No último dia 10 de janeiro, aconteceu na capital carioca a première da tão aguardada comédia nacional Juntos e Enrolados, que passou por uma odisseia até, finalmente, ser exibida nos cinemas de todo o país.
Para quem não sabe ou não se lembra, a produção nacional teve de atrasar o lançamento por conta da pandemia, fora que o início das gravações foram marcados por um infeliz episódio onde a atriz Cacau Protásio foi alvo de injuria racial e comentários gordofóbicos depois de gravar uma cena em um quartel do corpo de bombeiros no Rio de Janeiro, o que foi lamentável e gerou grande comoção. Mas passado todos os percalços, o longa dirigido por Eduardo Vaisman e Rodrigo Van der Put, mas enfim está entre nós.
A trama baseia-se após dois anos de união civil, o casal apaixonado Júlio (Rafael Portugal) e Daiana (Cacau Protásio), finalmente conseguem juntar dinheiro para realizar uma cerimônia religiosa e a tão sonhada festa de casamento. Mas bem no dia da celebração, ao ler uma mensagem no celular do marido, Daiana acredita que está sendo traída e decide terminar com tudo antes mesmo de subir ao altar. Para desespero de Júlio que tenta explicar o ocorrido mas sem estragar a surpresa que preparou para a lua-de-mel. O que não dá certo, claro. E é aí que a confusão toda começa já que Diana decidi transformar o evento em uma Festa de Divórcio, e Júlio embarca na provocação.
Provocação essa que chega a ser bobinha e não convence muito o público, mas a gente aceita porque já esperávamos por tal. Mas a verdade é que as cenas das tretas entre Júlio e Daiana não chegam a ser tão engraçadas, arrancam uma risada e outra ali, e o que mais encanta mesmo são justamente os momentos românticos entre o casal, devido ao sincronismo singular do entrosamento entre Portugal e Cacau, chega a ser palpável a química entre os dois, o que faz com que a gente crie de cara um carinho pelos personagens.
E mesmo com algumas cenas forçadas, o longa conta com a carismática Evelyn Castro e o divertidíssimo Fábio de Luca (parceiros de Portugal no Porta dos Fundos). E ainda, traz ótimas atuações de Leandro Ramos, Emanuelle Araújo, que conta com as participações de Fafy Siqueira, Berta Loran, Tony Tornado e Neusa Borges (que entra muda e sai calada, tô até agora tentando entender isso?); E também tem um Marcos Pasquim bigodudo, meio bobo e completamente fascinado por Diana, um personagem que foge totalmente daqueles tipos sedutores que ator estava acostumado a interpretar.
Ainda que muito bem intencionado, Juntos e Enrolados não é assim uma Brastemp e acaba que ele entra na categoria a qual eu chamo de “Filme da Sessão da Tarde“, ou seja, em breve vai passar na TV, num horário nobre, as pessoas vão ver, rir e seguir com suas vida. Nada demais. Mas vale por ser o primeiro filme no qual Rafael Portugal é o protagonista, e também por mostrar uma Cacau Protásio dando vida a uma personagem forte e sensível ao mesmo tempo. E vale também por trazer a comédia nacional de volta as salas de cinema de todo o país, o público estava mesmo precisando disso.
Todavia, apesar dos pesares, o enredo ainda carrega consigo uma mensagem que vale muito a pena, sobre o amor e as diferenças, alegando de que vale amar, perdoar, ser feliz e aceitar os defeitos do outro.
por Cacau dos Santos