Recentemente foi divulgada uma pesquisa afirmando de que o brasileiro não está lendo com tanta frequência, quiçá estejam habituados à leitura, causando um desinteresse eminente e alegando falta de tempo em se envolver diante de um livro, assim concluiu a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, revelando uma queda significativa de leitores no país, aonde muitos até abandonaram o hábito, chegando a 53% de não leitores para 47% de leitores.
Essa é a primeira vez de que essa proporção é superior a de leitores, sendo uma estimativa de quase sete milhões a menos contabilizados nos últimos quatro anos, tornando o cenário preocupante, fazendo com que essa uma perda imensurável em todas as faixa etária, classes sociais e níveis de escolaridade, com uma pequena exceção entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos e maiores de 70, porém aos demais o situação é alarmante, pois acaba levando a uma cenário de semi-analfabetos e uma população sem senso crítico de pensamento e interpretação.
“Foi identificado um aumento de mais de 30% de 2015 para cá, no uso do tempo livre na internet. Por outro lado, uma queda na leitura de livros nesse momento de lazer. Já era baixa, 24%, e caiu para 20%. Mas um dado que preocupa é também, mais uma vez, na faixa etária de 5 a 10 anos, 43% das crianças estão usando esse tempo em videogames”, explica a coordenadora da pesquisa Zoara Failla.
Além disso, foi comentado nesta pesquisa de que muitas pessoas afirmam falta de tempo, porém há algo muito mais inerente no caso, já que isso pode ser apenas uma desculpa para não se aprofundar em um meio em que envolva pensar e refletir, fazendo com que as pessoas preferiam informações rápidas e diretas, como as redes sociais, demandando pouco esforço cognitivo, fazendo com que o cérebro se acostume com certas recompensas instantâneas, como por exemplo curtidas e notificações, criando uma sensação imediata de satisfação, e a leitura algo tenso e cansativo.
Mas, como diz a psicopedagoga Paula Furtado, isso não pode se tornar um hábito, e a população precisa voltar a treinar seu senso crítico, estimulando desafios para que o hábito cresça gradualmente, para “mostrar que a leitura não precisa ser algo cansativo ou demorado. Escolher temas que realmente interessem e criar uma rotina prazerosa podem transformar a forma como encaramos os livros no nosso dia a dia“, ela ainda completa afirmando que se “dedicar apenas 10 minutos por dia à leitura. Esse pequeno hábito pode crescer gradualmente e, com o tempo, substituir parte do tempo gasto nas redes sociais”. Assim também afirma a professora e fanzineira Thina Curtis sobre essa gestão de tempo à leitura, dizendo que “isso é questão de prioridade. Educar sobre a gestão do tempo e os benefícios da leitura pode ajudar a mudar essa mentalidade. Criar momentos específicos para a leitura, como antes de dormir ou durante o trajeto diário, pode ser uma solução“.
Todavia, há outros pontos que desistumula a leitura, como por exemplo o acesso escasso de livros, além dos preços exorbitantes e da pouca valorização de bibliotecas públicas nas cidades, fazendo com que as pessoas deixem os livros de lado, para ficarem conectados em seus celulares, tendo em uma casa mais aparelhos móveis do que livros, tornando ausente a cultura de leitura entre as famílias, comunidade e até nas escolas, gerando um atraso cultural causado pelo capitalismo tardio, como comenta a agente literária, Gabriela Colicigno, que completa afirmando que esse estilo de vida é apenas um reflexo de “jornadas de trabalho 6×1, cansaço, falta de dinheiro, falta de estímulo à leitura, etc. Fora que os livros competem com filmes, séries, redes sociais, tanta coisa. Deixando claro que a falta incentivo à leitura por parte de familiares, de conhecidos, até mesmo de professores. É difícil formar novos leitores sem ter leitores“.
