Um marco da literatura e da cultura paulistana, fechou as portas na última sexta-feira (9), decretando falência por conta da crise administrativa que estava tendo, que após anos de prejuízos financeiros, na qual incluiu diversos fechamentos das unidades físicas no Rio de Janeiro, a empresa até tentou renegociar suas dívidas com as editoras de livros e outros credores, sendo aceito por algum tempo, porém a divida era tamanha, que deu para segurar um dos centros da cultura de São Paulo foi tido a falência decretada, a empresa deve recorrer da decisão.
A loja teve falência decretada pela Justiça de São Paulo, após mais de 4 anos de uma recuperação judicial malsucedida. Quando entrou com o pedido em 2018, a livraria alegou ter dívidas de R$ 285,4 milhões.
A Livraria Cultura da Avenida Paulista, foi fundado em 1947, pela socialite Eva Herz, ela era filha de imigrantes judeus da Alemanha, apaixonada por livros, artes e cultura geral, que essa paixão acabou montando um serviço de aluguel de livros, Biblioteca Circulante em sua casa na Alameda Lorena, em São Paulo. Os livros eram importados da Europa e sua clientela era principalmente de imigrantes. O serviço se popularizou e a biblioteca circulante passou a emprestar livros de autores brasileiros, bem como a vendê-los.
Esse serviço começou a se expandir, que em 1969, Eva inaugurou a loja do Conjunto Nacional, renovando sua identidade visual e também como empresa, essa unidade no coração da cidade de São Paulo, sendo um marco cultural para a cidade, que podia contemplar a arte literária em um lugar amplo.
Quando a Livraria Cultura completou 60 anos, no ano de 2007, sua identidade visual modernizou e se renovou ainda mais, pois eles ampliaram ainda mais seus horizontes, reinaugurando o espaço antes ocupado pelo histórico Cine Astor, substituindo as quatro lojas menores existentes no Conjunto Nacional.
Foi uma época de ouro para Livraria Cultura, um centro que abrigava os livros de artes, mas os anos foram passando, e novas parcerias surgindo com as editoras como Companhia das Letras, Instituto Moreira Salles e Record, em um processo conhecido como varejo customizado. Mas viver de cultura no Brasil não é fácil, foi ai que a Livraria Cultura vendeu 25% de suas ações para o fundo Capital Mezanino, da gestora Neo Investimentos, em 2009; a associação ao Itaú acontece porque uma empresa que pertence ao banco presta serviços de administração para a Neo Investimentos.
No mesmo ano, a loja Record que também ficava no Conjunto Nacional, acabou fechando suas portas, e foi ai que surgiu a primeira unidade da Geek.Etc.Br. Uma loja de arte, especializada para o público Geek, que além de livros e quadrinhos, também tinham diversos lançamentos, exposições espalhadas pela loja e um ambiente descontraído e dinâmico, que contagiava e atraia uma grande público, fazendo que essa cultura geek, que atualmente é bastante presente, se enraizasse ainda mais no popular do país, já que pessoas vinham de fora para conhecer não só a Geek.Etc.Br, mas obviamente a Livraria Cultura.
Uma livraria que era mais que uma loja, era um ponto de encontro de fãs, entusiastas e autores, que se reuniam para conversarem e passar horas pelo local, que tinha um ambiente agradável, com diversos espaços e um clima familiar, na qual as pessoas não vinham a hora passar quando estava lá dentro, não era só uma loja de vendas de produtos, era um templo para os amantes da cultura pop.
Considerada um das maiores lojas do segmento de São Paulo, a Livraria Cultura, posuia três andores com livros de diversos gêneros, além de possuir sessões de música e filme. O local ainda possui uma cafeteria e um teatro e ainda ficava localizada ao lado do Metrô Consolação, mas assim como seu ‘spin-off’ a Geek. Etc.Br, uma das mais tradicionais do país, decretou falência. Muitos dizem que foi devido o baque para o varejo em 2023, seguido da história da Americanas e Marisa.
Mas essa história não é recente, já que a livraria pediu recuperação judicial, vamos esperar o que acontecerá com esse espaço, esperamos que alguma outra livraria, ou as editoras se unem, mantém o legado da Eva Herz e sua Biblioteca Circulante, na qual teve surgimento da saudosa Livraria Cultura.