Em meados do século 17, o Brasil sofria uma forte influência pela recém-findada guerra de independência do Uruguai, que acabou fortalencendo o Rio Grande do Sul numa revolução eminente e expressiva contra o Império Brasileiro, originando-se na Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (1835 a 1845), baseado em um conflito político entre os liberais que eram contrários ao modelo constituicional de 1824, emergindo em um conflito entre radicais e conservadores.

Esse conflito gerou uma separação eminente da população, que por conta desta revolução exacerbada de lutas armadas e sangrentas, famílias tiveram que ser afastadas e viverem em pequenas colônias, resultando em distintas histórias comoventes e envolventes diante de uma guerra contra o Império pela liberdade e democracia, que só viria ser instituída no território brasileiro após a Proclamação da República, em 1889.

Baseado nesta trama, muitos romances foram lançados, mas o mais notórios, que acabou ganhando uma adaptação para televisão brasileira, foi o livro de Letícia Wierzchowski, autora gaúcha que escreveu A Casa das Sete Mulheres (2002), uma obra referente e aclamada da literatura brasileira, que ganhou piblicações em diversos países como Alemanha, Itália e Grécia, mas foi pela TV que ganhou o mundo, sendo exibido em mais de 40 países, e que agora, ganha uma adaptação distinta, através dos quadrinhos.

“Era um sonho meu adaptar A casa das sete mulheres para a linguagem dos quadrinhos”, revela Leticia Wierzchowski. “Aqui em casa, adoramos HQs, e eu gosto de roteirizar. Acho que a adaptação está linda demais, é como um filme em páginas. Está muito palatável, e acredito que vai encantar leitores de todas as idades. O desenho é uma arte que admiro muito, e estou muito feliz de unir narrativa e desenho neste projeto“.

A trama deve seguir o enredo original, tendo a os eventos tumultuados da Revolução Farroupilha como pano de fundo e trazendo sua relevância à história do Brasil, mas o destaque será dado a vida e rotina de sete mulheres – Antônia, Caetana, Rosário, Ana, Perpétua, Manuela e Mariana – ue enfrentam uma década de confinamento na Estância da Barra, pertencente à família de Bento Gonçalves da Silva. Além de Anita Garibaldi, que embora não seja personagem principal entre essas mulheres, tem um papel fundamental no livro e na história.

Uma obra que visa retratar com relevância as riquezas a região e intensidade que a guerra interveio na vida dessas mulheres destemidas e extraordinárias que mesmo vivendo por trás dos conflitos, foram necessárias para que a luta constituinte de um país livre do autoritarismo imperial fosse conquistado.

O quadrinho foi escrito pela própria Letícia, com traços impactantes da ilustradora Verônica Berta, que trouxe a mesma essência da obra original, mas com uma nova perspectiva para a história e os personagens, com diálogos marcantes, conflitos intensos e momentos de conexão humana são retratados com maestria, oferecendo aos leitores uma nova maneira de se envolver com a narrativa.

“Fui o mais fiel possível ao roteiro que a Leticia me enviou”, relata a ilustradora. “Precisei fazer pequenas mudanças para que tudo coubesse nas 120 páginas. Nos quadrinhos em geral dosamos a quantidade de texto porque boa parte da narrativa se faz visualmente, de forma mais rápida. Então também reduzi textos que iam para os balões e recordatórios, para que a leitura não ficasse cansativa. Em cada etapa do processo, fui mostrando para a Leticia e a editora aprovarem. Foi uma parceria tranquila. Ao todo foram dois anos de muito trabalho“.

A Casa das Sete Mulheres é um lançada da Maralto Edições que cativa não apenas pela atmosfera atribuída a narrativa, mas envolver o leitor com suas paisagens exuberantes, momentos de emoção e engajamento que prometem realizar uma homenagem concludente à duradoura importância da história e à sua capacidade de se reinventar em novas formas artísticas, em uma obra inspiradora e apaixonante, que aproxima gerações descobrindo o fascínio dessa história icônica.

O livro chega as livrarias a partir de setembro de 2023.

por Patrícia Visconti