‘Patos’ – Uma autobiografia comovente e veraz, sobre as adversidades de uma mulher nos campos de petróleo

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A autora e criadora das tirinhas Hark! A Vagrant Kate Beaton, dos livros infantis The Princess and the Pony e King Baby, e também do aclamado livro de memórias em forma de história em quadrinhos, Ducks: Two Years in the Oil Sands, a canadense Kate Beaton, traz em sua autobiografia uma obra pessoal e intensa, em que produziu com base de acontecimentos profundos de quando trabalhava em uma plataforma de petróleo nas areias betuminosas de Alberta.

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O livro lançando em 2023, foi best seller naquele ano, e chegou a estar na lista dos dez melhores do ano pela Publishers Weekly, além de conquistar dois Prêmio Eisner, nas categorias melhor quadrinho autobiográfico (2023) e melhor roteirista/artista (2023), envolvendo os leitores neste drama intenso, comovente e visceral, do qual Kate vivenciou após se formar em história e antropologia na Mount Allison University, para pagar seu financiamento estudantil.

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Patos narra com veracidade o conflito eminente de um jovem mulher que deixou sua terra natal para seguir seu caminho, e desta jornada ela se encontrou trabalhando em campos de petróleo, onde vivia isolada de todos e rodeada por homens estranhos, vivendo meio a preconceitos, assédios e sexismo, Kate narra sua autobiografia diante as adversidades mais árduas de sua vida, entre abusos e até estupros, ela expõe de forma contundente sua intimidade neste ambiente hóstil e degradante, nas relações humanas e na exploração dos recursos naturais.

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Um drama permeado de humor engajado e muita sensibilidade, em que a autora expressa com voracidade, em que ela também faz um síntese permeada na história do Canadá, referente a política econômica, relacionamentos pessoais e profissionais, misoginia e a eloquência em apresentar uma veracidade original de uma história desconhecida, que envolve muitas contradições e discrepância humanitária, ainda mais na situação de uma mulher ter de conviver em um ambiente agressivo e intimidador, apenas para buscar êxito em seus méritos e ter sua própria independência, em uma luta pela moralidade da indústria petrolífera, e um reflexo sobre o assédio e a violência sexual, a degradação ambiental, a saudade de casa, a solidão, os riscos para a saúde dos trabalhadores e dos habitantes locais e a destruição das terras.

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A obra foi tão notável para a carreira de Kate, não apenas o Prêmio Eisner, mas ainda conquistou o Canada Reads (2023), como o “livro do ano” pela Harvey Award (2023), além do prêmio literário suíço Jan Michalski Prize for Literature (2024). Uma produção loquaz e significativa, Patos traz à literatura a essência particular em expôr o horrendo de maneira aliciante e bem humorada, um quesito bem peculiar nas obras de Kate.

por Patrícia Visconti

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