece Prudie, uma afetada professora de universidade de Língua Francesa, nos seus 20 e tantos anos e casada, em um festival de cinema de Jane Austen. Sua ideia é ter seis membros e discutir todos os seis romances de Jane Austen, com cada membro recebendo o grupo em sua casa uma vez por mês.


Aceitos também no clube estão: Sylvia, uma bibliotecária que se separara recentemente de seu marido, o advogado Daniel, depois de mais de duas décadas de casamento; Allegra, de 20 e tantos anos, lésbica, filha de Sylvia; Jocelyn, uma solteira maníaca por controle e criadora da raça de cachorros Rhodesian Ridgeback, que tem sido amiga de Sylvia desde a infância; e Grigg, um fã de ficção científica que foi amarrado no grupo por Jocelyn com a esperança de que ele e Sylvia formem um casal compatível.

Com o passar dos meses, cada um dos membros desenvolve características similares àquelas dos personagens de Austen e reagem aos acontecimentos em suas vidas da mesma maneira que seus homólogos ficcionais fariam. Bernadette é a figura matriarcal que sonha em ver todos encontrar a felicidade. Sylvia apega-se à sua crença na benignidade e devoção, e, afinal, se reconcilia com Daniel. Jocelyn renega seus próprios sentimentos por Grigg enquanto brinca de cupido para ele e Sylvia. Prudie, sobrecarregada com a falta de atenção de seu marido Dean, e uma mãe maconheira, de espírito livre e atitudes hippies (um produto da contracultura dos anos 1960), encontra-se tentando desesperadamente não sucumbir aos seus sentimentos por seu atraente aluno Trey. 

Allegra, que tende a encontrar seus amores quando se envolve em atividades que desafiam a morte, sente-se traída quando descobre que sua atual namorada, a aspirante a escritora Corinne, tem usado a vida de Allegra como base para seus contos. Grigg está atraído por Jocelyn e enfeitiçado por sua falta de interesse nele, marcada pela falha de Jocelyn em ler os livros de Ursula K. Le Guin com os quais ele tem esperança de cativar sua afeição. Ele também serve de contraponto cômico para as tomadas muito sérias entre Jocelyn e Prudie.”

O Clube de Leitura de Jane Austen
Data de lançamento: 21 de setembro de 2007
Direção: Robin Swicord
Lançamento em DVD: 5 de fevereiro de 2008
Duração: 106 minutos
Trilha sonora: Aaron Zigman

Elenco
Maria Bello como Jocelyn | Emily Blunt como Prudie |
Kathy Baker como Bernadette
Hugh Dancy como Grigg | Amy Brenneman como Sylvia | Maggie Grace como Allegra
Jimmy Smits como Daniel | Marc Blucas como Dean |
Lynn Redgrave como Mama Sky
Kevin Zegers como Trey | Nancy Travis como Cat Harris | Parisa Fitz-Henley como Corinne | Gwendoline Yeo como Dr. Samantha Yep

Assista abaixo, na integra o filme “O Clube de Leitura de Jane Austen”:

Para saber mais informações sobre o filme acesse o site oficial.
Mas é isso, está atrasado, pois não subi no dia certo do Cabine, afinal estou me adaptando ainda em pautar a editoria de cinema, porque ainda atrapalho um pouco, ai acabo esquecendo de subir o texto, mas relaxem que logo eu pego jeito da ‘coisa ‘ e meto bala na ‘bagaça’.
Boa fim de semana à todos e até a próxima sexta-feira com mais Cabine da Pipoca, que nesta semana virou a Cabine Literária.Por: Priscila Visconti

[Cantinho Literário] Um amor para sempre!

Quem nunca teve um amor tão profundo e especial, que até sua ausência por alguns minutos já faz seu coração bater descompassado, suas pernas bambearem e sua mãos bicarem em litros?

É assim que Holly se sentia quando conheceu e se apaixonou por Geny, em “P.S. Eu te Amo“.
O romance de Cecelia Ahern, conta a história de dois jovens de 30 e poucos anos que vivem um amor arrebatador, mas a emoção vai a mil quando Geny descobre que tem um tumor na cabeça e poucos dias de vida, então Holly começa a perder seu chão, principalmente após a morte de seu grande amor, deixando-a devastada.
Mas quando se ama, um nunca quer que o outro sofra.
Então, Geny deixou um presente especial no 30º aniversário dela, mostrando que apesar de sua ausência, a vida não poderia parar.
Um história de amor, amizade e compaixão, que todo apaixonado não pode deixar de ler.

“P.S. Eu Te Amo”

Autor: Ahern, Cecelia
Editora: Novo Conceito
Categoria: Literatura Estrangeira / Romance

Cabine da Pipoca (em casa)

E ai pessoal, beleza?
Bem, hoje a dica de cinema não vem da @marquestela e nem é sobre nenhuma estreia desta semana, mas sim de um filme que foi lançado no começo deste ano (até falamos algumas coisas aqui no OBC).
Mas para você que prefere curtir um cineminha em casa, assistindo um dvd e curtindo o seu sofá, não pode deixar de ter o filme ‘Malu de Bicicleta’.

O longa é um romance de um mulherengo e empresário paulista, Luiz Mario (Marcelo Serrado), que atropela Malu (Fernanda de Freitas), quer faz crescer um grande amor por ambas as partes.
Baseado no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva (‘Feliz ano velho’), o longa fala de amor de forma honesta e delicada, sobre um homem que encontra a mulher da sua vida, e assim o amor transita entre os personagens da comédia romântica brasileira em ‘Malu de bicicleta’.


Título original: (Malu de Bicicleta)
Lançamento: 2011 (Brasil)
Direção: Flávio R. Tambellini
Atores: Fernanda de Freitas, Marcelo Serrado, Marjorie Estiano, Otávio Martins.
Duração: 90 min
Gênero: Drama
Status: Arquivado
Confira a sinopse do longa:
Luiz Mário (Marcelo Serrado) é um empresário mulherengo, que trabalha com a noite paulistana e coleciona casos amorosos. Apesar disto, não consegue realmente se envolver com nenhuma delas. Um dia, no Rio de Janeiro, é atropelado de bicicleta por Malu (Fernanda de Freitas) na ciclovia do Leblon. Eles logo se envolvem e vivem um romance perfeito, que apenas é abalado devido a uma enigmática carta de amor.
Trailer:


Espero que tenham curtido essa dica para o fim de semana.Até a próxima… See ya!@nickacarter