Algumas semanas atrás, e foi até domingo dia 29, aconteceu a 16ª edição da maior Festa Literária, no centro histórico de Paraty, a Flip 2018, aonde foram apresentados diversos lançamentos, reunindo 33 autores e autoras este ano no evento, com 17 mulheres e 16 homens. Entre esses convidados estavam poetas, romancistas, contistas, ensaístas, historiadores; também atrizes, cineasta, editores, compositores, fotógrafo, performers, slamer, sound designer.
Além da grande homenageada ser a grande romancista e poeta Hilda Hilst, uma grande artistas de uma geração sendo a pioneira de vanguarda à opera multimídia, que teve suas obras lidas por uma das maiores atrizes do país, Fernanda Montenegro, no primeiro dia da Flip.
Em uma performance sonora, foi o primeira mesa na quinta-feira, abrindo os trabalhos com a voz, a escuta e as divulgações literárias e existentes de Hilda Hilst, além da Fernanda Montenegro, outros artistas também fizeram sua performance com as outras de Hilst, em todos os dias da festa, levando muitas performance, atuação e interpretação das obras da artistas.
Na Flip 2018 também foram apresentados importantes nomes internacionais que ainda não tinham sido editados no país, pouco conhecidos, como a franco-marroquina Leila Slimani, do poeta suíço Fabio Pusterla, da romancista italiana de origem somali Igiaba Scego, do franco-congolês Alain Mabanckou e da argentina Selva Almada, apontada como um dos nomes promissores da literatura latino-americana.
Além dos veteranos Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira, que fizeram abertura na festa, outros veteranos receberam homenagens em mesas solo, como a grande mestra russa Liudmila Petruchevskaia, ou em mesas em dupla com estreantes, com diálogos que ultrapassam limites de geração: o mestre do conto Sérgio Sant’Anna e um leitor seu, o estreante Gustavo Pacheco; a portuguesa Maria Teresa Horta, um dos grandes nomes da literatura portuguesa no último meio século, e as poetas brasileiras Júlia de Carvalho Hansen e Laura Erber; o americano vencedor do Pulitzer Colson Whitehead e Geovani Martins, que também acaba de lançar o primeiro livro; Franklin Carvalho, já premiado romancista com seu livro de estreia, e a historiadora Thereza Maia, dedicada ao registro da história oral de
Paraty.
A programação teve temas candentes com o racismo, o feminismo, a violência contra a mulher, a discriminação por identidade sexual, a imigração e a herança do colonialismo, a atual cena política e social do Brasil e do exterior.
O escritor Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer com um romance histórico sobre escravizados que construíram sua rota de fuga, compartilhou o mesmo palco com Geovani Martins, estreante que, da favela do Vidigal, com um painel sobre o assunto de racismo. A escritora Leila Slimani, dividiu o palco com Ricardo Domeneck, Luiz Gama e Ligia Fonseca Ferreira, fizeram uma debate sobre a discriminação por cor, gênero e identidade sexual no sistema literário.
A editora Sesi prestou uma homenagem a editora baiana Corrupio, sob o comando de Arlete Soares e Rina Angulo, pioneiras na publicação da obra do etnofotógrafo francês radicado na Bahia Pierre Verger (1902-1996). Em uma iniciativa editorial realizada por editoras mulheres há quatro décadas na Bahia, que colocou em circulação obras seminais no estudo da cultura afro-brasileira, das trocas culturais entre Brasil e África, das religiões afro-brasileiras e do racismo.
A Flip 2018 foi realizada por meio da lei de incentivo à cultura do Ministério da Cultura do Governo Federal e com patrocínio oficial do Itaú, co-patrocínio do BNDES e da EDP e apoio da Três Corações, por meio da Lei de Incentivo da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A edição 2018 teve curadoria feita pela Joselia Aguiar, que fez a curadoria da edição de 2017 e também estava a frente este ano de 2018.
Uma consideração sobre “Flip 2018 – A Festa Literária das multiculturas expandindo a literatura além das fronteiras”