Uma surpresa de final de ano, Godzilla Minus One, estreou no Brasil no último dia 15 de dezembro, sem muito alarde ou campanha de marketing grandiosa, mas tem rendido bons resultados na bilheteria do mercado internacional. O filme mistura drama e terror acompanhado de dilemas morais pelos personagens do núcleo humano, conseguindo emocionar e aterrorizar na medida correta para um bom filme do Godzilla.

A produção tem assinatura do diretor Takashi Yamazaki, sob direção do estúdio Toho, com custo de investimento de US$ 15 milhões de dólares, um valor considerado baixo para Hollywood. No entanto, aqui é o valor necessário para entregar efeitos visuais competentes, um drama comovente e boas cenas de ação, seja pela amostra da grandiosidade da criatura ou pela intervenção humana na tentativa de sobreviver.

Em Godzilla Minus One, um soldado kamikaze da marinha do Japão, resolve desistir de sua missão durante a segunda guerra mundial. Ao desertar de continuar com a missão suicida, ele retorna e pousa em uma ilha onde há um grupo de mecânicos de aeronaves. No entanto, durante uma noite, o soldado e os mecânicos são atacados por uma criatura animalesca de tamanho gigante, e durante esse ataque somente dois sobreviveram, um mecânico e o piloto kamikaze.

Há algum tempo Hollywood tenta fazer um filme sobre monstros de tamanho colossal da certo no cinema, porém pouco coisa é bem aproveitada quando levando em conta uma produção realmente decente, isso porque na maior parte desse tipo de trama feito no ocidente, a criatura sempre fica em segundo plano, enquanto o núcleo humano é a válvula de escape para solucionar a problemática apresentada.

Em “Minus One” não é o contrário, caso você pensou que fosse, mas há uma construção de drama muito mais intensa e interessante. Aqui o núcleo humano não está apenas tentando sobreviver de um ataque do Godzilla, há uma população tentando juntar os pedaços deixados pela recente marca da guerra, um povo que não pode contar com o governo para ajudar na situação, uma sociedade pobre de recursos diante de uma criatura de poder esmagador.

O drama vivido pelo protagonista é real e o público pode sentir o dilema dele em cada tomada de decisão, assim como, o terror a cada nova aparição do Godzilla. O grande Kaiju, não tem um motivo para destruir, ele é a própria força da natureza em busca de algo não explicado durante o filme, isso é sem dúvida uma questão em aberto.

Como dito acima, a produção teve um custo relativamente baixo, entretanto, a direção do projeto é assertiva em cada centavo investido no filme, porque a criatura é sem dúvida, a mais ameaçadora da última década entre as adaptações do personagem. Desde a forma como ele vem crescendo ao longo da história, ao uso dos poderes atômicos, absolutamente tudo nele funciona para repassar ao público a ameaça.

Assim também, o núcleo humano e seus dilemas morais. Se o filme fosse somente sobre os personagens, é certo dizer que funcionaria também como história separada, porque abre espaço para debates sobre a forma como um soldado da época leva a vida somente com propósito de servir, sem uma perspectiva de futuro, em prol de algo que em suma não deveria estar acontecendo, lutando por homens pela qual pouco se importam como vidas perdidas durante as guerras.

Ou seja, Godzilla Minus One é aquele filme feito para fazer você chorar enquanto se pergunta, “Oh My God, e agora?”, mas calma, tão inteligente quanto a inserção do Godzilla feito pelo diretor, é a forma como ele cria a situação e explica como derrotar o monstro, usando os poucos recursos e mãos de obra disponíveis na trama. Funciona? sim, com algumas surpresas bem vindas e convenientes, trazendo a remissão do protagonista e um belo encontro final.

Ah, é sem dúvida emocionante do começo ao final. Prepare o lenço, o filme pode te fazer chorar no final, não tenho dúvida. Godzilla Minus One está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, com direção de Takashi Yamazaki, produzido pela Toho Studios e Robot e distribuído pela Toho Co.

O filme foi estrelado por Ryunosuke Kamiki, Minami Hamabe, Yuki Yamada, Munetaka Aoki, Hidetaka Yoshioka, Sakura Ando e Kuranosuke Sasaki.

por Daniel Guimarães