Dirigido por Peter Baynton e Charlie Macksey, escrita por Joe Cocker e Mackesy, adaptado do livro escrito por Mackesy. O curta-metragem foi ganhador do Oscar 2023 de melhor curta-animado tem mensagens emocionantes do início ao fim, sobre uma jornada de descoberta de valores em meio à adversidade da vida.
“Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, disse o tio Ben, ao Peter Parker, em O Homem Aranha. O cinema está repleto de filmes com grandes mensagem sobre momentos da vida, muitas dessas são perpetuadas por cenas emblemáticas entre escolhas e perdas, mas entre os variados tipos de obras e suas entrelinhas, quais deles conseguem transmitir o recado de forma direta sem parecer invasivo ou clichê? O curta metragem animado ganhador do Oscar 2023 é sutil e direto ao ponto.
Em O menino, a Raposa, a Toupeira e o Cavalo, a mensagem fica explícita dentro do tempo de 34 minutos, um filme simples sobre a jornada de um menino perdido caminhando sozinho durante o inverno para chegar em uma casa, e que encontra no caminho alguns animais dispostos ao ajudar nessa jornada, cada figura carrega dilemas próprios e segredos, uma junção interesante e necessária para continuar a caminhada.
Quem sabe sobre tudo? pergunta difícil de encontrar resposta. A toupeira é o primeiro animal encontrado pelo menino, ou vice-versa, em um diálogo simples ela fala sobre estar perdido, e aconselha o garoto a ir em direção ao rio porque direciona a um lugar seguro. A segunda a encontrar o menino é a raposa, em um momento onde o garoto e a toupeira estão com medo e buscam abrigo no alto de uma árvore.
No entanto, somente no segundo encontro entre eles é possível ver a necessidade de deixar de lado a desconfiança e aceitar a ajuda, a raposa em um momento de fragilidade acaba sendo ajudada pelo menino e a toupeira, mas foge deles rapidamente por desconfiança, em um terceiro encontro ela ajuda a pequena toupeira que está se afogando em um rio.
Desse momento em diante, a dupla se transforma em trio, essa relação entre eles é interessante porque mostra as diversas facetas de lados opostos, o menino sempre com medo e duvidado da capacidade, enquanto a toupeira sempre ver o lado positivo apesar de toda a adversidade da vida imposta pelo momento, já a raposa que ter amigos e não se sentir sozinha, mas a desconfiança a impede no primeiro momento.
O cavalo é o último personagem a entrar nessa jornada, de quebra ele não parece perdido nem é desconfiado, pelo contrário, ele sabe de onde veio e porque está naquela situação sozinho. Ao encontrar o menino, a toupeira e a raposa, ele se sente acolhido e ninguém o questiona sobre qualquer coisa. Com segurança ele revela o segredo que guardava, entendendo a necessidade da situação de ajudar o menino perdido, ao revelar seu segredo, ele recebe acolhimento e entendimento de sua condição.
O filme tratar de amar sem julgamentos, entender as diferenças e as respeita, coloca em cada personagem uma camada de início que vai ganhando consistência conforme a trama vai acontecendo, mostrando diferentes momentos ensinando através de falas o lado positivo mesmo diante da adversidade, uma trama entre camadas finas e mensagens profundas.
A produção colocou um traço bem rabiscado parecendo algo desenhado a mão com lápis, um traço peculiar e lindo, a fotografia é outro grande destaque do curta, em diversos momentos é possível ver o quanto é exuberante cada paisagem mostrada no filme, a direção foca em planos fechados nos personagens para mostrar as emoções pelas quais estão passando no momento.
Vale ressaltar o quanto a escrita é perspicaz em colocar camadas profundas em cada diálogo entre eles, sempre trazendo lados positivos e encorajando o telespectador a criar em si esperança, a trilha é outro grande acerto da direção porque consegue transmitir toda carga dramática imposta nas cenas do filme. No fim, é entendido porque o filme foi vencedor do Oscar 2023, na categoria pela qual competia, afinal é lindo do inicio ao final, o curta pode ser conferido direto na Apple TV+.
por Daniel Guimaraes