Fanzines são publicações independentes, feitas por fãs ou produtores de conteúdo, sobre diversos assuntos, feitos de maneira autoral, suas páginas agregam um compilado de assuntos particulares lançados de forma livre e direta, sem vincular terceiros, com a liberdade significativa em se expressar de maneira objetiva e desprendida.
Os primeiros fanzines foram publicados na década de 1930, quando fãs de ficção científica escreviam seus textos em formato de boletins, onde traziam nele ilustrações, histórias em quadrinhos, poesias, músicas, ficção científica, cinema e artigos teóricos.
“Os fanzines sempre contribuíram para o mercado editorial, não por acaso as pessoas perceberam que poderiam se auto publicar, também no sentido de criatividade gráfica. Notamos hoje os grandes eventos que envolvem as artes gráficas mais da maioria é produzida e tocada por editores e artistas independentes“, esclarece a autora, educadora e produtora cultural brasileira, Thina Curtis.
Mas, foi na décadas 1970 e 1980 que o fanzine ganhou força e notoriedade como mídia alternativo, com o movimento punk, quando este foi usado para publicar e divulgar opiniões, pensamentos e ideologias diferenciadas na mídia convencional, muitas vezes formado por jovens em colégios e universidades, para difundir suas essências mais viscerais de maneira ampla e imparcial, sendo uma ferramenta essencial até hoje, para autores indepedentes a promoverem seus trabalhos, artigos, artes e publicações.
“O fanzine é um ótimo lugar para ser livre, um lugar seguro para se construir como autor sem a pressão de ser lucrativo ou de sucesso, tanto para autores desconhecidos quanto para os confirmados“, fundamenta a autora e quadrinista Léa Murawiec.
E nos últimos anos, com a proliferação de artistas independentes e coletivos ganhando destaque no mercado editorial, com diversas editoras, autores e produtores de conteúdo trazem por si suas obras, a CCXP23, como um dos maiores festivais de cultura pop do mundo não poderia deixar de notar essa proliferação, e tais artistas e autores ganharam suas mesas pelos corredores do Artists’ Valley, construindo e fortalecendo a cena alternativa.
“Os coletivos são uma boa maneira de construir uma contracultura e fazer com que algumas vozes inéditas emerjam e se fortaleçam. É muito importante deixar o coletivo mostrar sua arte em um espaço tão midiático como a CCXP. Mas acho que há melhorias a serem feitas, porque elas representam apenas uma parte muito pequena da feira para o espaço que deveriam ter“, aponta Léa quão satisfatório foi participar do evento e da agnição perante a magnificência representada pelos coletivos e artistas independentes. “Minha experiência na CCXP foi ótima, conheci muitos leitores e também muitos cartunistas brasileiros talentosos graças à incrível Gabriela da Mina de HQ. Fiquei impressionado que a maioria deles publica por conta própria, não temos muitos autores que publicam por conta própria na França!“; completa a quadrinista.
Assim também relatou Thina, que a CCXP23; “Foi um grande reconhecimento ao meu trabalho, trajetória e ativismo a cultura nerd. Uma grande oportunidade de lançar um livro (BraZineiras) sobre o protagonismo das mulheres fanzineiras no Brasil foi sensacional um sonho realizado“.
Apesar de alguns problemas editoriais e sensoriais referente aos fanzines, mas ainda, essa é um arte que tem a se manter, mesmo diante aos avanços tecnológicos, já que para a produção do mesmo, não necessita muitos artíficios para produzir, basta apenas tem anseio de expôr suas ideias no papel e conectar pessoas que compartilhem de seus ideais, apesar dos custos de impressão.
Todavia, Léa acredita que “as mídias sociais fizeram uma grande mudança. Muitos artistas lutam para encontrar uma editora porque o sexismo, a homofobia e o racismo na indústria editorial não os deixam expressar a sua arte”, a quadrinista ainda afirma que com essa difusão de mídia, “os autores conseguiram reunir um grande público através das redes sociais foram ajudados por crowdfundings”, ganhando assim uma notoriedade, mesmo que pequena, diante da expansão da Internet, mas que ela ainda acredita que um dia “possamos ter mais liberdade além disso mídias sociais no futuro“.
Enquanto Thina finaliza dizendo que “o futuro já está acontecendo a alguns anos, eles têm chegado em espaços antes inimagináveis, também foram suportes e estruturas de vários formatos de mídia não só impressa“, e ela ainda afirma com exatidão que os autores sempre vão estar “firmes, fortes e potentes, devido a criatividade e praticidade camaleônica dos fanzines“.





Boa matéria que mantém a valorização dos fanzines, e que atualmente tem suas outras categorizações como artezines e biograficzines, sem nos esquecer do dia 12 de outubro, que também desde 2012 vem se firmando como o Dia Nacional do Fanzine. Parabéns, de novo, à Thina, pelo reconhecimento dado a ela (e ao fanzinato).
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