Faltando apenas alguns dias para o ano acabar, o mundo da cultura pop é abalado por uma bomba: a Netflix superou a Paramount e a Comcast, pagando 72 bilhões de dólares, e venceu o leilão para a aquisição da Warner. Esta data marcará para sempre a indústria do entretenimento.
O que levou a Warner a venda?
Nos últimos anos, a Warner tem dado diversos sinais de que as coisas não estavam indo bem. Mesmo com alguns acertos, a empresa acumulou várias derrotas em seu histórico recente. Desempenhos ruins de bilheteira, como a franquia Animais Fantásticos, que tinha planos para cinco filmes, mas, após os fracassos de Os Crimes de Grindelwald e Os Segredos de Dumbledore, a saga foi encerrada como uma trilogia; a rejeição do público ao DCU de Zack Snyder; o filme da Batgirl, que teve um orçamento de 90 milhões de dólares e sequer foi lançado; além das polêmicas envolvendo atores como Johnny Depp, Ezra Miller e The Rock; o encerramento do Cartoon Network; e a recente rejeição tanto do público quanto da crítica à nova temporada de The Last of Us.
Esses e outros problemas indicavam um rombo no orçamento da Warner, que acumula uma dívida de 50 bilhões de dólares. E, por mais que, recentemente, a empresa tivesse começado a se reerguer com James Gunn no comando do DCU, obtendo sucesso com Pacificador e Superman, além da série de Harry Potter, que é, sem dúvidas, uma das produções mais aguardadas da cultura pop, a Warner se viu em uma situação extremamente complicada, culminando na venda de sua marca.
A era de ouro da Netflix
A Netflix, que vive uma realidade totalmente diferente, com sucessos consecutivos como Wandinha, Round 6, Stranger Things, Pinóquio (que levou o Oscar), e mesmo com inúmeras críticas aos aumentos nos valores da assinatura, segue em uma situação muito confortável. Agora, o que já estava bem para o Tudum tende a melhorar. Com o eventual encerramento da HBO Max, a Netflix poderá contar em seu catálogo com conteúdos da DC, Harry Potter, Game of Thrones, Cartoon Network, os canais CNN e TNT e muito mais.
Isso justifica a bagatela de 72 bilhões de dólares envolvidos na negociação. Embora a compra tenha sido oficializada, ela só será concluída em 2026, correndo o risco de ser bloqueada devido às leis de monopólio americanas, além do fato de que pessoas da indústria consideram essa venda prejudicial ao cinema. O co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, disse em entrevista que pretende manter a liberdade da Warner para continuar trabalhando da mesma forma.
“Minha principal objeção reside nos longos períodos de exclusividade, que não consideramos muito favoráveis ao consumidor. No entanto, quando falamos em manter a HBO em funcionamento, praticamente como está, isso também inclui o contrato de distribuição de filmes com a Warner Bros., que prevê um ciclo de vida que começa nos cinemas, e que continuaremos a apoiar.”
O que acontece agora?
A Netflix pretende ampliar o catálogo global e aumentar o poderio financeiro dos estúdios Warner/HBO nos Estados Unidos. A empresa também prometeu aos acionistas uma economia de 2 a 3 bilhões de dólares por ano a partir do terceiro ano sob o comando da Warner.
O público está dividido. Muitos acreditam que o padrão de qualidade das produções da Warner pode cair, enquanto outros acreditam que a marca está em boas mãos. No entanto, o veredito só virá à tona quando a Netflix fizer as primeiras movimentações. Será que teremos adiamentos? Cancelamentos? Demissões? Qual será o impacto no valor da mensalidade da Netflix com as novas adições ao seu catálogo? O que resta para o público é aguardar as próximas movimentações.
por Richard Henrique

