Davi Sabbag apresenta seu primeiro álbum solo que trás referências de Frank Ocean ao Baião

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Foto por Geovana Miranda

No último sábado, (8), Davi Sabbag apresentou na comedoria do Sesc Belenzinho seu primeiro álbum solo, “Ritual”. Lançado no fim de 2019, o álbum fala sobre reconhecer as oportunidades da vida, sobre não se limitar às lamentações e tentar tirar bom proveito. Com letras sobre desejo, amor e saudade, ritmos intrínsecos e parcerias íntimas Davi soube apresentar a seu público o seu universo. Além disso, o álbum também mostra como o cantor soube manejar sua carreira fora da banda como artista independente.

Davi que antes integrava o Banda Uó, hoje segue sendo o chefe de sua própria música. “Eu precisava ter uma liberdade total como artista, mesmo que eu me ferrasse”, disse ele em nossa conversa, repleta risadas, antes de se preparar para hora do show.

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Foto por Geovana Miranda

Com participação de Urias, Davi foi recebido por seus fãs que cantaram e dançaram do início ao fim de sua apresentação. Repleto de fãs com as canções na ponta da língua, Davi que não é o da Bíblia, nem o de Michelangelo e nem mais o da Banda Uó, volta a apresentar com nome e sobrenome: Davi Sabbag.

Na entrevista a seguir, ele conta mais sobre o álbum, a carreira solo e a vida pessoal.

O Barquinho Cultural – Primeiro álbum da carreira solo… Qual a sensação?

Davi Sabbag – Sim, primeiro álbum (suspiro). São muitas emoções… É uma montanha russa. Quando você recebe a liberdade de fazer o que quer, é muito bom, mas também é algo que você pensa “Poxa, eu posso fazer o que eu quiser, então, o que eu vou fazer agora?”. Eu tinha uma ideia com um pouco de raíz no Brasil, mas com um pouco de pegada R&B, que eu escuto muito.
Quando eu comecei a me reunir com as pessoas e movimentar essa energia pra fazer, foi um processo super natural. Hoje, quando eu escuto o disco, que foi lançado no final de setembro [2019], eu gosto muito. Enquanto artista parece que eu consegui expressar a minha individualidade pela música, da forma eu queria.

OBC – Quais foram as referências que você usou?

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Foto por Geovana Miranda

DS – Puts, é muita coisa. Eu admiro a lírica do Caetano, a sua composição. Caetano, Gilberto… Teve influência da Bahia, ao mesmo tempo que se pode juntar Frank Ocean. Também teve referência de baião, pagodão também usei, sabe? (risos) É uma saladona. Também alguns artistas de R&B lá de fora que não são tão conhecidos aqui. É um grande mix de coisas. Eu faço uma pesquisa musical extensa.

OBC – E do que o álbum fala?

DS – Acho que principalmente sobre uma ressignificação das questões sentimentais da nossa vida. Sobre comemorar o que foi bom quando você não tem algo. Eu tive um namoro e terminei, então, nesse disco eu quis ressignificar o término: lembrar das coisas que foram boas e não me lamentar porque não tem mais.

OBC – Então é sobre ver o lado bom?

DS – É, mas não só o lado bom. É sobre pensar assim “Poxa, eu vivi uma experiência incrível” ou “Eu não vivi uma experiência incrível”, mas é isso o que eu tenho agora e isso se aplica a todas as coisas da vida. A gente se lamenta muito. Quando vamos a um show, ao invés de ficarmos extasiados, tem todo um lance de depressão pós show, mas isso é sobre o fato de que você teve oportunidade de viver aquele momento.. O disco fala muito sobre isso. Desejo, amor, saudade. Tem um momento que eu dou uma fraquejada. Tem hora que você não consegue segurar e ser tão forte.

OBC – E em relação às suas parcerias?

DS – Os feats?

OBC – Isso!

DS – Eu amo os três. Eu queria que os feats desse disco fossem pessoas realmente próximas. Eu tive esse lance do meu mundinho, mas que eu quero abrir mais nos próximos trabalhos. O disco foi muito meu universo. Com a Urias eu tinha falado muito tempo atrás… A gente tinha conversado sobre feat e ela nem tinha lançado as coisas dela ainda.

