Em um mundo em que todos correm para todos os lados e mal tem tempo de olhar e cumprimentar seu vizinho, a solidão, angústia e ansiedade tomam conta intensamente de cada indíviduo, tornando-o solitário e recluso até mesmo de si, fazendo com que as perspectivas sejam intensas e nulas ao mesmo tempo, criando um caos na mente que às vezes a melhor solução é encerrar sua passagem na Terra. Porém, nem toda conclusão, tem de ser cruel e horrenda, ainda mais quando você percebe naquilo que deixou para trás e poderia ter dado uma nova diretriz a sua vida.
No romance vencedor do Prêmio Orgulho na Valentina de Literatura LGBTQIAP+, Cartas para o Invisível, do autor romancista, formado em Medicina, pela Universidade Federal da Bahia, Lincoln Aramaiko, mostra com sutileza os dramas e traumas de um rapaz, Esdras, que apenas queria seguir sua vida, de mochila quase vazia, sem dinheiro no bolso, e um longo itinerário pela frente, em que mais ninguém teria notícias suas. Até que, uma carta endereçada a ele, faz com que seu rumo acabe se tornando outro, fazendo com que ele se desafie e dedique a entregar as cartas de despedidas de seu amigo de infância, que não vê há muitos anos e acabou se perdendo no mundo caótico.
Agora, Esdras terá uma nova oportunidade em entender as inquietudes, culpas e lembranças perdidas, em uma chance em compreender que estar à margem não é uma escolha, mas sim uma consequência, em um mundo horrendo que apenas visa o superficial e material das pessoas, e pouco se importa para os sentimentos mais ímpetos causados pelo S.T.T.S (a Solidão de Tudo, de Todos e de Si), que faz com que se isole e perca o contato com tudo e todos, até consigo mesmo.
Uma obra visceral e singular que aborda distintas representatividades sociais, além de debates de suma relevância que a sociedade ainda considera tabus, entre depressão, e síndrome de isolamento social, o autor convida os leitores em um reflexão veemente em uma visão tênue e expressiva sobre os transtornos da mente e como podem afetar as relações humanas, partindo de temas sensíveis como depressão e suicídio.
Cartas para o Invisível é mais do que um romance dramático, mas um conforto diante a solidão mundana da qual vivemos, em que nos faz solitários, mesmo rodeados de pessoas, em sua escrita precisa e delicada, Aramaiko leva o leitor em uma viagem marítima de um jornada de decisões, enfretamentos e particularidades envolvendo a mente humana, fazendo refletir em si as passagens de Esdras, entre conversas profundas que mobilizam e fazem sentir empatia a dor deliberada do outro a cada página ou capítulo virado.


