Na manhã desta quinta-feira (7), foi anunciado pela Academia Sueca, o laureado do prêmio Nobel de Literatura, que em 2021, a premiação tentou fugir dos tradicionais autores do eixo literário, e condecorou o autor tanzaniano, Abdulrazak Gurnah.
O professor de 72 anos, nasceu no Sultanato de Zanzibar, uma ilha situada no Oceano Índico, e aos 20 anos se refugiou para o Reino Unido, lá onde ele construiu a carreira acadêmica, além de “sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes”.
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The 2021 #NobelPrize in Literature is awarded to the novelist Abdulrazak Gurnah “for his uncompromising and compassionate penetration of the effects of colonialism and the fate of the refugee in the gulf between cultures and continents.” pic.twitter.com/zw2LBQSJ4j— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 7, 2021
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“Quando os imigrantes chegam, isso é uma via de mão dupla porque, certamente, eles têm algo a lhes dar. Ninguém chega de mãos vazias. A maioria deles são pessoas talentosas e cheias de desejo para criar coisas novas. Então é crucial pensar nisso. Vocês não podem pensar nos imigrantes como se eles fossem apenas famintos“, disse o autor em entrevista à Academia Sueca.
Gurnah escreveu sua primeira obra aos 21 anos, logo após ter chegado à Inglaterra, onde ele transcreve momentos e situações pertinentes que os refugiados vivem ao chegar em um outro país, trazendo um pouco de suas memórias e identidade elementares, que vão desde sua origem, cultura e até a língua.
O escritor é o primeiro laureado fora dos padrões anteriores da academia, que já contemplou 117 autores de diversas partes do mundo, e desses todos, apenas 16 mulheres foram premiadas, em especial Toni Morrison (1931-2019) a única autora negra contemplada, porém na última década os ganhadores na categoria foram europeus ou norte-americanos, uma desigualdade ferrenha que reflete arduamente nas escolha dos indicados, em que mais 70% ainda são europeus.
Essa mudança de paradigma, reverenciado Abdulrazak Gurnah, que já publicou dez romances e um série de contos, é uma prova de que o Nobel pretende dar mais ansa a diferentes raças, saindo do nicho convencional da literatura atual.
“Seus romances fogem de descrições estereotipadas e abrem nossos olhares para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo“, afirmou a instituição.
No entanto, ainda não há obras do autor lançadas no Brasil.