A partir de 29 de fevereiro a 21 de abril acontece o musical em homenagem à célebre e icônica cantora brasileira Nara Leão. Interpretada pela atriz Zezé Polessa, famosa por tantos trabalhos na televisão e no teatro, conta com o veterano e consagrado Miguel Falabella na direção, roteiro e produção do espetáculo.
O musical reporta à obra e à vida de uma das mais renomadas e marcantes interpretes da música popular brasileira dos anos 60, 70 e 80, com canções representativas na sociedade como A banda e Tropicália, todas tinham um caráter social e de protesto contra o sistema que tinha como missão despertar um senso de reflexão e pensamento sobre as mazelas políticas do momento.
Nascida em Vitória, ES, começou com aulas de violão aos quatorze anos, dona de talento insigne e um carismo inigualável, Nara travou contatos com nomes sublimes da música como o cantor Carlos Lyra e o poeta Vinícius de Moraes, tendo sido alçada ao posto de musa da Bóssa Nova pelo cronista Sérgio Porto. Sob influências dessas figuras de imenso poder político e sensibilidade cultural, Nara se torna precursora da voz feminina como símbolo de protesto e combate à repressão e aos horrores da ditadura militar a partir da brilhante participação no espetáculo Opinião.
Nara Leão tinha um timbre doce e suave, cantando com poder de fogo e clareza de ideológica e de sua boca ecoavam gritos de liberdade e clamor por uma identidade autônoma que não ficasse sob o jugo de amarras e mandonismos institucionais.
A grande estreia da artista aconteceu na década de 1960, no musical Pobre Menina Rica, de autoria de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, de quem se tornaria fiel discípula. Sendo bem recebida pelo público e pela crítica especializada, não demora muito a gravar seu primeiro disco em fins de 1963 com lançamento para janeiro do próximo ano o que lhe rendeu convites para vários programas de televisão. Seu estilo musical sofreu uma transição de bossa nova para samba de morro, gênero pelo qual era apaixonada. Nesse período suas idéias e comportamentos que rompiam com os padrões pasteurizados da época eram desafiadores e inovadores pois contrariavam o padrão político.
Seu ritmo, estilo e jeito de fazer e mostrar a arte sem máscaras ou qualquer outro artifício e o mundo atravessando fronteiras e subvertendo a ordem ao defender e polemizar coragem e autenticidade, seus pontos de vista libertários e progressistas.
No entanto, sua transgressão e personalidade combativa estavam ameaçada pelo militarismo, fato este que a fez mudar-se para Portugal e outros países. O sucesso era tanto que causava-lhe tensão e desgaste mental. Cansada da distância da família retorna ao Brasil com o marido, o cineasta Cacá Diegues e com os dois filhos do casal, Isabel e Francisco. Em meio à rotina de cuidados pessoais também produz algumas obras, participa de alguns festivais, cursa faculdade de psicologia sem concluir e se divorcia.
Nara tinha uma ligação intrínseca com a música porque na sua visão a canção era o lema de vida através do qual lutava por um mundo mais livre, respeitoso e sincero. Até que em meio a tanto e badalação, numa fatídica e infeliz apresentação passou mal e ali já era o prenúncio do término de vida de uma das cantoras mais valorizadas e aclamadas da sua geração. A cada show seguiam episódios de dores, perdas de memória e desmaios, constatou-se um tumor maligno cerebral que a vitimou em 1989. O sepultamento ocorreu no Cemitério São João Batista, na cidade do Rio de Janeiro.
Uma artista considerada à frente do seu tempo, personalidade determinada e esclarecida que lutava contra repressão e preconceitos através de suas canções e pensamentos de uma mulher preocupada e compromissada com a ética, a liberdade e a cidadania, que agora ganha os palcos Teatro Firjan SESI Centro.
Serviço
NARA
Temporada: de 29 de fevereiro a 21 de abril
Horários:
quintas e sextas, 19h
sábados e domingos, 18h
Local: Teatro Firjan SESI Centro
Endereço: Rua Graça Aranha, 01 – Centro; RJ/ RJ
Ingressos:
plateia baixa – R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
plateia alta – ingressos populares – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Classificação etária: livre
Duração: 80 minutos
Por Siomara Impalari




