O espaço inaugurado em 1966 está temporariamente fechado para reparos no telhado.
A biblioteca situada na zona leste paulistana carrega o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que somente em 2010 passou a assinar como Cora Coralina.
Foi fundada inicialmente como biblioteca infantil, mas em 4 de julho de 2015, a Secretaria Municipal de Cultura, em conjunto com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, inaugurou na biblioteca a primeira sala temática feminista de São Paulo.

Fechada desde dezembro do ano passado para consertos no telhado, arrancados por ventos fortes. Os usuários se deparam com portões trancados por correntes e um aviso informando sobre o não funcionamento do local. A coordenadora da biblioteca Cléo da Silva Lima, relatou que a reforma iniciada em abril terá duração de 90 dias.

A estudante Larissa Benites, 19, afirma: “Muitos moradores ficam sem poder usar os serviços como internet, livros e espaço de estudos”. E completa “além disso, foi inaugurada a temática feminista ano passado, o que atraiu a atenção de muitas mulheres e estudiosos de diversos locais da cidade e de fora por conta disso. Com o fechamento, todas essas pessoas ficam sem o acesso a esse acervo e espaço de luta pelos direitos das mulheres”, finaliza Benites.

Acervo feminista
Além do acervo de 47 mil exemplares formado por livros de literatura e informação, revistas, atlas, multimídia, livros falados e audiolivros, entre outros. A biblioteca ganhou em julho de 2015 o conteúdo de temática feminista, com catalogo de 720 obras, sem contar a coleção Rosangela Rigo, com mais 355 títulos, e ainda revistas e jornais. Consulte aqui algumas das obras feministas.
Obras de Cora Coralina
Cora Coralina (1889-1985) nasceu na cidade de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889. Em 1908 passou a publicar no jornal de poemas femininos “A Rosa”. Em 1910, publicou o conto “Tragédia na Roça” no “Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás”, usando o pseudônimo de Cora Coralina pela primeira vez. Em 1976, é lançado o livro “Meu Livro de Cordel” pela editora Goiana, recebendo elogios de Carlos Drummond de Andrade.
A escritora é considerada por muitos uma mulher forte e libertária, explica a escolha da biblioteca, ser a primeira a conter a temática feminista no estado de São Paulo.
O poema abaixo é de Cora Coralina ou Ana Lins, a aninha:
ANINHA E SUAS PEDRAS
“Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede. ”

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Por: Gabriela Alves