A cultura paulistana se perde diante empáfia e ganância do mercado imobiliário

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A cada ano que passa a cultura vem perdendo voz e vez, diante a arrogância e a ganância que há entre as pessoas, deixando empreendimentos culturais de fora, para dar oportunidade para construtoras e locações que apenas visam o afastamento e as criminalização dos grandes centros, tornando tudo mecânico e funcional, sem se importar com a essência e as pessoas que vivem e frequentam tal lugar.

Dessa vez, o prejudicado foi o Anexo do Itaú de Cinema, radicado na Rua Augusta, 1470, que foi intimada a fechar as portas e entregar o prédio, para que em seu lugar, que hoje funciona duas salas de cinema e um café, dê espaço para um prédio residencial, como previsto no novo Plano Diretor de 2014, em que prevê um crescimento da cidade até 2030, levando mais moradias às regiões centrais, para aproximar as pessoas de seus empregos, diminuindo assim o deslocamento.

Todavia na prática não é bem isso que acontece, pois além dos imóveis a cerca dos centros urbanos não condizerem com as condições financeiros dos cidadãos, ainda está levando o crime ainda mais afinco para as ruas, fazendo com lugares tradicionais antes muito frequentado, a fecharem as portas ou moverem para outro lugar. Perdendo a essência significativa de uma rua Augusta boêmia e cultural, como era nos de 1990 até a primeira década dos anos 2000, em que cinemas, bares e casas noturnas davam um ar mais aculturado e diversificado, ao invés dos grandes muros ao lado de pequenas e escuras calçadas, fazendo com que a população se amendronte em caminhar calmamente pela região e curtir a noite nas ruas da cidade.

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O anexo foi inaugurado em 1995, dois anos após do Itaú de Cinema chegar à rua Augusta, e levar cultura e arte, com a premissa de levar uma forma cinematográfica distinta daquela exibida nos cinemas de shopping, além de promover a interação entre as pessoas, com cursos, palestras e projetos com engajamento fiel a Sétima Arte, levando entretenimento e conhecimento difernciado, onde antes era apenas visto como um âmbito de prostituição como entretenimento, ajudando também a revitalizar o centro da capital, dando distintas atividades culturais, e também empreendimentos comerciais que acabaram pegando carona no entorno e abriram suas lojas, bares e restaurntes, incentivando ainda mais o público frequentar a região.

Adhemar Oliveira inaugurou o Espaço Augusta em outubro de 1993 – na época patrocinado pelo Banco Nacional. O cinema foi o primeiro a apostar na iniciativa de exibir cinematografias independentes do mundo todo, além de promover a formação de público através de cursos e projetos como o Escola no Cinema, Sessão Cinéfila e Clube do Professor. Credita-se ao cinema a revitalização da rua Augusta. O comércio do seu entorno, como lojas, bares e restaurantes, foi estimulado pelo expressivo número de frequentadores do cinema”, disse a empresa em comunicado à imprensa.

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O Anexo – salas 4 e 5 – foi aberto em um sobrado bem à frente da sede, em março de 1995. O aconchegante cinema acolheu projetos cinematográficos importantes como o Curta às Seis, que diariamente projetava curtas-metragens brasileiros em sessões gratuitas na sala 4, e cursos do Escola no Cinema destacando a história e o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, os movimentos da cinematografia mundial e filmografias de diretores consagrados. A Mostra Internacional de Cinema exibiu ali inúmeros filmes, realizou debates com cineastas e promoveu o ciclo de depoimentos com personalidades da cultura ‘Memórias do Cinema’”, completa a nota.

E para impedir tal feito, como o fechamento do Anexo do Cinema Itaú, até uma tutela de urgência foi protocolada na Vara de Fazenda Pública do Foro Central da capital paulista prevê que o munícipio de São Paulo, elaborado pela promotora de Justiça do Meio Ambiente, Maria Gabriela Ahualli Steinberg, para “impedir sua desocupação e a instalação de qualquer empreendimento imobiliário e comercial no local”.

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A ação tem como premissa garantir que o cinema continue funcionando até a decisão do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), com pena de multa de $ 5mil reais por dia, sobre a extinção forçada das obras ordenadas pela construtora em questão, impedindo assim que o imóvel permaneça como ele está atualmente e não feche as portas, para que a história do cinema em São Paulo perca mais um capítulo, pela aspereza e soberba da ganância imobiliária.

por Patrícia Visconti

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