Yannick Hara expressa com intensidade a conexão visceral do RAP com o Cinema Novo

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Yannick Hara é mais que um rapper brasileiro, mas também, um poeta, conscientizador e propagador da cultura autêntica, original e nacional, com suas letras sagazes e categóricas o artista expõe de forma visceral a cada produção lançada, trazendo veementente suas inspirações mais intrínsecas em obras atemporais e genuinamente marcantes.

Os últimos grandes lançamentos de Yannick foram Terra em Transe Brasilis Vol 1 (2021) e Politiki Vol 2 (2022), inspirado na obra do cinema novo, do diretor e cineasta Glauber Rocha, Terra em Transe, que foram fundamentais e significativas para mostrar as crenças e opiniões abordadas há mais de cinco décadas atrás, que hoje continuam tão complexas e dessemelhantes, pela “jornada pelo poder, as relações políticas e promíscuas entre políticos e partidos políticos, concordo demais com a visão de Glauber Rocha e do filme Terra em Transe (1967)“, completa o rapper.

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Um projeto autêntico e original, com letras loquazes, que envolve e politiza o público pelas estrófes engajadas e expressivas, mostrando com uniformnidade, a essência do artista, com sua sonoridade singular buscando indagações e reflexões, que demorou quase uma década até concluir a ideia em unir o rap com o cinema novo brasileiro, mostrando de forma voraz e direta as diferenciações do cenário social do país, aos problemas mais inerentes emblemado.

A ideia de fazer esse disco começou em 2013 quando conheci o Pedro Paulo Rocha (filho de Glauber), infelizmente na época não consegui iniciar o projeto. As gravações correram em 2020, 7 anos depois, Pedro Rocha me emprestou um livro que tinha todo o roteiro do filme Terra em Transe (1967) e ali comecei as retirar frases das falas dos personagens e transformá-las em rima. A essência das obras Brasilis Vol 1 e Politiki Vol 2 eram de unir o rap com o cinema novo brasileiro responsável pela estética do Tropicalismo, além de exaltar a memória do cineasta Glauber Rocha“, explica Yannick sobre a produção do projeto.

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A versão Terra em Transe do músico paulistano, expressa com total expertise e relevância, quão a conexão das artes pode ser vantajoso para a arte e a cultura, principalmente para os artistas autorais e independentes, que ganham a cena diariamente através de obras originais e verazes, mostrando como essa conexão é atemporal e intensa; “o ganho é uma mão de via dupla. É a anarquia na sua mais enorme definição“, acrescenta Yannick, que ainda finaliza afirmando quão “a essência anarquista do rap nacional, um rap sem governo, em prol somente e unicamente ao povo. Glauber é do povo e não da classe média“.

O projeto não apenas enriqueceu e trouxe a obra de Glauber Rocha novamente em evidência, como fez com o rapper conquistasse em auge como artista independente, mostrando com plena intensidade uma produção eloquente da qual ele se identifica, trazendo a importância do filme, e apresentando com total entendimento e compreensão, maneiras diversas em absorver e transformar o cinema do cineasta em rimas precisas e implicadas, libertando não apenas o artista dentro de Yannick, mas a revolução empenhada de se libertar das amarras de um sistema céptico e inapto.

por Patrícia Visconti

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