Dirigido por Chris Sanders que também assina como roteirista, “Robô Selvagem” é adaptado da obra de mesmo nome, escrita por Peter Brown. A produção tem assinatura da Dreamworks com distribuição da Universal Studio, no elenco de atores da dublagem tem nomes como Lupita Nyong ‘o, Pedro Pascal, Kit Connor e Bill Nighy.
A trama tem uma temática simples ao apresentar o Robô Roz, tentando se adaptar a uma realidade diferente da qual foi programada anteriormente. A história começa em um dia comum, na qual o avião de carga que transportava unidades de robôs inteligentes acaba caindo devido a uma forte tempestade, a carga tem 99% de perda total do material, apenas Roz consegue sair do acidente inteira.
Ao se deparar com a nova realidade, a Robô tenta conseguir algum comando que façam ela executar tarefas, no entanto, nada consegue se comunicar devido a barreira da comunicação, visto que, para receber ordens é preciso que os animais da ilha falem a mesma língua que ela, o’que claramente não existe naquele primeiro momento.
Dessa forma, a Robô decide entrar em modo de aprendizado por algum tempo, isso faz ela aprender a comunicar-se com os habitantes daquele lugar. Após isso, e entendendo um pouco do novo mundo, ela novamente tenta buscar algum animal que consiga lhe dar alguma ordem para executar uma tarefa. Mas novamente, não consegue. E essa busca o coloca diante de um dilema moral após um acidente com um ninho de ganso que mudará e despertará algo dentro da Robô.
De forma contemplativa, a narrativa vai entrando a fundo na linha existencial de uma vida programada, ao mostrar como seria monótono viver somente para seguir ordens, e como sair dessa linha segura pode trazer novos sentimentos e alegrias, mesmo quando as diretrizes originais dizem o contrário, ainda sim, apostar e viver é também aprender sobre coisas novas.
O filme tem uma fotografia linda e uma narrativa igualmente deslumbrante, ao tomar o tempo necessário para desenvolver os dilemas e solucionar a problemática da trama. As escolhas narrativas para trazer luz ao colocar em ênfase a questão da programação original e os novos possíveis sentimentos do Robô pela conjuntura atual, é sem dúvida a cereja do bolo.
O sumo da história é exatamente esse, cumprir uma ordem original de executar e finalizar uma tarefa, que ganha novos contornos quando ela se apega ao pequeno ganso. O dilema é ainda maior quando Roz recebe a tarefa, conclui a missão, mas não fica satisfeito, o que obviamente lhe coloca algumas dúvidas sobre a forma como tem recebido esses novos sentimentos.
O filme conversa em dois momentos bem oportunos e distintos, o segundo ato tem um dilema bem diferente mas igualmente importante e emocionante, o pequeno ganso, chamado de Bico Vivo, deixa a narrativa central enquanto faz sua primeira migração. Enquanto Roz continua na ilha tentando chamar um resgate para si, mas muda de ideia e decide ajudar os animais daquele lugar a sobreviver ao rigoroso inverno.
Esse segundo momento da história tem uma questão explícita ao colocar como centro a abordagem a confiança em meio a o medo, ao fazer os personagens terem o dilema de sobreviver juntos e deixar por aquele período seus instintos mais primitivos em prol da sobrevivência de todos.
No fim, Robô Selvagem é a grande e grata surpresa do mês, um lançamento sem muito alarde por parte da distribuidora e estúdio responsável, mas que vem ganhando cada vez mais espaço por conta da divulgação entre as pessoas, isso se deve a experiência extraordinária do público durante a sessão. Robô Selvagem continua em cartaz nos cinemas brasileiros.
por Daniel Guimarães





