Obras biográficas são comumente de interesse do público uma vez que, a vida privada de grandes figuras da sociedade desperta e muito a nossa curiosidade.
O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, com certeza, é o tipo de personagem da vida real que merece ter sua história contada, e assim aconteceu em 2018 no documentário Sergio Vieira de Mello – O legado de um herói brasileiro, e mais recentemente no filme Sérgio produzido pela Netflix em 2020.
Na produção do serviço de streaming acompanhamos por uma abordagem mais “romantizada” a história e feitos do simpático e audacioso Sérgio. Com uma carreira de 34 anos como funcionário da ONU e defensor assíduo dos direitos humanos, o filme nos de a oportunidade de conhecer mais intimamente o diplomata carioca.
O enredo da trajetória de Sérgio já bem conhecido pelo diretor Greg Barker (que também dirigiu o documentário sobre o diplomata) não traz nada de inovador para o formato biográfico, mas acerta na maioria do tempo na condução da narrativa. Em Sérgio, a história é contada ao contrário, ou seja, inicialmente acompanhamos os momentos finais da vida do personagem no Iraque logo após um atentado terrorista contra a sede da ONU no local.
Utilizando a volta na linha do tempo o longa mescla os pontos altos da carreira de Sérgio e as questões mal resolvidas de sua vida privada, como por exemplo a relação distante com os filhos.
Infelizmente, o espectador pode ficar um pouco confuso devido á escolha de alternar épocas e acontecimentos, mas isso é facilmente esquecido, por que é durante os flashbacks, que conhecemos o romance de Sérgio e a economista argentina Carolina.
Tanto Wagner Moura na pele de Sérgio, quanto o restante do elenco desempenham um bom trabalho, entretanto é a química entre Moura e seu par Ana de armas o ponto alto da produção, que rende para o telespectador minutos de tela bastante convincentes e apaixonados.
Fora a relação do casal, outros recortes marcantes já esperados para a construção de um personagem “herói” são os momentos em que Sérgio deixa transparecer seus traços mais humanos e bondosos, em especial em sua passagem pelo Timor Leste. Seja fora ou dentro do cinema, ninguém pode negar a importância, ousadia e lamentável perda de Sérgio Vieira de Mello.
Embora, no filme a sua história tenha ganhado um ar um pouco genérico de Hollywood e as controvérsias e complexidades ligadas as suas missões tenham sido deixadas de lado, ainda assim temos um retrato bem próximo do real.
No geral, o longa-metragem é apenas bom, porém não deixa de ser uma excelente oportunidade de conhecer e homenagear uma das personalidades brasileiras mais relevantes no cenário internacional.
Por Gabriela Ruiz