OBC – Vocês já eram amigos?

DS – Sim. Ela já tinha lançado os covers, e eu gostava muito da sua voz, sempre achei tudo muito interessante, muito envolvente. Ela tem um brilho, sabe? Incrível. E Jaloo também já éramos amigo de antes. Sobre o Kafé, eu o conheci no final do ano retrasado, em um programa do YouTube para artistas independentes, o Youtube NextUp. Mas eu não os encaixei. As músicas vieram e na hora eu pensei “Essa música é da Urias”. A do Kafé a gente fez junto, e a do Jaloo eu falei “Eu quero muito ter ele aqui”. Não foi “Eu fiz uma música e vou enfiar a pessoa lá”. Isso era o que eu queria para agora, o que não quer dizer que eu vou seguir com isso. Eu posso fazer uma coisa completamente diferente.

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Foto por Geovana Miranda

OBC – E como foi sair da banda e virar um artista independente?

DS – Deu um pouco de medo. Até hoje dá porque quando você classifica alguém como artista independente, parece que te jogam em um calabouço, como se o artista nunca fosse crescer quando na verdade, é o mesmo artista que não tem uma gravadora e paga as coisas do seu próprio bolso. Eu precisava ter uma liberdade total como artista, mesmo que eu me ferrasse.
Eu sinto que no Brasil tem um lance muito forte de que “Eu sou muito alternativo para ser comercial, mas eu sou muito comercial para ser alternativo”. Eu fico ali no meio, e eu gosto. Mas no Brasil não tem muito mercado pra esse meio como nos outros países. Se eu voltar no próximo álbum muito comercial, daqueles com as letras bem fácil (risos), não que isso seja ruim, mas que as pessoas não se espantem.

OBC – Então Davi que era da Banda Uó é o mesmo de agora?

DS – É o mesmo. Eu olho pra trás e eu vejo que a banda foi um trabalho muito legal e importante. Mas como qualquer artista, como por exemplo a Madonna, tem fases da vida. Tem momentos que ela está mais religiosa, tem momentos que ela tá mais erótica, sexual. Eu não me via mais naquele momento e pra mim não fazia sentido mais continuar fazendo aquilo. Eu estava perto de fazer 30 anos, tinha várias questões que fazia sentido realmente acabar. Acho que se
continuasse seria só pelo dinheiro, e isso não é uma coisa que eu acredito.

OBC – E existe o projeto de continuar com a banda em algum momento?

DS – Não. Eu acho que os três tem que fazer suas carreiras, colocar o seu espaço na música como individual, e a partir desse momento consolidado podemos pensar em fazer um especial, algo assim. Mas a gente nem conversa sobre, só as pessoas que falam bastante, né? (risos) Sempre pedem.

OBC – Você sempre quis trabalhar com música? Sei que você chegou a fazer até curso de culinária.

DS – Fiz, era uma segunda opção. Desde novo se escuta que música não dá dinheiro e que o povo é todo drogado… Você cresce e vê que realmente as coisas são assim (risos), mas existe um outro lado. Eu entrei em uma cozinha para trabalhar e vi que não estava disposto. Você fica muito tempo só cortando cebola, até você conseguir cozinhar. Já música não, eu sou o chefe. Eu estava mais disposto a passar por esses perrengues com a música do que com a comida.
Mas sempre foi a segunda opção. Com seis anos eu já entrei em escola de música, de piano.
Sempre fui envolvido com arte. Quando eu fiz faculdade, eu queria fazer trilha de filme, de vídeo game. Eu pirava nessas coisas. Só que aí a banda aconteceu no meio do caminho e aí eu pensei “Bom, aqui na faculdade, pra música, em Goiânia, é um pouco difícil.” Por mais que seja um curso muito bom, o mercado de trabalho não é tão extenso. Foi uma oportunidade massa que rolou, e eu larguei tudo. Segui com essa aposta.

OBC – Como você é no seu dia a dia? Você tem uma rotina?

