‘Fullgás’ – CCBB leva público de volta aos anos 80 com exposição nostálgica

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São Paulo volta aos anos 80 com a exposição Fullgás, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), trazendo obras de diversos artistas da década, e mostrando como era a sociedade da época. A exposição Fullgás, veio com uma necessidade de mostrar e falar do que foi, a produção artística brasileira, nesse período da década, de como a história vem construindo uma ideia de geração.

Em conversa com Tallison Melo, curador adjunto da exposição, comentou que junto com Rafael Fonseca, curador chefe, e Amanda Tavares, também curadora adjunta, para o processo de criação da exposição, entendiam que precisavam olhar para esse período com outra perspectiva. Entendendo do legado existente para o presente, em reflexo do que o Brasil é agora, porém, olhar também para a geração como um momento de construção, do que seria a arte contemporânea no Brasil

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Olhar para o país como um todo, observar o que acontecia em estados que estavam sendo criados nesse período, trazendo linguagens artísticas que ainda não estavam integradas aos museus, como a fotografia e vídeo, e linguagens novas como o videogame e a música eletrônica, entrando na exposição, com essa vontade de dar atenção para o que acontecia naquele momento, sem focar em uma linguagem específica.

A exposição, leva o nome Fullgás, música de Marina Lima, com o desejo de uma palavra que sintetizasse dois aspectos importantes, sendo uma palavra ambígua, “full” e ‘Gás”, que no inglês significa “tanque cheio de gasolina”, trazendo a reflexão de ampliar as coisas, dar marcha para novos projetos, em português, “fugaz” significa algo passageiro, efêmero, trazendo essa ambiguidade, por ser uma década que parecia perdida, mas também, a década que deu abertura para a redemocratização, o início de uma estruturação de movimentos em torno da ecologia, revisar a identidade brasileira.

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Foi uma grande seleção de artistas e obras, estão presentes 240 artistas, de 600 que foram contatados, dando prioridade para artistas que estavam começando sua carreira entre 1978, ano final do AI-5, e de 1993, primeiro ano após o impeachment de Fernando Collor, e antes do plano Real. Foram necessários diversos levantamentos, abrindo suas opções de escolha, para poder recortar e moldar de forma que se encaixasse na exposição.

A exposição é dividida em cinco núcleos, tendo nome de músicas da década, como em “Que país é esse?”, que busca pensar a dimensão política e identidade do país. “Diversões Eletrônicas”, mostrando um ambiente com a entrada da tecnologia no campo da arte, e na mediação cultural. O “Beat acelerado” falando da intensidade do corpo, da liberdade de expressão e construir nichos para a experiência de grupos minorizados e marginalizados. “Pássaros na Garganta”, onde aborda a questão da ecologia, e relação com a natureza. E “O Tempo Não Para”, núcleo que mais fala da passagem do tempo, com a morte, vulnerabilidades, algumas injustiças ou tacos ainda de um contexto ditatorial, que se tornam fantasmas, assim para essa nova democracia.

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A exposição traz vários tipos de reação, para quem viveu os anos 80, vem como uma nostalgia, uma emoção em reconhecer elementos que tem uma certa memória afetiva, e quem não vivenciou os anos 80, ficam instigadas a entender melhor o que foi esse período marcante para a história do país.

A mostra Fullgás ficará em cartaz até o dia 4 de agosto, em seguida, entrará uma nova exposição, sobre memes, ainda sem nenhuma informação adicional sobre. O horário de funcionamento do CCBB é das 9h até 20h, abrindo de segunda a domingo, exceto às terças-feiras, com entrada gratuita.

por Lucas Cerqueira

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