A Segunda Guerra Mundial já foi representada em diversos filmes, mas em O Resgate do Soldado Ryan é que se tem uma das sequências mais realistas e agoniantes que o cinema já fez.
Em seus 30 minutos iniciais o filme retrata o Desembarque na Normandia, mais precisamente na praia de Omaha em junho de 1944. Acompanhamos o capitão John H. Miller ( Tom Hanks) enquanto ele e seus companheiros chegam ao continente surpreendidos pelo ataque dos rivais nazistas.
Não conhecemos os personagens, não sabemos ainda nem seus nomes, mas logo nos importamos. Nos é mostrado com frieza a situação que estão passando, vemos os corpos caindo baleados, soldados chorando, implorando por suas mães, seus lares, e o capitão tentando lidar com aquela situação enquanto solicitam seu auxílio.
O poder gráfico dessas cenas iniciais é traduzido no impecável trabalho de som que aposta nos sons diegéticos, os tiros, gritos e as súplicas dos combatentes.
Depois das tomadas iniciais, o ritmo do filme se acalma um pouco. Agora com a situação já controlada e a batalha terminada o capitão juntamente com seu grupo recebem uma missão, a de encontrar o soldado James Francis Ryan (Matt Damon), caçula de 4 irmãos onde 3 morreram em combate, e garantir seu retorno pra casa.
O capitão segue então, acompanhado de 7 homens para missão. Agora eles se veem em uma jornada defrontando com o inimigo e com alguns aliados em busca do soldado.
Assistimos os dramas daqueles homens, seus medos, suas dúvidas em relação a missão, afinal, para que arriscar a vida de oito homens para salvar um ?… A determinação do capitão é o que move o grupo, sua busca em concluir a missão e ao mesmo tempo proteger os soldados, mesmo nos momentos de desavenças ou perdas, é que garantem a união da equipe. Até enfim chegarmos ao confronto final com os nazistas, tão grandioso como no início.
O trabalho de fotografia de Janusz Kamiński, acizentado, triste, beirando o preto e branco é essencial para a imersão no filme, para transmitir a aflição da guerra. A cor que vemos, como por exemplo o amarelo da cena ao por do Sol, nos remete à esperança dos soldados de que tudo termine.
Steven Spielberg já havia feito com maestria a imersão na guerra com A Lista de Schindler (1993) lá vimos a tristeza e a brutalidade do holocausto. Já em O Resgate do Soldado Ryan (1998) o diretor apresenta outro trunfo ao retratar com tanta força a trajetória dos homens que morreram em nome de seus países e da paz.
Por Lucas Aaron