DS – Eu gostaria de ter mais. Eu sou muito indisciplinado, queria conseguir ter mais foco. Fiz até meditação esses tempos. Mas normalmente eu acordo, tomo café, quando não to fazendo jejum intermitente (risos). Normalmente todo dia eu como tapioca com ovo, é isso minha alimentação (risos). Tapioca com ovo é a minha religião.

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Foto por Geovana Miranda

OBC – Depois que você saiu da banda você passou a assinar apenas como Davi. Não foi?

DS – Foi, mas agora eu voltei pra Davi Sabbag (risos)…

OBC – É? Eu não sabia dessa parte!

DS – Bom que anuncia! (risos) Sim. Eu queria ter um nome sem antecedentes, sem uma herança. Que trás um sobrenome real. No começo eu pensava em ter um nome que não fosse o meu, mas isso tinha que ter sido logo no início. Quando propus que fosse só um nome era para ser algo diferente mas no meio do caminho percebi que não ia ter como.

OBC – Não ia rolar?

DS – Não é que não ia rolar, mas não tinha como. Podia até ser “Davi”, só que aí dificulta na busca. Você vai no Google e tem Davi da Bíblia, como que você vai competir com a pessoa que já tá aí nas paradas a 2000 anos? (risos) O Davi de Jesus tomba.

OBC – É verdade. Procurando sobre você no Google, os resultados eram “Davi matou o gigante?”

DS – (Risos) É, então! Exatamente. O Davi de Golias já tá aí nas paradas há 2000 anos, né? No top 10 da Billboard.

OBC – Mas já mudou nas redes?

DS – Tá mudando. É que o processo ele é lento, tá mudando aos poucos. Está uma bagunça, mas vai se organizando.

OBC – E onde dá pra ouvir o Ritual?

DS – Em todas as plataformas! Qualquer uma. Até no YouTube eu postei.

OBC – Quais são suas expectativas para apresentação (do último sábado, no Sesc Belenzinho)?

DS – Eu to animado! Já deve ser o quinto show que eu faço com a Urias. Eu amo! Essa parceria vai render super. É o quinto show em pouco tempo. Vamos cantar várias músicas do show dela também. Eu adoro cantar música dos outros artistas.Vai ter mais dois shows com a Urias. Dia 16 [fevereiro] no Chacoalha Bichona e dia 29 no bloco da Mel [Bloco “Lua de Mel”, da sua ex companheira de Banda Uó, Mel Gonçalves].

OBC – Chacoalha a bichona? É uma festa?

DS – É um bloco!

OBC – Gente, que legal! Não conheço.

DS – É um bloco de rua. E vai ter muita gente aqui também. Segundo show que eu faço em São Paulo, porque os outros foram promocionais. Eu estou muito animado. No show anterior a esse eu tomei um susto quando entrei no palco e as pessoas estavam cantando muito alto as músicas. Eu fiquei “As pessoas sabem mesmo as músicas. Eu tenho fãs!” (risos) Eu não estava esperando o público gritando as músicas assim pra mim., e hoje eu acho que vai ser melhor ainda.

OBC – Legal! E para os fãs curiosos: Está namorando?

DS – Não, não estou namorando (risos)

OBC – É bom que sai mais álbuns sobre isso!

DS – Sai mais álbuns (risos), vai sair… Esse eu vou lançar deluxe do ritual.

OBC – Mas você já tem planos?

DS – Eu vou lançar o deluxe do ritual, com mais música e uma roupagem nova. Além do disco vai ter um material novo esse ano também e tem muitos clipes para sair! Vai ser um álbum visual.

OBC – Eu adorei o conceito do clipe de Ritual. Foi ideia sua?

DS – Eu estou envolvido no processo de todas as coisas, desde a concepção. As vezes me enlouquece um pouco, mas eu acho importante. Eu gosto de estar envolvido porque no final é a minha imagem. Gosto de trabalhar e ver as ideias das pessoas se juntarem com as minhas, mas aí eu sempre dou uma polidinha, sabe? Sem controlar muito, mas chegar num nível que alinha a ideia da pessoa com a minha.

 

Por Geovana Miranda

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