A representatividade inclusiva e visceral no mundo dos games

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No mês do orgulho LGBTQI+, o mercado de games se comprometeu a trazer inclusão e representatividade. Jogos como Dead by Daylight trouxeram seu primeiro personagem LGBTQI+.

No trailer de Tome 11: Devotion, aonde David King, um dos sobreviventes jogáveis, é gay. De acordo com Bernardo Meira, homem trans de 22 anos, é importante dar mais oportunidades para pessoas do meio LGBTQIAP+ que trabalham com jogos e criam conteúdos para que haja mais personagens representativos, de forma que os usuários se sintam confortáveis jogando. Mesmo com o maior entendimento e preocupação das desenvolvedoras em trazer a representatividade, o mercado percorreu um longo caminho para chegar até seu estado atual.

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O primeiro personagem homossexual, Paco, surgiu em 1985, no jogo de computador Le Crime du Parking. Ao final do game, ele revela ser o antagonista. A comunidade, por muito tempo, foi representada dessa forma.

Jogos como Street Fighter utilizavam os personagens LGBTQIAP+ como alívios cômicos, de formas extremamente estereotipadas com homens gays muito afeminados e mulheres lésbicas extremamente masculinizadas. Além disso, muitas vezes, por questões comerciais, as empresas eram obrigadas a lançar versões alternativas de seus jogos, sem estes personagens, tendo baixas nas vendas. Dados do LGBTQ Game Archive, apenas três personagens LGBTQIAP+ foram identificados nos games em 1986, enquanto em 2014 esse número saltou para 72. Segundo Meira, esse processo de transição levou muitos anos devido ao público-alvo, focado em homens que são os maiores consumidores.

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Mas a história mudou, quando mais mulheres e pessoas do meio LGBTQIAP+ passaram a demonstrar interesse no mercado. Assim, ganharam mais espaço nas produções. A proposta é que essas pessoas também se identifiquem e se sintam confortáveis na hora de jogar. Um bom exemplo foi Life is Strange, de 2015, que trouxe em suas personagens principais Chloe, uma nítida garota lésbica, e Max, que ainda estava se descobrindo. Têm uma linda relação e, de acordo com as escolhas do jogador, elas podem acabar se beijando. Fugindo de qualquer estereótipo, mostram características profundas e únicas.

Quando se tem uma representatividade real sobre uma luta diária, a pessoa LGBTQIAP+ vai se sentir acolhida, pode acabar se identificando com algo que tem ali e por fim vai compartilhar com outras pessoas que passam pelo mesmo e isso acaba atraindo mais e mais público”, afirma Meira.

Tracer, de Overwatch, jogo de 2016, é outra personagem que traz inclusão. Pela primeira vez em uma história em quadrinhos da franquia, Tracer é uma mulher lésbica, capa dos jogos e personagem divulgação do jogo. Embora essas inclusões tenham atraído o público representado, muitos jogos sofreram grandes resistências com dizeres de “não sou gay, não quero ser obrigado a jogar com um personagem assim”.

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Casos como a reprovação do beijo entre Ellie e Dina em The Last of Us, de 2018, nos mostra que ainda há uma parcela de público intolerante que consome os games. “Minha namorada é bi e jogamos Stardew Valley. Quando mostrei pra ela que nesse jogo era possível casar com pessoas do mesmo gênero ou do gênero oposto, ela acabou se sentindo representada e isso fez ela ficar mais feliz jogando algo que ela gosta muito”, conta Meira.

Meira relata que acredita que a representatividade LGBTQIAP+ nos games faz com que as pessoas se sintam acolhidas e mais confortáveis na hora de se sentar para jogar alguma coisa, ou até mesmo para tentar se distrair dos problemas que enfrentam diariamente. Ele, por exemplo, consegue ser quem sempre quis por conta de um jogo, pois ali não precisa dar justificativas para ninguém. Mas ainda considerava que faltava algo que o representasse mais. Então, quando joga algo representativo, se torna muito mais confortável e feliz fazendo uma das coisas que mais gosta.

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Games como Dragon Age, Bully, Apex, Assassin’s Creed: Odyssey contribuem para a diversidade na indústria. “A representatividade é uma das principais maneiras de combater o preconceito e com a continuidade é possível aumentar o número de personagens LGBTQIAP+. A partir daí, serão inseridos e aceitos com naturalidade no mercado”, conclui Meira.

por Elivan Junior

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