Dentre tantos centenários que está rolando atualmente, neste ano, mas específico nesta semana, dia 19 de outubro o diplomata, dramaturgo, jornalista, e compositor brasileiro, Vinicius de Moraes completaria 100 anos caso estivesse vivo, e para relembrar um pouco da carreira do poeta que morreu no início da década de 1980.
O poetinha, como era conhecido no meio literário e poético, apelido dado por Tom Jobim, ele notabilizou-se por seus sonetos.
Um boêmio inveterado, fumante e apreciador de uísque, era um amante conquistador, tanto que casou-se nove vezes.
Carioca, nascido na Gávea em 1913, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. O pequeno Vinicius é segundo filho de quatro irmãos.
Antes de completar dez anos, o “poetinha” já sentia desejo em decifrar seus sentimentos escrevendo poesias. Na adolescência, foi estudar no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Seus primeiros parceiros foram os irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.
No final da década de 20, o poeta ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje Faculdade Nacional de Direito (UFRJ), onde conheceu outro amigo, Otavio Faria, em que incentivou Vinicius a seguir na carreira literária.
Foi repórter, crítico de cinema, colaborador da revista “Clima” e empregado no Instituto dos Bancários. Prestou concurso para o Ministério das Relações Exteriores, mas foi reprovado, determinante, não desistiu, em 1943, prestou novamente e passou, sendo aprovado, ingressando em seu primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles.
Festeiro que só, adorava reunir os amigos em encontros diplomáticos em Paris e Roma, na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
Um poeta, compositor e amantes, de versos simples, sensual e exitante, por vezes, carregados de temas sociais.
No ano do IV Centenário de São Paulo, Vinicius de Moraes publica sua coletânea de poemas, “Antologia Poética“, no mesmo ano publicam a pela teatral “Orfeu da Conceição”. Anos depois ele buscava alguém para musicar a peça, aceitando a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar com o jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.
O poeta foi um dos precursores da Bossa Nova, que teve início em 1958. A obra fundamental para este movimento foi o álbum “Canção do Amor Demais“, gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como “Luciana“, “Estrada Branca“, “Outra Vez” e “Chega de Saudade“, em interpretações vocais intimistas. A partir daí tantas outras composições de Vinicius foram interpretadas pelo ícones célebres da época, e obtendo influências de tantos outros que estão em atividade até hoje.
Vinicius foi afastado do MRE quando implantado o Ato Inconstitucional 5, depois de mais de 25 anos de serviços prestados ao ministério, e isso o magoou profundamente. Começou a realizar apresentações em Portugal, sob protestos contra o poeta, mas mesmo sendo aconselhado a se retirar pelos fundos do teatro, o “poetinha” enfrentou os manifestantes declamando “Poética I” (“De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo“), contemplado pelos estudantes ali presente, um deles tirou capa e a colocou para que Vinicius pudesse passar, e assim todos os demais o imitaram, fazendo-o um ato tradicional português em homenagem ao artista.
Parcerias ilustres também marcaram a carreira do artista, entre amigos de longa data, a jovens talentos que estavam apenas engatinhando no ramo musical. Letras que marcaram e marcam a música popular brasileira, por sua simplicidade e compaixão em retratar o ambiente social.
E para comemorar seu centenário, a Companhia das Letras reuniu uma caixa com diversos poemas e crônicas de Vinicius de Moraes em quatro livros, com temas variados e dicções praticados pelo próprio artista.
O primeiro deles é, “Livro de sonetos”, que veio à luz em 1957. Com o volume, o poeta fazia um balanço de sua obra e ratificava, em 35 poemas, sua dedicação a uma das formas mais populares de poesia: o soneto. Dez anos depois, veio a segunda edição do livro, e Vinicius acrescentou a ele nada menos que 25 poemas, vários deles inéditos. A edição que o leitor tem agora em mãos soma àquele conjunto dezesseis sonetos esparsos.
“Poemas esparsos” cobre um vasto período da produção do poeta: do início dos anos 30 a meados dos 70. Ao morrer, em 1980, Vinicius de Moraes deixou alguns livros inconclusos, e grande número de poemas já finalizados, alguns dos quais chegaram a ser publicados na imprensa. Este volume resulta de uma longa e minuciosa pesquisa em livros, jornais, revistas, arquivos e manuscritos. Não se trata, porém, de um levantamento com caráter documental: dispensaram-se esboços, exercícios, textos inacabados ou claramente recusados pelo autor, a fim de que viesse à luz apenas aquilo que está à altura das obras publicadas por Vinicius.
