Se tem um filme do gênero de terror e suspense que merece o título de clássico incontestável do cinema, esse é O Iluminado. A obra prima de Stanley Kubrick, lançada em 1980, e que se prepara para ganhar a sequência Dr. Sono (estréia em 07 de novembro), é lembrada por fãs e críticos como uma das mais bem sucedidas adaptações de uma obra de Stephen King, talvez justamente por se dar a liberdade de se afastar em diversos momentos das páginas dos livros, o que torna a experiência mais sensorial e psicológica. Esse desvio, porém, não desrespeita em nenhum momento seu material original, e acaba se tornando uma visão única de um diretor genial sobre a palavra escrita.
O enredo gira em torno do escritor Jack Torrance (vivido de forma magistral por Jack Nicholson) que se muda junto com sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e de seu filho, o garotinho Danny (Danny Lloyd), para o luxuoso hotel Overlook, onde ele assume a vaga de zelador para cuidar do estabelecimento durante o inverno. O escritor vê aí uma uma oportunidade perfeita de se isolar do mundo externo para desenvolver seu novo romance. O problema começa quando o isolamento, e eventos fora do comum, passem a afetar sua sanidade, tornando-o gradativamente mais perigoso à amada família.
Uma das coisas mais incríveis sobre este filme é a forma que o diretor usa para escancarar a loucura do protagonista. Ele começa como um pai qualquer, um marido qualquer, e ao longo da história acompanhamos ele se afundando cada vez mais em sua própria insanidade, ao mesmo tempo que vemos o pequeno Danny descobrir e desenvolver espécie de poderes psíquicos. Essa combinação, junto com o cenário claustrofóbico e restrito do hotel no meio do nada, durante um rigoroso inverno, é perfeita para gerar tensão no espectador, o que acontece do início ao fim. Esse também é um dos filmes mais folclóricos de Hollywood, possuindo várias curiosidades. O próprio Stephen King já disse odiar o filme e não foi o único.
No ano do lançamento, Stanley Kubrick e Shelly Duvall foram indicados ao Framboesa de Ouro de pior diretor e pior atriz respectivamente. Para quem não sabe o Framboesa é um “prêmio” satírico que coroa os piores do ano, quase um Oscar às avessas.
Todavia, O Iluminado é acima de tudo é um terror psicológico. Não dá sustos, dá medo. Cenas como a das gêmeas do corredor, o Red Rum, o tsunami de sangue no elevador ou o clássico Here’s Johnny são perturbadoras até hoje, quase 40 anos depois do lançamento. Tudo que os fãs deste clássico esperam é que sua continuação Dr. Sono mantenha a qualidade e respeite a obra original.
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Outras curiosidades sobre O Iluminado:
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- Kubrick ignorou o roteiro escrito por Stephen King para o filme. Segundo o diretor, ele o fez por considerar a escrita do mestre do suspense “fraca”.
- Stephen King afirmou que Kubrick costumava ligar para sua casa de madrugada para discutir detalhes do filme.
Além de não ter gostado do filme, King também não curtiu nada o trabalho de Jack Nicholson, afirmando que ele não era o ideal para o papel. - Uma das diferenças entre o livro e o filme é o número do quarto. No livro era o 217, já no filme foi alterado para 237. Isso foi feito para que os hóspedes não evitassem se hospedar neste quarto no hotel real onde foi gravado o longa já que não existia a numeração 237 no hotel. Curiosamente, o quarto 217 é o mais solicitado no local.
- Esse foi o único papel de Danny Lloyd no cinema. E ele não sabia que estava em um filme de terror. Como na época das gravações o jovem ator só tinha 5 anos, o diretor lhe disse que estavam fazendo um drama.
- Talvez a cena mais lembrada do filme foi um improviso. Quando Jack quebra a porta do banheiro com um machado, Nicholson acrescentou o grito “heeeere’s Johnny!”. O bordão era de Ed McMahon, no programa “The Tonight Show – Starring Johnny Carson”.
- O diretor era notoriamente brutal com Shelley durante as gravações. Ele proibiu todos na equipe de interagirem com a atriz, deixando ela num estado de absoluto stress, que foi vista na tela.
- Uma das cenas de discussão entre Wendy e Jack entrou para o Guinness Book, pois levou 127 tomadas para ser gravada.
Por Rafael De Paula