O incentivo tem que vir do coletivo, e usar as ferramentas para benefício social, e não apenas monopolizar as informações e jogá-las de forma voraz e incessante, fazendo com que a população não possa absorver e refletir com intensidade e veracidade, criando aliados ao processo, usando das próprias redes sociais para obter isso, promovendo livros, autores e divulgando resenhas, de forma que todos se sintam conectados e envolvidos com os livros. Ainda, para incluir ainda mais leitores na literatura, deve-se facilitar, desenvolvendo clubes de leituras virtuais, desafios literários, promover resenhas rápidas e envolventes, para despertar o interesse aos livros, “importante facilitar o acesso aos livros, seja disponibilizando obras gratuitas ou a preços acessíveis, como em feiras de trocas ou por meio de bibliotecas itinerantes, comenta Paula, enquanto Thina completa afirmando que “transformar bibliotecas, gibitecas, fanzinotecas em espaços vivos, alegres e convidativos. Além de aplicativos e plataformas que incentivem à leitura, tornando-a uma atividade social, gameficada e interativa“. Assim, pode se tornar a leitura algo mais dinâmica, envolvente e transformadora diante a sociedade.
Por fim, esses meios não devem vir apenas da comunidade, mas também dos governos, em um investimento ferrenho na educação. “Melhorar a qualidade das escolas e formar professores que possam inspirar a paixão pela leitura. Os professores terem acesso a livros também, para que assim, todos tenham acesso aos livros e garanta ele sejam acessíveis a todos, especialmente em áreas rurais, vulneráveis e periferias”, afirma a fanzineira, que completa dizendo que “promover a leitura como um valor cultural, incentivando famílias a lerem juntas e comunidades a valorizarem os livros, eventos literários nas periferias, além de escritores e artistas locais, divulgando por fim a produção local de forma popular“.
No entanto, o que seria mais válido é de que a leitura não seja vista como algo cansativo e entediante, e tampouco obrigatória, como se via nas escolas ou na época dos vestibulares, mas sim, “o mais importante é que a leitura deixe de ser vista como uma obrigação escolar. Ela deve ser apresentada como algo prazeroso e enriquecedor, uma experiência que conecta o leitor a novos mundos, culturas e ideias“, efetua a ideia da psicopedagoa, que integra afirmando de que precisa o Brasil “de fato, para se tornar um país de leitores, é essencial investir em educação de qualidade desde a base e valorizar a leitura como um pilar cultural“.
A leitura tem que ser para todos sem distinção, priorizar a idade de alfabetização, mas dar estimule para que as pessoas continuem ao decorrer de suas vidas, tornando leitura algo crucial e prazeroso, proporcionando lazer e cultura, formando um hábito significativo para que estimule o pensamento crítico, a imaginação e o conhecimento contínuo.
“Ler, hoje em dia, é um ato de resistência em um mundo saturado de distrações. Cabe a cada um de nós reconhecermos nosso papel na construção de uma sociedade mais informada e reflexiva. O incentivo à leitura começa com pequenas ações: divulgar livros interessantes, criar diálogos sobre literatura e apoiar projetos que valorizem a educação como base para um futuro melhor“, conclui a psicopedagoga, Paula Furtado.
por Patrícia Visconti






Tenho pensado de fazer um clube de leitura aqui no prédio onde moro, ou algo do tipo.
Sobre a pesquisa, a gente colhe o que planta, né? Sem leitura, certas áreas do cérebro ficam prejudicadas, daí dá-lhe malucos querendo golpe de Estado porque sim, rezando pra pneu, etc,etc,etc…
Eu lembro que saiu no UOL, acho que em 2015, que a maioria esmagadora da população é analfabeta funcional. Eu creio que a raiz de toda nossa desgraça vem daí. Eu queria uma pesquisa dessa atualizada. Ele diziam na época que 8% da população era minimamente letrada, se a quantidade de leitores caiu de lá pra cá, esses 8% letrados devem ter chegado a 6%. Ou menos.
Triste Brasil!
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