100 anos da Semana de Arte que revolucionou a cultura no Brasil

A Semana de Arte Moderna foi um dos maiores acontecimentos culturais, não só para a cidade de São Paulo, mas para todo o Brasil, e neste ano completa 100 anos. A eventualidade ocorreu entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, organizada por diversos artistas e intelectuais da época, sendo um marco artístico e cultural no país.

Este movimento houve um desenvolvimento de diversas áreas culturais, como pintura, escultura, poesia, literatura e música. O resultado foi que a mobilização de tantos artistas representou o marco do Modernismo no Brasil, sendo uma verdadeira revolução na cultura nacional, já que o jeito de se fazer arte restou profundamente modificado.

A Semana de Arte Moderna, embora não tenha inaugurado o Modernismo no país, inovou a forma de se produzir arte, mas as celebrações correram devido à uma época cheia de turbulência políticas, sociais, econômicas e culturais que o Brasil estava passando, e as novas vanguardas estéticas surgiram para mostrar ao mundo novas linguagens desprovidas de regras.

Porém, ocorreram muitas críticas, que em parte foram ignoradas, sendo não muito compreendidas pela burguesia da época, mas mesmo assim a Semana de Arte Moderna foi encaixado no contexto da República Velha (1889-1930), controlada pelas oligarquias cafeeiras – as famílias quatrocentonas – e pela política do café com leite (1898-1930). O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a república e a elite paulista, estava totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais.

O maior objetivo dessa Semana era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com “a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual”, como informava o Correio Paulistano, órgão do partido governista paulista, em 29 de janeiro de 1922.

Grandes nomes do modernismo brasileiro participaram da Semana de 22, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de Moraes que entretanto, por estar doente, dela não participou. Na ocasião da Semana de Arte Moderna, Tarsila do Amaral, considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, se encontrava em Paris e, por esse motivo, não participou do evento. Muitos dos idealizadores do evento eram quatrocentões.

A nova intelectualidade brasileira dos anos 10 e 20 viu-se em um momento de necessidade de abandono dos antigos ideais estéticos do século XIX ainda em moda no país. Havia algumas notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento, mas ainda não se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.

A jovem pintora Anita Malfatti voltava da Europa trazendo a experiência das novas vanguardas, e em 1917 realiza a que foi chamada de primeira exposição modernista brasileira, com influências do cubismo, expressionismo e futurismo. A exposição causa escândalo e é alvo de duras críticas de Monteiro Lobato, o que foi o estopim
para que a Semana de Arte Moderna tivesse o sucesso que, com o tempo, ganhou.

O principal foco de descontentamento com a Semana era a ordem estética estabelecida na qual se dava no campo da literatura, os exemplares do futurismo italiano que chegavam ao país, começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida.

A Semana de Arte Moderna no Brasil foi abertura público do modernismo brasileiro e tinha a intenção de mostrar uma arte mais nacional, com a identidade brasileira como deveria ser, com cenas do cotidiano sem haver espaço para formalismo, e sim para a oralidade e para a liberdade de expressão e de forma. Buscando a Arte Moderna com uma forte influência artística estrangeira, apropriando-se dessas vanguardas para criar uma identidade nacional dentro da arte. As manifestações vieram de uma forma mais engajada e como denúncia social, contrapondo-se radicalmente aos ideais da burguesia.

A Semana de Arte Moderna de 1922, se estendeu até a segunda metade do século passado, e busca por uma expressão artística nacional e inovadora; Na literatura, a valorização do cotidiano, expresso em linguagem simples, que este ano de 2022 celebra 100 anos de muitas histórias, porém ainda como algumas falhas e más olhares para o novo da cultura no país.

Mesmo assim celebramos essa data com orgulho e prestígio, relembrando o intuito do que foi esse movimento começou em 1922 e foi até próximo ao final da Segunda Guerra Mundial, a importância de celebrar a cultura brasileira e de seus artistas, que lutaram pela valorização do cotidiano, expresso em linguagem simples de uma expressão artística nacional e inovadora.

Em celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna, a prefeitura de São Paulo organizou uma série de eventos, em diversos museus e centro culturais da cidade, como Teatro Municipal, Pinacoteca, Memorial da América Latina e nas Fábricas de Cultura. Para mais informações acesse o site Cultura.SP.

Por Priscila Visconti

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