O Papel de Parede Amarelo é uma obra que traz reflexões que ditas além de seu tempo, escrito pela autora estadunidense Charlotte Perkins Gilman, no ano de 1892, o conto mostra em primeira pessoa a narradora relatando difusas situações sobre sua vida, rotina e relacionamento, ainda mais após seu marido ter a confinado em um quarto para se recuperar de uma “depressão nervosa temporária – uma leve tendência histérica”, um caso comum entre as mulheres,segundo rumores de médicos e alguns maridos daquela época.
Um drama que traz em suas nuances o efeito propensa que um aprisionamento pode causar na mente humana, trazendo observações singulares e obssessivas estando radicada apenas naquele pequeno espaço, tal como a principal personagem, que visou uma compulsiva obstinação pela textura e cor do papel de parede do quarto, um tom amarelo que ela se remetia a distintas especificações as coisas amarelas que já tinha vista, mas não atributos favoráveis, e sim as piores e mais lastimadas situações ocorrentes em que a cor estivesse presente, um cheiro único e indicativo do qual aquela cor destinava. Um ambiente hóstil, mas ao mesmo tempo de refúgio, em que há segurança mesmo estando enclausurada.
O Papel de Parede Amarelo é uma obra sobre reflexões femininas, que foi publicada pela primeira vez em 1892 pela New England Magazine, e ditam ser a percursora da literatura feminista nos Estados Unidos, trazendo diferentes atitudes e ações sobre saúde mental e física da mulher, em uma simbologia sutil, mas precisa, em que o envolto do conto transmita a essência singular da qual Charlotte queria transpassar com temas densos e necessários, que até hoje são discutidos na sociedade.
Com isso, a atriz Gabriela Duarte ai levar toda esse âmago em um monólogo substancial, com direção de Alessandra Maestrini e Denise Stoklos, narrando com retratação a história dessa mulher que foi aprisionada por seu marido, mas que entre-linhas envolve o público em um espetáculo metafórico sobre posições e aprisionamento, relacionado as questões opressivas que permeiam em distintas colocações na sociedade atual, em sua narrativa perdurável e contemporânea.
“Todos sonhamos com o desligamento das questões opressivas que o texto traz de formas metafóricas, mas que nós conhecemos em diferentes níveis na sociedade atual. É um espetáculo muito contemporâneo”, explicam as diretoras sobre o manifesto que é este espetáculo.
Uma produção significativa e permanente, da qual Gabriela já vinha almejando de interpretar um monólogo nos tablados, e quando foi apresentada ao conto, ela se apaixonou, descrevendo como “extremamente simples, objetivo, lúdico e político”, trazendo nele singularidades que se encontram onde ela gostaria de tocar com o público; “Eu acho que quando uma mulher fala de si, ela acaba falando de todas. E é aí que o tema se amplia”, comenta a atriz. Uma conversa entre mulheres, ampliando as oportunidades e convidando os homens a entrarem junto nesta reflexão, sobre uma montagem política “na medida certa“, conta Gabriela que ainda completa dizendo “com toques de ternura e poesia“.
O espetáculo estreia no dia 28 de março, no Teatro Estúdio, nos Campos Elíseos, explorando o conto e mergulhando nos instantes mais cabíveis para envolver à todos nesse debate referente e oportuno escrito no século 19, mas que em pleno século 21 continua tão presente nas situações mais icônicas sobre a posição da mulher na sociedade.
por Patrícia Visconti