Os textos de “Para uma menina com uma flor” foram selecionados pelo próprio Vinicius entre aqueles que publicara em jornais e revistas ao longo de 25 anos, tendo 1941 como data inicial. A variedade de temas e de tons adotados é bem maior do que sugere o título escolhido por Vinicius, e o leitor descobrirá aqui algumas das marcas fundamentais de seus poemas: lirismo, emoção, ironia, apego à paisagem e ao fato cotidiano, bem como uma inequívoca capacidade de compreensão das dores e alegrias humanas. Some-se a isso o sabor singular da crônica, alcançado graças à adoção de uma linguagem clara, de um ritmo fluido e da conversão do acontecimento banal em assunto de interesse maior.
“Para viver um grande amor” estrutura-se de modo singular: alterna poesia e prosa. As crônicas guardam as marcas típicas do gênero, como a observação aguda do cotidiano e a linguagem despojada. Mas, além disso, conforme o próprio Vinicius, “há, para o leitor que se der ao trabalho de percorrê-las em sua integridade, uma unidade evidente que as enfeixa: a do grande amor”. Quanto aos poemas, encontram-se, aqui, exemplares de grande força expressiva, como o impactante “Carta aos ‘puros'”. Os poemas não raro tomam para si a tarefa da crônica e, então, surgem experiências como os bem-humorados “Feijoada à minha moda” e “Olhe aqui, Mr. Buster”, ou o seco e dramático “Blues para Emmett Louis Till”.
SERVIÇO
#SP – 100 anos Sempre Encantando – Vinicius de Moraes
Quando: Sábado, 19 de outubro, às 17h
Local: Livraria Cultura – Deck central da loja
Endereço: Avenida Paulista, 2073 – Conjunto Nacional
São Paulo/SP
Leitura de textos, poemas e músicas.
Roteiro e Direção: André Acioli
Direção Musical: Daniel Maia
Apresentação: Leandro Sarmatz
Elenco: Miriam Mehler, Maria Fernanda Cândido, Aretha Marcos, Elias Andreato, Claudio Fontana, Clovys Torrês e Daniel Maia.
#RJ – 100 anos Sempre Encantando – Vinicius de Moraes
Quando: Domingo, 20 de outubro, às 16h –
Local: Livraria da Travessa – Shopping Leblon
Endereço: Av. Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon
Rio de Janeiro/ RJ
Leitura de textos, poemas e músicas.
Roteiro e Direção: André Acioli
Direção Musical: José Maria Braga
Elenco: Joana Fomm, Lucinha Lins, Clarice Niskier, Claudio Tovar, Tadeu Aguiar, Domingos Montagner e José Maria Braga.
#BA – 100 anos Sempre Encantando – Vinicius de Moraes
Quando: Sábado, 26 de outubro, às 17h
Local: Fundação Casa de Jorge Amado – Largo do Pelourinho
Endereço: Largo do Pelourinho, 51 – Pelourinho
Salvador/ BA
Leitura de textos, poemas e músicas.
Apresentação no projeto Merendas de Dona Flor
Roteiro e Direção: André Acioli
Elenco: Kátia Leal, Fernanda Paquelet, Ricardo Castro e Bertrand Duarte
Essa semana será uma singela homenagem a Vinicius de Moraes, que aniversariou no mês passado, no dia 19 de Outubro, que neste ano completaria 99 anos de idade de estivesse vivo.
Como na semana passada, publicamos aqui n’ O Barquinho o especial do dia nacional do livro e não pudemos colocar os dois especiais, então nesta semana, fiquem com o eterno ‘Poetinha’, como Tom Jobim o chamava e conheça um pouco de Vinicius abaixo e veja o porque ele foi tão importante na literatura, música e no cotidiano das pessoas.
“Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918).
Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos. Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na chamada “Faculdade do Catete”, conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal “A Manhã”. Tornou-se também colaborador da revista “Clima” e empregou-se no Instituto dos Bancários.
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco o poeta estava em Portugal, a dar uma série de espetáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em 1998. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de “ministro de primeira classe” do Ministério dos Negócios Estrangeiros – o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12.265.
Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro “Orfeu da Conceição”, em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 – época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas.
Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Na década de 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.
Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum “Arca de Noé”, Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.”
Bom é isso ai… esperamos que tenham ‘curtido’ mais um especial aqui do Cantinho Literário, afinal é sempre bom trazer a boa arte para nossa tripulação e se liguem que nas próximas semanas, o Vinícius de Moraes também será tema da ‘Caixa de Som’, com a repórter de música Patricia Visconti.