No dia 21 de dezembro, estreou nos cinemas o tão aguardado Renaissance – a film by Beyoncé. O longa traz para as telas a turnê do mais recente álbum da Queen B, acompanhada de cenas dos bastidores e comentários da artista texana.
O filme, que bate recorde de maior estreia de filme-concerto no Brasil, com mais de 67 mil ingressos, mostra como funciona a mente da rainha, que está envolvida em todos os processos de seu trabalho, desde a produção musical, a estrutura de seus palcos, as câmeras usadas para captarem o show e os figurinos que usará – que inclusive marcaram a turnê como um acontecimento fashion pelos diversos looks de marcas de alta-costura.
Durante as cenas dos espetáculos, somos impactados com os vocais e as danças de outro nível, além de um balé maravilhoso e uma megaestrutura que oferece uma experiência quase imersiva aos espectadores. Já durante as cenas de bastidores, entendemos seu processo criativo e nos deparamos com as dificuldades enfrentadas pela artista ao longo de sua vida.
Algumas questões vividas pela diva pop vão desde ser uma mulher negra ocupando o topo da indústria, até problemas de saúde, como uma lesão nas cordas vocais quando criança e uma cirurgia no joelho que precisou fazer pouco tempo antes de ensaiar para esta turnê.
Ao longo do documentário, entendemos que toda a ideia por traz do disco e da turnê é homenagear o passado e olhar para o futuro (renascer), e assim Beyoncé o faz. Ela reflete sobre sua jornada, de onde veio, tudo o que passou para chegar aonde chegou, e como pode continuar tocando as pessoas com sua arte, sem esquecer suas raízes. Não só isso, mas também reconhece que não conquistou tudo sozinha, e o apoio das pessoas que passaram por sua vida foi essencial para sua carreira. O maior exemplo aqui talvez seja seu tio Johnny, que a apresentou o gênero house e os ballrooms – elementos que inspiram o Renaissance – e que faleceu devido às complicações do HIV.
Como o álbum Renaissance é uma homenagem às comunidades negra, LGBTQIAP+ e ballroom, seu concerto não poderia ser diferente. Nas palavras da performer, ela queria criar um ambiente seguro para quem fosse assistir ao espetáculo. Com um balé diverso repleto de pessoas que vieram dos bailes, Kevin JZ Prodigy na produção como MC, e até mesmo uma batalha de voguing, vemos colocadas sob os holofotes pessoas que costumavam viver à margem da sociedade, e isso é de uma importância inexplicável.
É inspirador ver o cuidado que Beyoncé tem não só consigo e com sua arte, mas com todos os envolvidos e, por mais que seja de conhecimento geral que ela é perfeccionista, vemos que dessa vez a cantora também se permitiu se divertir e até mesmo falhar, e isso é até mais impactante.
Apesar de ser uma das pessoas mais famosas do mundo, Beyoncé faz questão de ter um tempo para si e para seus pais, marido amigos e filhos, e vemos como ela faz de tudo para manter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Há muitas filmagens mais intimistas com seus entes, que enchem todos de fofura, principalmente quando seus gêmeos, Rumi e Sir, aparecem.
Falando em filhos, vale mencionar que sua filha mais velha, Blue Ivy, teve muitos momentos para brilhar, roubando a cena no cinema como roubou quando subiu ao palco. Assistimos Bey apoiar sua filha e ouvir suas opiniões, e até mesmo “perder uma discussão” ao deixar uma música na setlist: Blue queria que a mãe mantivesse Diva e ainda bem que ela foi ouvida!
No entanto, a cantora também explica para a filha, que ela precisaria praticar muito para se apresentar no que então seria uma ocasião única (mas se estendeu para vários shows), e vemos como ela quis protegê-la dos comentários maldosos que surgiram a partir disso, reconhecendo que Blue tem apenas 11 anos e não precisa passar por tudo o que a mãe passou. Além dessa participação mais que especial, há também as participações dos artistas ilustres: Megan Thee Stallion, Kendrick Lamar e a lendária Diana Ross, que subiu aos palcos para cantar parabéns para Beyoncé.
Ao final do longa, é impossível não sair da sala impactado e notar que o que presenciamos foi algo inspirador e, mais do que nunca, é inegável que não há nenhum artista vivo que chega aos pés de Beyoncé. A dúvida que fica é: o que ela fará a seguir?
por Matheus Araújo





