A cada ano que passa a cultura vem perdendo voz e vez, diante a arrogância e a ganância que há entre as pessoas, deixando empreendimentos culturais de fora, para dar oportunidade para construtoras e locações que apenas visam o afastamento e as criminalização dos grandes centros, tornando tudo mecânico e funcional, sem se importar com a essência e as pessoas que vivem e frequentam tal lugar. Continuar lendo “A cultura paulistana se perde diante empáfia e ganância do mercado imobiliário”
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[Cabine da Pipoca] Os cinemas de rua estão de volta ao circuito cultural paulistano
Na semana que sucedeu a reinauguração do Cine Belas Artes, na Rua da Consolação, região central de São Paulo, a prefeitura notificou de que irá revitalizar outros três cinemas de rua da cidade, sendo eles Cine Ipiranga, Art Palácio e Cine Marrocos, todos localizados na região da Cinelândia, também no centro. Como anunciou o prefeito Fernando Haddad e o secretário de Cultura Juca Ferreira na última quinta-feira (17).
A região conhecida como Cinelândia Paulista teve seu êxito nas décadas de 1930 e 1950, principalmente nas regiões do Largo Paissandu e Praça Júlio Mesquita, onde funcionava cerca de 30 até os anos de 1960, por isso a região ficou afamado por este nome.
Haviam também salas de exibição, vários estabelecimentos e instituições que faziam parte da vida cultural e agitada daquela região. A Avenida São João e transversais tinham diversos salões de dança, já na Avenida Ipiranga e imediações, concentravam-se os cabarés e boates. Nas localidades do Theatro Municipal e na Biblioteca Mário de Andrade, o Colégio Caetano de Campos, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), teatros, bares, restaurantes, confeitarias, leiterias, livrarias, hotéis, estúdios das principais emissoras de rádio da cidade e redações de jornais.
Era uma época onde a indústria cinematográfica estava em ascensão, as salas de cinema eram elegantes, e estavam prontos para receber o público, a maioria elite e pessoas aculturadas.
Um dos primeiros cinemas a ser construídos, especialmente por essa função foi o Cine Ufa Palace, depois rebatizado de Cine Art Palácio, na Avenida São João, em frente ao Largo do Paissandu. Inaugurado em 1936, apropriava o térreo de um edifício de seus andares, arquitetado por Rino Levi, possuí linhas modernistas, onde funcionava também o Plaza Hotel.
Além do grande cinema do centro, o Cine Marracos, na na Rua Conselheiro Crispiniano, no térreo de um edifício de escritórios.
O ano era 1951, e o projeto era assinado pelos engenheiros João Bernardes Ribeiro e Nelson Scuracchio, o Marracos tinha em sua decoração interna cenas inspiradas na história “As Mil e Uma Noites”, considerada, na época, a sala mais imponente e luxuosa do Brasil.
Porém, ao final da década de 1950, o centro de São Paulo começou a sofrer sinais de deterioração. A Avenida Paulista recebia os primeiros edifícios e conjuntos comerciais, atraindo toda a atenção do público, já que lá concentrava-se escritórios, consultórios médicos, lojas e cinemas, antes situados no Centro Novo. Anos mais tarde, na década de 1970, o Elevado Costa e Silva, o Minhocão foi construído, afastando ainda mais os antigos frequentadores do cinemas de rua, levando-os a região da Avenida Paulista, buscando cultura e diversão. Fazendo com que os cinemas nas localidades centrais exibissem filmes pornográficos, para que não fossem fechadas as salas, outros, encerraram suas atividades e alugaram destinaram seus estabelecimentos a outras vertentes comerciais, como estacionamentos, igrejas e bingos. O único que resistiu bravamente a sétima arte, foi o Cine Ipiranga, que até o ano de 2005 exibia longas do circuito cultural.
Por isso, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), reconhecendo o valor histórico e arquitetônico deste espaços, os Cines Art Palácio, Dom José, Ipiranga, Marabá, Marrocos, Metrópole e Paissandu foi tombado pela Resolução 37/92.
Desde então, as ações de revitalizações da região central há sido empreendidas pela iniciativa privada, governo e organizações não-governamentais. Recuperando assim antigos cinemas da região da Cinelândia Paulista, vitalizando e dando mais cultura a uma região que já foi marcada como a envergadura cultural não apenas paulistana, mas nacional.
Por: Patrícia Visconti



