Com direção de Michael Chaves e roteiro de Ian Goldberg, e Patrick Wilson e Vera Farmiga como casal de paranormais Ed e Lorraine Warren, Invocação do Mal: O Último Ritual, entra em cartaz para encerrar a franquia iniciada em 2013 de maneira aterrorizante e dramática.
Em tom de missão cumprida, O Último Ritual, trabalha toda carga dramática de um casal disposto a largar uma vida agitada, pela tranquilidade e segurança para aproveitar da melhor forma o tempo de casal e a família. O paradoxo disso é o artefato com a entidade que tem uma história em aberto com a dupla de protagonista, porque no passado, Ed e Lorraine Warren, durante uma investigação tiveram contato com um espelho amaldiçoado, o processo de investigação foi interrompido quando Lorraine entrou em trabalho de parto após tocar no objeto, dessa guinada o primeiro caso do casal nunca foi solucionado.
O roteiro do Ian Goldberg, trabalha em núcleos com a família Warren e os Smurls, os desenvolvendo como fio condutor para desenrolar os eventos subsequentes, sem deixar as motivações dos Warren de acabar com o trabalho de investigação paranormal de lado. No primeiro momento, é evidente que a Família Smurls, com 8 integrantes é uma alegria e bagunça gostosa de ver. No outro núcleo, os Warren com três pessoas, numa atmosfera de contemplação e satisfação, isso porque a filha Judy, está em processo de independência, pode ser assim dizer.
Além dessa atmosfera de paz e harmonia, as coisas saem do controle quando um presente de grego dado pelo avô paterno, chega na casa em comemoração a primeira comunhão da filha do meio dos Smurls, um espelho comprado num brechó e com ele uma entidade. A partir dessa inserção do objeto amaldiçoado na narrativa, novamente, os acontecimentos já clássicos da franquia, objetos se movendo, coisas caindo ou sendo puxados, e pessoas sendo surpreendidas por aparições de figuras aterrorizantes.
Na outra ponta, os Warren continuam na vida tranquila de aposentados, a problemática se manifesta pela ótica da Judy, filha do casal, porque ela consegue ver as figuras maléficas desde quando era criança, mas a mãe lhe ensina algo para conseguir lidar com tudo isso. Aparentemente é quase impossível a história dessas duas famílias se encontrarem em qualquer momento ou por algum motivo, e o diretor sabe disso e por isso o roteiro usa uma terceira pessoa para fazer essa ponte. Nesse caso, o Padre Gordon, velho conhecido da franquia, ele é o boi de piranha aqui, único sacrifício da história e desnecessário.
Indo direto ao ponto, com todas as peças no tabuleiro e os núcleos já colocados cada no devido lugar, faltou um pouco de coragem para tomar alguma decisão mais drástica em relação a todos os presentes nesse final, principalmente se olhar pela ótica da família Warren. Mas isso tem uma justificativa bem plausível, o fato aqui narrado é baseado no real, o que torna a liberdade poética um pouco mais distante.
Então, obviamente, não tem como fugir do básico adaptado, e a única certeza é a escolha de fazer acontecer nos efeitos, mas mesmo isso não é tão legal quanto foi feito lá nos primeiros filmes da saga. No entanto, se for usado critério de comparação, haverá injustiça porque os dois primeiros longas são assinados pelo James Wan, um gênio quando o assunto é efeito prático e gravação em plano sequência.
Dito isso, o efeito das criaturas é interessante apenas, nada de figura que desperte a atenção do público para ver mais da história por trás, o texto até narra e justifica a presença delas ali na casa, ainda sim, nada é tão marcante. O ponto mais forte do trabalho de produção é sem dúvida as atuações do casal Warren, e também a trilha sonora. Essas duas composições da trama são bem colocadas a ponto de elevar toda a carga dramática, seja nos momentos de alegria ou quando a situação se consuma como completo caos.
No fim, o filme justifica tudo e amarra qualquer ponta solta, seja sobre os Warren ou a família Smurls que permaneceu na casa assombrada por mais tempo após a intervenção de Ed e Lorraine Warren. Invocação do Mal termina sua saga dentro da proposta, sem criar nada ou levantar hipóteses sobre o futuro. Foi um bom final de saga, porque foi envolvente acompanhar as aventuras desse casal, sobretudo pela ótima performance de Ed e Lorraine Warren, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga, e também o perfeito início de tudo lá em 2013, pelas mãos do James Wan, e agora finalizado pelas mãos do Michael Chaves. Invocação do Mal: O Último Ritual entra em cartaz nesta quinta-feira (04) nos cinemas do Brasil.
por Daniel Guimarães





