
Assim como no post passado, nesta semana nossa embarcação está de luto, pois no último dia 23 de julho mais um mestre da literatura nos deixou.
Ariano Suassuna, um grande preeminente defensor da cultura nordestina brasileira, além de ser um idealizador do Movimento Armorial e autor de obras icônicas nacionais, como Auto da Compadecida e O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta.
Paraibano de nascimento, mas pernambucano de coração, já que o escritor se mudou ainda criança para Recife com sua família, e foi na infância que assistiu suas primeiras peças de mamulengo e a um desafio de viola, qual o influenciou muito em seu jeito de escrever e improvisar, sendo umas de suas marcas registradas em suas obras produzidas posteriormente.
No final da década de 1940, ingressou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro Estudante de Pernambuco, lugar que escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol, e desde então foram uma peça por ano, entre elas Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano seguinte.

Formou-se na faculdade em 1950, e também recebeu o Prêmio Martins Pena, pelo Auto de João da Cruz, regressou à Taperoá – interior da Paraíba, qual o escritor viveu sua adolescência até início da fase adulta – para curar-se de uma doença pulmonar. Durante sua volta, escreveu montou a peça Tortura de um Coração (1951), e no ano seguinte não se conteve e voltou a morar em Recife.
A partir deste ano dedicou sua vida a advogar, mas sem abandonar da literatura, das artes e do teatro. Foi nesta época que foram criadas as obras, O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Foi professor na de Estética na Universidade Federal de Pernambuco, e durante este período foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro.
Sua parceria com Hermilo Borba Filho era tão forte, que juntos fundaram o Teatro Popular do Nordeste, e na montaram as peças, Farsa da Boa Preguiça e A Caseira e a Catarina. No início da década de 1960 interrompe sua carreira de dramaturgo, e dedica-se plenamente às aulas na UFPE. Onde defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.
Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967), nomeado pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).
Escreveu prosas de ficção, entre elas o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
No início de 1990, Suassuna ingressou ao seleto grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras e também, à Academia Pernambucana de Letras, em 2000 assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras, além de ser nomeado como Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Homenageado em diversos nichos da arte, Ariano Suassuna sempre honrou sua nacionalidade e defendendo com unhas e dentes as produções nacionais, mostrando que o Brasil é sim refujo de bons artistas e boas obras, só precisa se pôr no mesmo patamar das peças estrangeiras, visada a cultura brasileira e principalmente a nordestina, o sertão a riqueza mais custoso a ser propagado, por isso ele utilizava-se bastante deste cenário em suas produções.
Viveu 87 anos, sendo que no mínimo 70 dedicados plenamente a literatura, respirando a arte de produzir e escrever até mesmo após sua aposentadoria.

Mas, como ninguém está aqui para viver eternamente, no dia 23 de julho de 2014 um Acidente Vascular Cerebral (AVC), causou a morte do escritor e dramaturgo, fazendo com que sua matéria corporal fosse embora, mas sua obra e o que ele deixou em vida, permanece para sempre na literatura nacional, e também em todos os países que suas obras já foram levadas.
Por: Patrícia Visconti