Depois do sucesso de Jeremias Pele, lançado em 2018, os vencedores do Prêmio Jabuti e Troféu HQ Mix de 2019, na categoria Histórias em Quadrinhos, retornam em Jeremias Alma, em uma trama emocionante sobre ancestralidade, racismo, merecimento e histórias. Sejam elas fictícias ou de vida, no clássico personagem de Mauricio de Sousa em mais um capítulo de sua bela e forte releitura.

A segunda edição, Jeremias Alma, como foi intitulado, foi anunciado na CCXP 2019 produzida por Rafael Calça e Jefferson Costa, volta com alto nível de leitura da história anterior, além das grandes descobertas, em que faz o Jerê querer encontrar seu caminho, em um enredo lindo e sensível que aborda temas em que remetem a cultura negra e ícones dos negros, em uma narrativa com elementos que nos fazem prestar mais atenção na realidade afrodescendente.

A 29ª Graphic novel MSP foi publicada pela Panini, com edição de Sidney Gusman, em que meses antes do lançamento da HQ, foi amostrado uma prévia pelas redes sociais, dessa nova edição de Jeremias Alma, em que teve a quarta capa, escrita pela atriz e escritora Elisa Lucinda. O lançamento dessa edição foi totalmente online, devido a pandemia do COVID-19, com direito uma sessão de autógrafos virtual com os autores.

A trama começa quando Jeremias está se mudando para o bairro do Limoeiro, enquanto seu amigo Franjinha, vai passar uns dias na Itália, terra de seu tataravô. Então algumas perguntas começam ecoar na cabeça de Jerê, então uma somatória de acontecimentos começam a envolver toda a sua família. Com isso faz com que ele se questione sobre seus antepassados e quem são eles e o que eles já fizeram de importante.

Sendo um dos pontos que mais bate em você, diversas vezes tenho certeza que pessoas negra por conta do embranquecimento já se questionaram, se pessoas negras já fizeram algo importante e é isso que o Jerê se questiona, na história os pais deles rapidamente o respondem sobre os grandes feitos dos povos negros e sua importância, já na realidade temos esse grande problema, temos essa falta de informação, temos a ideia de que o povo branco, o povo europeu, os colonizadores, que trouxeram cultura para os continentes, para outras populações, assim apagando toda a nossa ancestralidade.

Jeremias mostra a representatividade da cultura negra dentro da Turminha do Bairro do Limoeiro, trazendo à tona uma verdade indigesta em que parece ser ocultada, suprimida pela nossa história. Apresentando a origem da cultura brasileira, em que tudo começou com os negros, desde as alegrias, nossa música, nossa culinária, nosso comportamento acolhedor. Tudo isso é “nosso” porque eles não se importaram em dividir. Somos um país branco e preto e deveríamos ter, todos, as mesmas oportunidades e tratamento em todos os lugares e situações.

Uma história emocionante e divertida, afinal estamos falando do Jeremias, um dos garotos mais arteiros da rua de baixo do Bairro do Limoeiro, que o livro está disponível no site da Panini e de diversas lojas online; como Amazon, Comix Book Shop, Comic Boom, entre outras.

Jeremias –  Alma
Roteiro: Rafael Calça
Arte: Jefferson Costa
Edição: Sidney Gusman
Ano: 2020
Páginas: 100
Idioma: português
Editora: Panini Comics

Por Priscila Visconti